DESIGUALDADE! – Peter Siemsen está seriamente preocupado com a “espanholização”




Peter Siemsen está preocupado (Foto: Divulgação)
Peter Siemsen está preocupado (Foto: Divulgação)

Presidente do Fluminense, Peter Siemsen se mostrou preocupado com os novos contratos de transmissão para o triênio 2016-2017-2018, que criará uma diferença ainda maior entre alguns clubes. Diferentemente de Flamengo e Corinthians, que receberão cerca de R$ 170 milhões no “grupo A”, o Tricolor estará junto de Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Inter, e levará R$ 60 milhões ao ano. Antes, no segundo bloco, o São Paulo ganhará R$ 110 milhões, seguido de Palmeiras e Vasco, que terão R$ 100 milhões e o Santos, que receberá R$ 80 milhões. Os demais (Coritiba, Goiás, Sport, Vitória, Bahia e Atlético/PR) terão R$ 35 milhões.

Desde o fim do Clube dos 13, a discussão de contratos de transmissão passou a ser individual, o que já dividiu os clubes em diferentes níveis. No novo contrato, os valores aumentarão, assim como as diferenças. Questionado sobre o risco de o Brasileiro passar por uma “espanholização” – em alusão ao abismo que foi criado entre Real Madrid e Barcelona diante dos demais clubes que disputam o Espanhol –, Peter Siemsen mostrou bastante preocupação. No país europeu, o governo intercedeu para que uma divisão mais igualitária seja feita, obrigando a venda coletiva.

– É um tema preponderante e fundamental. Se olharmos os exemplos, na própria Espanha isso não aconteceu no primeiro dia, mas sim através dos anos. Em valor absoluto, no quinto, sexto, sétimo, oitavo, décimo ano a distância já está tão grande que nem voltando na cota inicial se consegue retornar. Quando você vê o Valencia contratando, é porque alguém comprou a empresa futebol deles. Como foi com o Manchester City. Para retornar ao passado teria de fazer uma loucura, que é dar cota menor a Barcelona e Real, e isso não vai acontecer. Esse processo depois que se consolida não tem retorno, a não ser que um sheik árabe compre (um clube) – disse Peter Siemsen.

Para Peter Siemsen, o Brasil deveria seguir outros exemplos que dão certo na Europa, como os do Campeonato Inglês e do Campeonato Alemão, que têm venda coletiva. Na opinião dele, a riqueza dos clubes deveria ser fruto de bom trabalho em marketing e sócios-torcedores.

– De 2016 a 2018, a diferença em valor absoluto vai ser brutal. É bastante grave em consolidação futura, um ponto que deveria ser revisto, temos na Inglaterra e Alemanha bons exemplos de competitividade, e mesmo assim as grandes marcas tem muito mais dinheiro de fato do que clubes que tem cota grande e não tem desempenho de disputar o primeiro lugar. Quem faz diferença com cotas equilibrada é a ativação de torcedor. O Bayern de Munique em relação a outros clubes vence na capacidade de gestão e de produzir times espetaculares para ativar torcedores. O Campeonato Brasileiro é um produto único. Quando é tratado individualizado, corre risco de ter uma diferença social enorme em alguns anos – apontou Peter Siemsen.

No contrato que se encerra em dezembro, Corinthians e Flamengo recebiam R$ 110 milhões, o São Paulo ganhava R$ 80 milhões, Palmeiras e Vasco tinham R$ 70 milhões, o Santos recebia R$ 60 milhões e o bloco de Flu, Cruzeiro, Galo, Inter, Grêmio e Botafogo tinha R$ 45 milhões. Os demais clubes tinham R$ 27 milhões.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Sportv / Foto: Fluminense F.C.