
Dura realidade tricolor
Despedida de Jhon Arias escancara a realidade do Fluminense (por Lindinor Larangeira)
Sabe aquelas noites em que nada dá certo? Pois é… Assim foi o retorno do Fluminense ao Maracanã, na despedida de Jhon Arias. De positivo, apenas mais um show da torcida tricolor na arquibancada, ovacionando o ídolo que vai embora, em mais uma tenebrosa transação da atual diretoria. Por essas e por outras, que no final da partida, o presidente foi saudado com aquele velho coro: “Ei, Mário. Vai tomar caju”.
Mais uma negociação sem a menor transparência
Antes de falar do jogo, não há como deixar de abordar alguns aspectos da negociação, agora concretizada. Novamente, a imprensa estrangeira furou o jornalismo esportivo brasileiro. Seria somente incompetência? Sobre a péssima mídia nacional, que não apenas a esportiva, mas, no geral, se trata de uma tragédia. Ao invés de esclarecer os fatos, se limitou a reforçar a versão de que “o jogador queria sair”. Além disso, sempre que surgem más notícias nas Laranjeiras, o notório colunista Lauro Jardim divulga que “a SAF está cada vez mais próxima”.
O que a torcida quer mesmo saber é se, no caso específico de Arias, a informação de que a multa rescisória era mesmo de ridículos 15 milhões de euros, à vista, procede ou não. Se for verdadeira, a atual gestão atuou, não em defesa dos interesses da instituição, mas quase como agente do atleta. A culpa é do jogador? Negativo. A responsabilidade por um ato, supostamente lesivo aos interesses do Fluminense, no caso da procedência da informação, é da diretoria e de um conselho omisso e conivente.
Vitória justa do Cruzeiro
Primeiro tempo pavoroso. Time mal postado em campo. Apático. E concedendo muitos espaços ao adversário. Em apenas dois minutos e meio, duas saídas de bola erradas proporcionaram ataques perigosos à Raposa, que construiu a confortável vantagem de dois gols em falhas coletivas e individuais do Fluminense.
Na segunda etapa, Renato foi para um 4-2-4 e o jogo virou quase um ataque contra defesa, com o time mineiro picotando o jogo, com o auxílio do péssimo e tendencioso árbitro Rafael Klein. Embora o tricolor tivesse muito volume de jogo e parado três vezes na trave, o Cruzeiro soube controlar a partida. A única observação, é que mais uma vez, o Fluminense teve um pênalti claro não assinalado, o que, desgraçadamente, já virou rotina.
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Treinador e jogadores em noite para esquecer
Na coletiva, Renato afirmou que pediu foco total aos seus comandados. Não foi isso que se viu, tal a apatia do time, principalmente, na etapa inicial. O treinador voltou a optar pelo esquema 4-3-3, ou como preferem alguns, 4-2-3-1. A questão objetiva é que em um esquema com três atacantes e três volantes, o time tem que ter um 5 que proteja a zaga e um 9 que prenda a bola na frente. Jogadores que o elenco hoje não tem.
O único primeiro-volante à disposição é Facundo Bernal, que fez uma Copa do Mundo de Clubes muito boa. Em minha opinião, a não escalação desse jogador na partida de ontem foi um equívoco do treinador, embora o maior erro continue a ser a insistência nesse estéril 4-3-3. Ainda mais com Cano e Soteldo em mau momento.
Sobre o argentino, como torcedor, é extremamente constrangedor ver um ídolo da história do clube se arrastando em campo. Já o baixinho venezuelano, parece fora de ritmo. Ontem, não conseguiu ganhar um duelo individual.
Nonato, que saiu no intervalo, errou tudo. Martinelli esteve muito abaixo do que pode e só Hércules, que fez um feijão com arroz com pouco tempero, foi o melhor no meio-campo. Dos que entraram, apenas Serna teve uma atuação de destaque, incomodando a zaga cruzeirense. O problema era que o ponta chegava na linha de fundo, fazia o cruzamento, e cadê o 9 para colocar para dentro?

Sucesso e felicidades para você, Jhon Arias
Ao agora ex-jogador tricolor Jhon Arias, a torcida do Fluminense só pode desejar o melhor. O colombiano já está na galeria dos ídolos tricolores. As homenagens da torcida, que repito, deu mais um show na arquibancada, foram de arrepiar.
A realidade é uma só: o elenco precisa de reforços e com urgência
A volta ao futebol brasileiro, agora sem o melhor jogador do grupo, traz um choque de realidade: o elenco, que já tinha graves desequilíbrios, agora é mais frágil. Sendo assim, cabe aos dirigentes agirem com assertividade e diligência, no sentido de fortalecer o grupo, que tem como principais carências as camisas 9 e 10. Necessita também de mais um 2, um 4 e um 5. Os moleques da base também devem ser testados e os jovens contratados, como Lezcano e Lavega terem minutagem, para entrarem com ritmo na próxima temporada.
Dinheiro para contratações, o clube tem. Que traga jogadores que tenham a capacidade de chegar e jogar, porque sem reforços, a chance de conquistar as copas é quase nula. Restará o discurso apequenado de “fizemos um Brasileirão sem sustos”.
Os verdadeiros tricolores, como diria alguém, não podem se conformar com uma narrativa dessa natureza.
Portanto, reforços já Mário!
PS2: Gosto muito de Kevin Serna, mas que empresário mala do cacete…
PS3: 4-3-3, não, Renato!
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