Derrota para o Manchester City, críticas sobre estratégia, recado para a torcida do Fluminense e muito mais: leia a entrevista coletiva de Fernando Diniz






Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva no Estádio King Abdullah

O técnico Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva após a derrota do Fluminense por 4 a 0 para o Manchester City, nesta sexta-feira, no King Abdullah, na Arábia Saudita, pela final do Mundial de Clubes da FIFA. Confira abaixo todas as respostas do treinador tricolor:

Derrota para o Manchester City

“Isso de envolver o Manchester City: qual time no mundo que conseguiu envolver o Manchester City durante 15, 20 minutos? Qual time envolveu mesmo? A gente envolveu. O time foi Fluminense do começo ao final do ano. A gente pegou o melhor time do mundo nos últimos cinco anos, com muita capacidade de definir. Tomamos gol muito cedo. Tomamos o segundo gol com todo mundo atrás, não podia tomar. O time tentou jogar, jogou sob pressão alta o tempo todo e conseguiu sair na maioria das vezes. O time está de parabéns, perdeu para um grande time e agora é pensar na próxima temporada.

A gente não tem oportunidades de jogar sempre contra times dessa qualidade. Quanto mais você vai jogando, mais tem chances de aprender e se aperfeiçoar, mas a gente vai continuar se aperfeiçoando mesmo jogando poucas vezes com times dessa qualidade.”

Gols sofridos

“Se falar que falha defensiva é o time todo, pode ser. Contra o Al-Ahly também aconteceu, os jogadores de trás acabaram nos salvando em alguns momentos. A gente sabia que não podia dar brecha nenhuma no sistema defensivo porque eles aproveitam muito bem. Na maior parte do tempo, a gente conseguiu encaixar bem a marcação e quando falha uma ou duas vezes, eles acabam aproveitando e eles são muito precisos.

Se olhar para o primeiro gol, num arremesso lateral, que foi uma infelicidade de uma bola atravessada, o cara chutou, deu rebote. O segundo gol foi um mole em que estávamos todos recuados. Fizemos um movimento desorganizado e tomamos o gol.”

Decisão de trocar forças com o Manchester City

“Imaginar que o resultado tem a ver com a nossa maneira de jogar é absolutamente equivocado. Tem muito mais a ver é que conseguimos domínio contra o maior time do mundo por conta do nosso estilo de jogar. Pode ter certeza que alguém viu alguns bons jogadores nossos por causa disso. Porque quando você vem e fica com a bunda lá atrás por 100 minutos você não vê ninguém, você vê um time só marcando. Hoje em alguns momentos os caras notaram no André, no Martinelli, no John Kennedy. Alexsander também entrou bem.

O Fluminense foi Fluminense do começo ao final do ano. Isso me traz muita satisfação. Obviamente que o resultado é muito amargo, ruim para caramba, mas a maneira que o Fluminense se portou é o Fluminense que a gente gosta de ver, com coragem para fazer as coisas e não se submetendo a ninguém.”

Críticas sobre estratégia 

“Já falei um pouco. Não tem absolutamente nada a ver jogar o tempo todo atrás contra o Manchester City. O Urawa jogou o tempo todo atrás, tomou de 3 a 0 e não assustou em nenhum momento. O goleiro provavelmente foi o melhor em campo. Isso aí que ia fazer a gente jogar melhor contra o Manchester City?

Eles quando jogam e se impõem, eles se plantam no campo de defesa, e você acaba não saindo mais. A estratégia foi adequada. Se tivesse talvez uma temporada com mais tempo para treinar para um jogo como esses… O que mais atrapalhou foi levar o gol cedo e o segundo gol quando a gente era melhor no jogo.”

Gol no começo e substituições

 Quando estivemos organizados no começo do jogo. O primeiro gol deu um baque, mas nem tanto. Depois a gente toma o segundo com todo mundo lá atrás, acho que sentimos um pouquinho mais esse gol. Voltamos para o segundo tempo e já tínhamos um plano de trocar jogadores. Você ganha em energia, mas perde um pouco de organização para esse jogo. Tínhamos só dois dias para treinar antes do jogo com o City. Então aqueles jogadores que começaram tinham um plano muito caro, então tivemos muito ajuste de marcação, a gente soube subir a marcação, a gente conseguiu envolver na saída de bola. Faltou um pouco na parte tática ter um pouco mais profundidade em algumas ocasiões, principalmente na primeira etapa. E a gente ganhou isso com a entrada do John Kennedy.”

Saída de bola arriscada?

“E essa tomada de riscos que temos ali atrás era o jogo que mais nos favorecia. O time dos caras é muito forte, com cinco gigantes atrás, muito fortes, muito grandes e muito rápidos. A gente tinha que fazer as coisas de uma maneira muito coletiva o tempo todo. Aquela é uma maneira muito coletiva de se jogar e muito treinada. Tão treinada é que a gente pegou uma pressão extremamente agressiva e conseguiu sair na maior parte das vezes. No jogo todo, aliás, a saída de bola não foi um problema.”

