Desvalorização daquilo que se deveria dar valor




Apresentação PessoalVIEIRA, Marcos Tulio Ferreira Santos. Atualmente com 35 (trinta e cinco) anos de idade, natural de Campos dos Goytacazes. Reside no Município de Niterói – RJ. Sócio do Fluminense Football Club (matrícula nº 88001482). Pesquisador de Futebol. Advogado do Escritório Vieira & Vieira Advogados. Especialista em Direito da Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes – UCAM. Especialista em Direito Aduaneiro pela Faculdade Integrada AVM / Cândido Mendes. Acompanhando futebol desde 1992, em especial o sobredito clube do coração, quando, aos 12 (doze) anos de idade, às escondidas, correu para ver Fluminense x Internacional, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, nas Laranjeiras.

Desvalorização daquilo que se deveria dar valor

Honra-me Vinicius Rezende Toledo com um surpreendente convite para formar a equipe do “Explosão Tricolor”, a fim de escrever sobre os mais variados e hodiernos temas, preocupações e reflexões sobre o nosso amado Fluminense. Mais adiante elucidarei o porquê, sendo que agora preciso abrir um parêntese.

Há uma questão isagoge que preciso transpassar desde já aos estimados tricolores que estão notando um primeiro contato comigo. Como diz o jargão popular, “na lata” revelo um aspecto eminentemente pessoal, pois, como os estimados e as estimas leitoras visualizarão no decorrer desse ano, não sou de ficar em cima do muro, não sonego informação, me posiciono de forma racional deixando com muita facilidade o lado emocional, qualquer que seja a situação, até mesmo num pós-jogo, independentemente de uma partida, da figura de um personagem, dirigente, jogador, treinador, presidente, conselheiro ou terceiro interessado, vencendo ou perdendo o Fluminense. Tenho sangue de barata? Não.

Entrementes, sem soberba, desenvolvi essa “capacidade” quando “estive no inferno” e “conversei com satã” de frente, no início do ano de 1999. Isso começou quando estávamos na série C, e eu sozinho, de frente para o “maligno”, exatamente no dia 31 de março de 1999, se não me engano às 22 horas, no primeiro turno do Campeonato Carioca, quando fui assistir a partida entre Fluminense e Itaperuna, no Maracanã, ocasião em que vencemos pelo placar de 5 x 0, com gols de Túlio maravilha e Roger como craque do jogo.

Quem tiver meios técnicos de levantar as imagens, os gols ou até mesmo a íntegra da sobredita partida, por gentileza levantem (não consegui e queria muito, hahaha), pois, o “lunático e feliz” torcedor que estava na geral, sozinho, com a bandeira do Fluminense, caminhando “feliz da vida” – foi mais ou menos mencionado por um narrador cujo nome não me recordo, da emissora de televisão que tanto nos achincalhou naquela época – era eu.

Por isso, desde já, na maior tranquilidade, revelo o meu histórico político, eminentemente como torcedor e sem qualquer envolvimento partidário, explanando que sempre votei no atual Presidente Peter, pois foi ele quem permitiu a realização de um sonho de virar sócio do clube, cuja joia para se adquirir nos tempos mais retrógrados era impagável e “coisa de rico”. Todavia, nem por isso estou no mundo das maravilhas, pois, em alguns pontos, a bem da verdade, estou “peter” da vida com Peter, sendo que agora “fecho o parêntese” para retornar ao ponto da minha surpresa com o convite que ora recebi, que guarda perfeita correlação com o que tenho a expender.

Desde a edição do programa “passaporte tricolor”, até a efetiva mudança do estatuto do nosso clube enquanto regulamento, quando pude me associar ao clube que sempre sonhei ser sócio, admitido no dia 01 de fevereiro de 2012, votei no Presidente Peter. Não sou integrante de chapa de situação ou oposição no âmbito interno do Fluminense. Não tenho ligação política com candidato X, Y ou Z, tampouco participo de reuniões junto aos conselheiros do Fluminense. Sou torcedor de arquibancada igual aos estimados e as estimadas que ora me prestigiam, sempre sonhador com conquistas, títulos, feitos e partidas memoráveis.

Muito embora o subscritor desse singelo opúsculo seja sócio, torcedor e frequentador do Fluminense Footbal Club, enquanto clube de Futebol que é, por ora não estou preocupado com a questão eleitoral que promete ferver às Laranjeiras no final do ano, até porque, por ora, temos coisas mais importantes para meditar. Sigamos passo a passo, na medida em que as coisas forem acontecendo.

