De forma heroica, Fluminense conquista título carioca de 95! E com gol de barriga…




Foto: Anibal Philot / O Globo



Foi histórico. Ou melhor, foi épico. Lá por 2020, o lado o vitorioso contará essa história para os mais novos. E com a mesma emoção que sentiu no início da noite deste 25 de junho de 1995. Já o outro lado ficará com essa ferida aberta pela eternidade.

Felizmente, os deuses do futebol vestiram verde, branco e grená. Talvez tenham ficado irritados com a torcida rubro-negra soltando fogos em direção aos profissionais de imprensa que estavam no campo e tiveram que sair correndo para não serem atingidos. Pois é, teve isso antes dos times entrarem em campo.

Se no lado preto e vermelho teve a atrocidade mencionada no parágrafo anterior, o lado tricolor deu um show cinematográfico. Muitas bandeiras, talco e uma enorme fumaça verde sinalizando a esperança da massa verde, branca e grená, que não comemorava um título desde 1985. Definitivamente, a tarde deste domingo transformou as relações costuradas com o cimentão da arquibancada de muitos torcedores.

Dentro de campo, um Fluminense gigantesco em todos os sentidos. O time foi corajoso e brigador. Isso contagiou a arquibancada, que não parava de cantar e jogar junto. Já o Flamengo parecia assustado no campo e na arquibancada.

O temporal só aumentava, mas o Fluminense seguia amassando o Flamengo até abrir o marcador com o Renato Gaúcho, que, mesmo caído, conseguiu balançar a rede rubro-negra com o pé esquerdo para delírio da massa pó de arroz. No embalo do canto forte de “A benção João de Deus“, o Tricolor ampliou o marcador, com Leonardo. Foi o gol da fé verde, branca e grená. E ainda há quem subestime esse ato de fé da nossa arquibancada…

No intervalo, muitos já estavam falando sobre a comemoração do título. E os deuses do futebol não devem ter gostado nada disso. Talvez isso explique o drama dos quarenta e cinco minutos finais.

Após o intervalo, o Flamengo voltou com mudanças e foi enfurecido para cima do Fluminense. A cobrança de falta do Branco, que explodiu no travessão do goleiro Wellerson, despertou até a sonolenta torcida rubro-negra.

O Tricolor resistia firme e ameaçava nos contra-ataques, porém, Charles Guerreiro chutou de longe, a bola explodiu em Márcio Costa e se ofereceu a Romário, na área, pela esquerda. Rápido, o baixinho não deu tempo para reação e bateu de canhota, rasteiro, no fundo da rede de Wellerson. Na rede tricolor, Sorlei e Marquinhos acabaram expulsos após empurra-empurra.

Fla-Flu incendiado, mas com o Flamengo melhor em campo. Porém, o Fluminense brigava contra todos os seus limites. Renato Gaúcho parecia o Ben-Hur. Voltava até a intermediária defensiva, desarmava e não tinha vergonha nenhuma em dar bico pra frente. Além disso, dava força aos companheiros, mas também cobrava. O grande líder tricolor sabia que seria na base da superação. 

Apesar da comovente entrega do time comandado pelo técnico Joel Santana, o Flamengo empatou. Em um corte seco em três marcadores, Fabinho deu um belo chute no canto direito de Wellerson. 2 a 2 no placar e festa rubro-negra no Maraca, que quase veio abaixo, pois o empate daria o título ao clube da Gávea no ano do seu centenário.

O clássico seguiu em ritmo eletrizante, mas o Fluminense sofreu mais um duro golpe: Lira foi expulso após violentíssima entrada no Fabinho. Fim do sonho tricolor? não. Na arquibancada, a torcida voltou a cantar “A benção João de Deus”, porém, alguns rezavam sentados ou ajoelhados no cimento da arquibancada. Enquanto isso, os rubro-negros já ensaiavam o grito de “é campeão”. Na geral, uma enorme bandeira preta e vermelha começou a dar uma espécie de volta olímpica. Como os deuses do futebol não premiam a arrogância…

Aos 41′, o lance que mudou a história do campeonato e que será contado e exaltado pela eternidade. Aílton disparou pela direita após receber passe de Ronald. Charles Guerreiro seguiu em seu encalço. Já o Renato Gaúcho acompanhou a jogada atentamente parecendo até que já sabia como terminaria. Aílton deu um corte para a esquerda e Charles saltou. Um corte para a direita e Charles ficou. E depois… um chute cruzado passou por toda a área e encontrou a barriga de Renato Portaluppi, que desviou para a rede rubro-negra. Explosão de emoção e lágrimas na arquibancada do Maraca! 

Após o gol de barriga, o Fluminense se segurou de todas as formas possíveis. Já no finalzinho, o zagueiro Lima teve que apelar para uma violentíssima entrada no atacante Sávio. Esse lance foi fundamental para o Tricolor garantir a vitória, pois o jogador rubro-negro entraria livre na área do Fluminense. Logo depois, o apito final e o fim de um jejum de nove anos. A emoção tomou conta de todos os tricolores espalhados pelos quatro cantos do planeta.

“O que aconteceu no dia de 25 de junho no Maracanã foi muito mais além do que um jogo de futebol. Na verdade foi o surgimento de uma grande lenda que ecoará pela eternidade e servirá de inspiração para as futuras gerações. Nós somos a história!” – disse o o torcedor Vinicius Toledo, de apenas 17 anos de idade, que estava emocionado na saída do Maracanã. 

FICHA TÉCNICA

FLUMINENSE 3X2 FLAMENGO

Local: Maracanã

Data: 25 de junho de 1995

Horário: 16h

Árbitro: Léo Feldman

Público e renda: 109.204 pagantes / 120.418 presentes / R$ 1.621.850,00

Cartões amarelos: Charles, Marcos Adriano, Branco e Jorge Luís (FLA), Renato Gaúcho, Márcio Costa e Rogerinho (FLU)

Cartões vermelhos: Marquinhos (FLA) e Sorlei (FLU), aos 27 minutos, Lira (FLU), aos 34 minutos e Lima (FLU), aos 45 minutos do segundo tempo

Gols: Renato Gaúcho (FLU), aos 30 minutos e Leonardo (FLU), aos 42 minutos do primeiro tempo; Romário (FLA), aos 26 minutos, Fabinho (FLA), aos 32 minutos e Renato Gaúcho (FLU), aos 41 minutos do segundo tempo

FLUMINENSE: Welerson; Ronald, Lima, Solrie e Lira; Márcio Costa, Djair, Aílton e Rogerinho (Ézio, 33’/2T); Renato Gaúcho e Leonardo (Cadu, 30’/2T)

Técnico: Joel Santana

FLAMENGO: Roger; Marcos Adriano (Rodrigo Mendes / Intervalo), Gelson, Jorge Luís e Branco; Charles Guerreiro, Fabinho, Marquinhos e William (Mazinho / Intervalo); Sávio e Romário

Técnico: Vanderlei Luxemburgo

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Por Explosão Tricolor

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