Aplausos dos torcedores no King Abdullah

“Acho que é o reconhecimento do time. Coisa que não faltou foi coragem, a gente não se acovardou em nenhum momento. Tentamos fazer o nosso melhor.”

Conversa com Guardiola após o fim do jogo

“Conversei amenidades com o Guardiola. Falei de futebol, de jogador, um pouquinho de Seleção, mas coisa muito rápida.”

Disparidade financeira entre clubes europeus e sul-americanos

“Não é que falte só dinheiro. Aí é simplificar demais. Porque você acha que o André provavelmente vai ser vendido? Por conta do dinheiro. Porque o Guardiola trabalha lá? Muito por conta porque é bem remunerado. Ele não vai sair do Manchester e vir para o Fluminense para receber o que eu recebo. Então você vai acumulando um monte de coisas que o dinheiro te favorece. Não é só o dinheiro. O dinheiro tem muito a ver com isso. Junto com o dinheiro você consegue melhor entretenimento, os melhores campos, traz os melhores jogadores, tem a melhor estrutura, os melhores aparelhos… Você vai colocando tudo o que há de melhor.

A diferença é essa: não é só o dinheiro, mas é muito por conta do dinheiro. Essa questão do fluxo de caixa que os times têm cria uma disparidade muito grande. Fora que lá é um centro, não só na Premier League. Eles levam jogadores cada vez mais cedo para lá.

Queria ter Felipe Melo, Marcelo, Ganso e Fábio 10 anos mais novos e jogar contra (o City). É diferente, não é igual. Monta o cenário para o jogo: para o Fluminense, a Libertadores é uma obsessão. A gente ganhou uma Libertadores e há um relaxamento natural dentro de uma história de 121 anos.”

Preparação para o Mundial

“Nos preparamos o ano inteiro para a Libertadores, não nos preparamos o ano inteiro para o Mundial. Fomos nos preparar de fato para o Mundial quando chegou aqui na Arábia. Acho que a fizemos um jogo digno. Levamos um gol aos 50 segundos… Não era o objetivo claro da temporada chegar aqui e disputar a final do Mundial. Só conseguimos passar pela semi porque trabalhou muito.”

Enfrentar mais clubes europeus

“Em determinados momentos a gente conseguiu ser muito Fluminense contra o maior time do mundo. Isso que fica. Se eu pudesse jogar mais vezes contra o City, Liverpool e o Inter de Milão, tenho certeza que a gente melhoraria muito mais rápido. Joga contra, vai para o vídeo e encoraja. Vamos melhorando.”

Balanço da temporada

“Acho que a gente olhando pro ano do Fluminense, talvez tenha sido o ano mais vitorioso da história do clube. A gente ganhou o bicampeonato Carioca, mas não foi um campeonato Carioca qualquer. A gente conseguiu fazer um resultado histórico diante de um grande rival, num domingo de Páscoa, que, quem estava lá, nenhum torcedor tricolor vai esquecer.

Depois, no dia 4 de novembro, a tão sonhada Libertadores. Foi muito difícil a gente ser o melhor Fluminense aqui no Mundial, diante do final da temporada, embora a gente conseguiu trazer todo mundo com saúde. Mas foi muito difícil depois da Libertadores a gente reunir forças, se concentrar e se conectar com o campeonato do Mundo. O torcedor do Fluminense não falava nada em “vamo ser campeão do mundo”. A Libertadores é quase que o final de ano para todo mundo e isso foi uma coisa que pesou contra o Mundial. A gente só conseguiu passar da semi porque a gente conseguiu se conectar muito e treinar bastante.”

Recado para a torcida do Fluminense 

“Para nós, o que fica é que a gente tem possibilidade de ser grande, para mim é muito claro isso. O time teve momentos em que esteve de parabéns. O resultado, eu acho que ele foi até amargo demais pelo o que a gente fez no jogo. A gente lamenta muito o resultado, mas eu acho que o Fluminense te ofereceu momentos muito bons que eu acho que para todo mundo conhecer o jeito de jogar, a coragem dos jogadores, conhecer o meu trabalho de fornecer ferramentas para que os jogadores consigam se mostrar. eu acho que par alguns deles, mesmo com a derrota, eles acabaram se mostrando.

Para o torcedor do Fluminense, pelas mensagens que eu recebi, pelo carinho do torcedor que esteve aqui, eu acho que eles também souberam reconhecer o time, que teve a nossa cara do começo ao final do ano. Eu agradeço a todo torcedor tricolor e a vocês da imprensa também pela convivência respeitosa que a gente teve durante todo o ano. Feliz Natal para todos, um grande ano e no ano que vem a gente se reencontra. Abraço!”

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Por Explosão Tricolor

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