Estou preocupado com a posição do Flu no cenário internacional.

Procurando ser o menos prolixo possível, pedindo vênia desde já, pois, como trabalho por horas e horas redigindo, às vezes pode ocorrer do meu linguajar atingir um pouco a formalidade, sendo certo que tenho a consciência de que as pessoas que estão lendo, nesse momento, possuem as mais diversas datas de aniversário, farei o possível e impossível para lhes proporcionarem uma agradável leitura.

Então vamos lá. Quando relatei a “minha felicidade” diante do Itaperuna, meses antes tinha feito a minha primeira viagem internacional, para Argentina, na Capital Buenos Aires, junto com minha família, ainda sob a responsabilidade do meu querido pai (também torcedor do Fluminense, mais que não tem o hábito de frequentar estádio como eu, mas, igual a papagaio, sempre fala que estava no fla-FLU de 1975), estávamos na série C.

Eu, vestindo a camisa branca do Fluminense dos “tempos de crise”, mas sem o patrocínio da MTV, lá no clássico passeio para visitar Caminito em La Boca, eu não estava nem um pouco interessado em ver a história do tango, e sim, queria conhecer o místico estádio de La Bambonera, do Boca Junior, a exatas quatro quadras, onde percorri a pé, sob o aviso do meu pai de que tinha trinta minutos para retornar, o que só me foi permitido porque a guia turística disse que não havia problemas.

Naquela época não se pagava para entrar no estádio, não tinha o tour com finalidade turística e arrecadatória que tem hoje. Simplesmente, pela porta da frente, pedi para bater umas fotos, com a minha “clássica Kodak”, vestindo a camisa do Fluminense (me cobrem as imagens, com selfie pra lá de defeituosa, rs), tanto no primeiro, quanto no segundo andar daquele estádio que, mal sabia, estaria de volta em 2012 (esse tenho vídeos e fotos decentes, inclusive com dois policiais por mim entrevistados, junto com um grande camarada meu, dizendo que nunca ouviram falar no botafogo), para ver o meu Flu vencer um gigante Sul-Americano.

Na minha cabeça, em janeiro de 1999, pensei: – “Puxa, quem sabe um dia o meu Flu não consegue dar a volta por cima, ressurgir das cinzas e, quem sabe, vencer o Boca Junior aqui dentro”. Juro pelo amor ao meu filho tricolor de dois meses (Augusto Túlio, que também é tricolor) que disse isso, pensei isso, sonhei com isso e, treze anos depois, pude viver esse sonho.

Como já é de se notar, estou lançando luzes sobre o quão é importante, principalmente para as gerações mais novas, o envolvimento e a valorização de uma competição internacional, em especial para a galera de quatorze, quinze, vinte anos e, porque não, de mais idade também.

Quando disse que me surpreendi com o convite do Vinícius, assim disse porque, num primeiro momento, sob uma esquizofrenia tricolor fruto da síndrome da Libertadores de 2008 e da Copa Sul Americana de 2009, todas as críticas porventura lançadas contra o Fluminense, qualquer que fosse o meio de comunicação, mesmo sob o rótulo voltado para o Flu, me inclinavam para uma conotação política, de conflito, de briga de bastidores, de oposição de situação, de tudo o que mais fosse imaginário, pois, na minha cabeça, aquele que abriu as portas para associação merecia uma estátua. À exceção do extinto site Fluminense etc, não se via no meio virtual, notícia alguma com teor de imparcialidade e sem agressão ao nosso clube.

Quando o Peter abriu o clube, tido como bairrista limitado a uma singela área de lazer, para a torcida, o que foi por demais louvável, num primeiro momento, a ideia que se passava era a de que ele, sozinho, estava lutando contra os tais “ratos” das laranjeiras. Não consegui apurar a veracidade, mas se ter uma ideia, há quem diga que Eurico Miranda, desde os tempos em que reside na Rua Paysandu, era sócio do Fluminense. Aí dá para vocês terem uma pequena noção do que deveria ser laranjeiras na década de 90 e no ano 2000.

Para quem não é sócio, o clube é de acesso praticamente impossível, ressalvado para visitação a falida Fluboutique, que nunca tem produto algum disponível (ao menos por enquanto, pois creio que com as coisas tendem a melhorar com a Dry Word), até roleta para acesso ao bar da piscina e piscina encontramos barreiras que só podem ser superadas com carteirinhas de sócios. Peter então aparece como o salvador da pátria, aquele que me permite realizar o sonho de virar sócio. Eternamente grato por isso, pois se não fosse a implementação do programa por ele criado, talvez nem estivesse aqui nesse momento, como colunista.

