Consultoria avalia valores de SAFs dos clubes brasileiros; veja a análise sobre o Fluminense




Foto: Fluminense F.C.



O futebol brasileiro vive o seu primeiro ciclo do mercado de vendas de clubes por meio das SAF (Sociedade Anônima de Futebol) no período de um ano. Por isso, ainda são traçados parâmetros para estabelecer os valores a serem pagos por cada time. Um trabalho feito pela consultoria “Convocados” para o Bahia, visando a negociação com o City, dá um primeiro parâmetro técnico para esse tipo de avaliação.

Até agora foram fechados negócios para vendas das SAFs do Botafogo, do Vasco e do Cruzeiro. Os valores giraram entre R$ 50 milhões a R$ 700 milhões de investimentos garantidos, mas os perfis financeiro e de torcida são diferentes.

O trabalho da consultoria “Convocados” estabeleceu uma avaliação feita por receita dos clubes. Um quadro foi montado com quatro faixas de clubes por receitas: começa em R$ 100 milhões e chega ao máximo R$ 418 milhões. Em cada faixa, o valor das receitas é multiplicado por três fatores e é estabelecido montantes mínimos e máximos de avaliação. Clubes no topo levam vantagem porque são mais competitivos e têm menos risco de rebaixamento.

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“Precisamos ressaltar o conceito econômico do futebol, que é uma atividade cuja valorização se dá pelas conquistas. Ainda que seja possível bons desempenhos e conquistas pela eficiência do recurso financeiro disponível, ter mais dinheiro é o primeiro caminho para bons desempenhos”, diz o trabalho da consultoria.

Um dos autores do estudo, o economista César Grafietti explica que times com receitas superior ao patamar máximo – como Palmeiras, Corinthians e Flamengo – não se enquadram nesse modelo de avaliação. São clubes cujos valores são incalculáveis e deveriam pelo menos ultrapassar em quatro vezes o valor de suas receitas, de acordo com a avaliação do economista. A raridade da oportunidade de comprar um clube assim aumenta ainda mais seu valor, como ocorreu com o Chelsea, que foi vendido por mais do que o dobro do seu preço referência.

A conta para todos os outros poderia levar em conta três tipos de parâmetros usados no mundo corporativo, por geração de caixa com desconto, receita ou por ativos. O trabalho mostra que foi adotado a métrica por receita anual como a melhor para o Brasil por ser a mais estável e adaptada à indústria.

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Por essa conta, o Bahia valeria entre R$ 315 milhões e R$ 520 milhões. Em cima deste valor, teria de ser descontada a dívida líquida, que era de R$ 185 milhões pelos números do clube – no negócio final, o valor era maior, R$ 265 milhões.

O valor final foi maior e chegou a R$ 800 milhões: R$ 500 milhões de investimento para contratações e R$ 300 milhões para dívidas. Há ainda uma possibilidade de outros R$ 200 milhões para infraestrutura. É normal que o negócio saia maior do que a avaliação dos clubes.

“O processo de valuation de um clube de futebol é muito complexo. Por se tratar se uma indústria que não produz bem materiais e opera no limite do equilíbrio, o valor está muito associado à competitividade, e consequentemente às receitas. Mas trata-se de um parâmetro inicial, que pode ser aumentado ou reduzido de acordo com a estrutura e a mesmo a história. Ter um estádio novo, um CT que é o estado-da-arte, contar com uma história vencedora – quanto vale ter Pelé e Maradona comemorando títulos? – trabalha para atrair ou afastar interessados e mexe nos valores do negócio”, explicou Grafietti.

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Pelos critérios adotados, blog calculou o valor de parâmetro de venda uma SAF para alguns dos principais times brasileiros. É preciso ressaltar nenhum deles têm ainda um processo consolidado de venda para SAF. A maioria só fez estudos sobre o tema, sendo o Galo e o Athletico os que, de fato, já sondam ou conversaram com possíveis investidores.

O Atlético-MG poderia ter sua SAF vendida por um valor entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,9 bilhão, consideradas 100% das ações. Só que, deste montante, teria de ser descontada a dívida, que fechou o ano de 2021 em R$ 1,3 bilhão. Ou seja, a sobra de investimento não seria tão grande. O Galo já tem um projeto de SAF e um processo de procura de investidores.

O Internacional vai fazer um seminário sobre SAF e reestruturação do clube, mas não tem projeto em curso de venda nem discussão sobre o tema. Pelos parâmetros, o Inter poderia ter avaliação entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,563 bilhão. Mas o desconto seria bem menor, já que a dívida é de R$ 663 milhões. Assim, o clube poderia levantar um valor próximo de R$ 1 bilhão de investimento.

O São Paulo também encomendou estudo sobre o modelo de SAF e reestruturação, mas não tomou nenhuma decisão sobre os próximos passos. Por enquanto, são só trabalhos para entender o cenário. Pelos parâmetros da consultoria “Convocados”, sua avaliação poderia girar entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,7 bilhão. A dívida líquida é de R$ 642 milhões.

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É preciso considerar que o São Paulo está bem abaixo do seu potencial de receita por ter a terceira torcida do país. Teoricamente, isso poderia alavancar o montante de venda para além de clubes como o Galo – afinal, o Tricolor é um time do maior centro financeiro do país.

Outros dois clubes que têm discussões sobre SAF são o Fluminense e o Athletico-PR, embora nenhum dos dois tenha avançado. O clube tricolor, por enquanto, só tem um estudo contratado junto ao BTG para avaliar o caso. A equipe paranaense procura de fato um investidor, segundo seu homem-forte Mario Celso Petraglia.

Pelos parâmetros da consultoria “Convocados”, não se enquadrariam no topo da elite nacional. O Athletico ficaria em uma zona intermediária entre o primeiro e o segundo grupo. Já o Fluminense estaria no segundo grupo.

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Assim, a avaliação do time tricolor seria entre R$ 625 milhões e R$ 755 milhões. Afinal, quando se desce a cadeia em receita, o valor obtido é por uma multiplicação da receita menor. A dívida do clube é de R$ 649 milhões. Obviamente, o Fluminense poderia negociar valores maiores pelo seu potencial de receita, visto que tem uma torcida maior do que outros da lista e está no Rio de Janeiro, segunda maior cidade do Brasil.

No caso do Athletico, sua avaliação fica entre R$ 890 milhões e R$ 1,172 bilhão. Por que valeria mais do que o Fluminense? A receita do time paranaense foi maior nos últimos três anos. Na média, ganhou R$ 60 milhões anualmente neste período.

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Por Explosão Tricolor / Fonte: Rodrigo Mattos (UOL Esporte)

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