Mas esse mesmo presidente olvidou dos novos sócios, pois, se até no Clube Português, Naval e Canto do Rio pode-se levar um acompanhante com um singelo convite mensal para frequentar o clube, até hoje nós sócios não podemos, o que é merecedor de glosa.

E já me irritou várias vezes, com destaque para o foco nesse momento que é competição internacional quando disse, antes do segundo jogo contra a final do carioca contra o Botafogo em 2012, que a Libertadores era uma competição que dava prejuízo, sendo que o estadual pagava muito mais. Imagine um dirigente Argentino, Paraguaio, Uruguaio e Colombiano falando isso para os torcedores dos mais tradicionais clubes: pensem no dinheiro, e não na competição internacional. Não duraria um dia.

Noutra toada, inúmeras foram às vezes que bati de frente com o “Explosão Tricolor” e com o próprio Vinicius, entrementes, sem jamais ofender a sua pessoa, honra, imagem ou dignidade, faltando respeito com os administradores, daí o porquê da minha surpresa pelo fato de ter sido convidado para compartilhar informações, sejam elas boas ou ruins, pouco importando o desdobramento ou viés político que possa transparecer. Quando via uma crítica, achava que era oposição.

Talvez seja esse o motivo, cabendo aos administradores falarem por eles, sobre o porquê deu ter sido selecionado, num universo gigantesco de pessoas, para integrar essa equipe, sendo que cogito ter sido o fato de ter compreendido o real papel do site, onde chegamos num ponto comum quando a coisa esquentou em 2015: brigar pelo Flu, independentemente de quem o estiver administrando.

Com o passar do tempo, passei a ter uma outra visão, frente a outros pontos de vistas, inclusive no momento em que critiquei, como visitante, a atual gestão. Desde já adianto que, em termos políticos, preciso de mais tempo para entender o que está acontecendo nas Laranjeiras, sendo que já adianto que não acredito nem um pouco na tal “espanholização” do Futebol, o que será objeto, oportunamente, de reflexão mais aprofundada.

Retornando ao que interessa por ora, sem me perder, e falando por mim, os brasileiros de 2010 e 2012 foram paliativos para o meu particular trauma de 2009. Você devem estar se perguntando: Ué, você ficou mais traumatizado com a derrota para LDU pela Copa Sul-Americana em 2009 do que em 2008, pela Copa Libertadores?

Confesso que sim, estimados e estimadas, pois, para quem conseguiu “sair do inferno” igual ao filme “Fúria sobre Rodas”, com Nicolas Cage, para ver o Flu vencer o Atlético Nacional da Colômbia, tanto no jogo de ida, quanto no de volta, nas oitavas de final da liberta, bater o favorito São Paulo nos acréscimos no jogo de volta, empatar com o gigante Boca no jogo de ida e realizar o sonho de, no meu “habitar natural” que é o Maracanã, vencer e eliminar o Boca Júnior, sinceramente, confesso que saí do maraca pensando que a Libertadores já nem importava por tudo o que vivenciei naquela ocasião.

Perdemos nos pênaltis, fiquei triste, claro, mas já sabendo que não foi vergonha alguma, ao reverso do que foi propalado sem piedade de forma agressiva pela mídia, posto que os grandes campeões já perderam a famigerada Libertadores em casa, como nós, antes de conquistarem a primeira, como foi o caso do Internacional em 1980, do Palmeiras em duas oportunidades (1961 e 1968), o São Paulo (1974), sem contar que, no âmbito internacional, o Boca Junior perdeu a primeira em 1963 e o River Plate, em duas oportunidades (1966 e 1976), todos antes de conquistarem a primeira cobiçada Taça.

Aqui no Brasil muitos falam do Chelsea, campeão da Champions League, tratando-o como um “gigante da Inglaterra” só por causa desse feito, esquecendo que o Nottingham Forest Football Club, atualmente na segunda divisão inglesa (championship), possui duas Champions League (1979 e 1980), uma Super Copa Europeia, quatro Copas da Inglaterra e da Liga Inglesa, uma Premier League e com mais torcida do que o Chelsea.

Mas em 2009, depois de tudo o que passamos, foi muito difícil perder da forma que perdemos: expulsão do Fred, logo ele, no início de um segundo tempo onde tínhamos tudo para meter, 5, 6 no adversário, vislumbrando a primeira conquista internacional de visu, e lá se vai o sonho tão real para o mesmo adversário do ano anterior. Doeu.

Nos coloquemos no nosso devido lugar, depois de anos e anos de trevas: estamos no caminho certo; uma competição internacional será questão de tempo, se esta for a meta. Não entro na questão de 1952, pois o reconhecimento pela FIFA, ao menos para mim, não surtirá efeito para me energizar a ponto de comemorar um título de sessenta e quatro anos atrás com alegria e festividade.

Mas para isso o Fluminense e, lançando polêmica para os devidos debates, e os seus torcedores, deveriam rever alguns conceitos.

Não podemos nos limitar a divulgar a marca pela Flórida Cup, enquanto que temos a Copa Sul Americana, Copa Libertadores e Recopa Sul Americana para ser disputada.

Se a Copa do Brasil “dá vaga para Libertadores”, a Copa Sul Americana dá título internacional, possibilita disputa da Recopa Sul Americana e da Copa Surugga. Mais internacionalização impossível.

Analisando friamente 2016, levando em consideração o que aconteceu ano passado no polêmico enfrentamento com o Palmeiras, afigura-se ilusório a primeira fase com a Tombense de MG. Isso porque, uma vez passando pelo adversário (sinceramente, gostaria que colocássemos o sub-20 e picássemos a mula para Sul Americana direto, onde as chances de vislumbramos uma primeira competição internacional são reais se levado em consideração o elenco que temos), enfrentaremos o vencedor de Salgueiro de PE e Ferroviário de SP e, depois, em avançando, os vencedores de Sport, Aparecidense, Atlético Go e Ypiranga do RS.

Passadas essas fases, vamos para o sorteio das oitavas, onde os clubes eliminados da Copa Libertadores entrarão direto, somados ao Internacional que já está lá. Dependendo de quem for o nosso adversário, o apito amigo vai entrar na jogada.

Relembro que a Ponte Preta e o Goiás, acertadamente priorizando competição internacional, por pouco não levantaram o caneco da Sul Americana.

Como somos por demais perseguidos, odiados e vítimas de sucessivos erros intencionais no âmbito nacional, sou adepto ao entendimento de que, a exceção do Campeonato Brasileiro, que deve ser levado e muito a sério, o foco deveria ser sempre as competições internacionais. Equador, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia: muitos aqui acompanham a Copa Sul Americana: o tratamento é igual ao da Libertadores: estádio cheio, obsessão por uma conquista internacional, nos moldes semelhantes ao da Europa League que, inclusive, graças a ela e a Recopa Europeia, fez o Atlético de Madrid superar a “espanholização”, vencendo tanto a Eurocopa, quanto a Recopa para, tempos poucos depois, vencer um campeonato espanhol e, por muito pouco, não vencer a Champions League.

Bom, são esses os meus pensamentos iniciais, sendo que muito teremos o que debater esse ano. Obrigado por me prestigiarem e vamos que vamos! ST!

Rápida Triangulação:

– noticiou-se na imprensa esportiva que o clube Ucraniano se interessou pelo Robert, numa possível troca definitiva com o W. Nem. Se eu fosse dirigente do Flu, já acionaria o Barça para exercer o direito de preferência de compra; do contrário, trocaria de olhos fechados uma promessa que vem deixando e muito a desejar, por uma realidade;

– sobre o elenco que o Flu está montando, muito cedo para comentar ou criar qualquer expectativa. Particularmente penso que ainda precisamos de um primeiro volante de alto nível, pois, com a ida confirmada do Jean par ao Palmeiras, só resta Edson, que ao meu sentir é segundo volante, mas que vem sendo escalado como primeiro, e o não confiável Pierre, pois oscila demais;

– sou grato a tudo o que o Gum fez pelo Flu, mas sinceramente torço para que ele vá respirar outros ares, pois o risco dele ser titular ao lado do Henrique, justamente por causa do alto salário, é grande! Com todo o respeito que tenho pelo atleta, inclusive o considerando um cara sensacional (pude conhecê-lo, pessoalmente, no jogo contra o Olímpia lá no Paraguai, quando fomos eliminados por 2 x 1), educado, muito do bem, mas não ganhamos uma competição de mata-mata desde 2009, quando ele chegou, sendo que nos brasileiros de 2010 e 2012, se vocês observarem os gols sofridos nos DVD´s dessas conquistas, lá estava ele revezando com L Euzébio, em todos os gols sofridos em todas essas campanhas.

Marcos Tulio / Explosão Tricolor

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