E havia um Paysandu no caminho…




1902-E-jornal

Aos amigos que não moram na cidade maravilhosa, explico que bem em frente ao Palácio da Guanabara, que fica localizado ao lado do Estádio das Laranjeiras, temos a tradicional Rua Paissandu, que antigamente escrevia-se “Paysandu”.

Esta rua é bastante famosa por suas palmeiras imperiais, plantadas em 1865 por ordem de D. Pedro II, de modo que criassem uma entrada monumental ao palácio lá localizado, e que havia sido presenteado à sua filha, Princesa Isabel.

No início do século XX, também tinha sede nesta localidade o Paysandu Cricket Club, que teve como um de seus fundadores, no século anterior, o pai de um senhor chamado Oscar Alfredo Sebastião Cox.

Foi no campo do Paysandu Cricket Club, que o Fluminense realizou sua primeira partida de futebol da história, contra o Rio Football Club, em 19 de outubro de 1902, saindo-se vitorioso pelo “humilde” placar de 8×0.

Logo, vemos que o nome Paysandu está intimamente ligado à história tricolor, simbolizando o início de nossa trajetória vitoriosa no futebol.

Ontem, enfrentamos o Paysandu Sport Club, tradicional clube do futebol paraense, localizado há cerca de 3 mil quilômetros da Rua Paysandu, mas que poderá também ter sido o pontapé inicial de outra história vitoriosa.

E o Fluminense felizmente voltou a jogar o que pedimos desde o tenebroso jogo contra o lanterna da Série A, que simbolizou o início da nossa queda de desempenho no Brasileirão.

A partir daquela partida, a equipe abandonou o futebol jovem, solidário e cheio de energia, e passou a basear-se novamente em lampejos individuais, com atuações modorrentas e pouco inspiradas coletivamente.

Os que me seguem no twitter sabem da minha dúvida quanto ao atual futebol do Ronaldinho, já que hoje em dia é difícil organizar uma equipe que conte com mais de dois jogadores com menos mobilidade, especialmente no setor de meio de campo.

Nossa equipe já conta com o Fred, que apesar de todos os louváveis esforços para uma maior participação no jogo de coletivo da equipe, tem como característica ser um excelente típico camisa 9, sendo a meu ver um crime afastá-lo tanto da área, como o Fluminense vem fazendo nos últimos tempos.

Da mesma forma, o Cícero também não é um jogador de futebol muito solidário, apesar de sua inegável importância para o time. É lento e não tem tanta boa vontade em correr atrás de jogadores adversários. Além disso, já passou dos 30 anos.

Ou seja, acho muito difícil conseguirmos armar um meio de campo com Cícero e Ronaldinho Gaúcho atuando juntos, desde o início das partidas.

A tendência é que se torne um meio de campo lento, previsível, envelhecido, e mais facilmente anulável pelo insano ritmo de marcação que se emprega nos dias de hoje.

Mas não podemos tirar o Cícero do time. Tem sido nosso jogador mais decisivo dos últimos jogos, especialmente com a ausência do Fred.

Então, na minha visão, tem que sobrar para o dentuço, que ainda não mostrou ser capaz de contribuir de uma forma mais dinâmica para a equipe.

Ontem o time voltou a ser mais leve. Dominamos a partida de uma forma irretocável, e em nenhum momento do jogo a classificação pareceu ameaçada.

E o melhor, fizemos o que faltou no jogo contra o Joinville. Matamos a partida no momento que nos era favorável.

Apesar do pênalti infantil que cometemos (impressiona como os bandeirinhas são ativos, quando a marcação nos desfavorece), todos sabíamos que só precisávamos de mais um gol na volta do intervalo para definir a classificação.

E que gol, minha gente! O lançamento do Cícero foi um primor (por isso não pode sair do time). Depois, uma sucessão de passes de primeira. Scarpa para Magno, Magno para Marcos Junior, que também completou de primeira para as redes.

No meio de tudo isso, temos que exaltar nosso menino Scarpa. Tem que jogar no meio! Apesar de estar dando conta do recado na lateral, não podemos prescindir de um jogador deste naipe, que transforma nosso meio de campo em um setor dinâmico, rápido, jovem e eficiente.

Ontem, recobramos o futebol alegre de meados do primeiro turno. Que continuemos assim. E sem essa de obrigatoriedade da escalação de jogadores apenas pelo nome. Claro que o R10 é craque, mas precisa mostrar que está em condições de ser titular. Do contrário, que seja aproveitado no decorrer dos jogos, em situações mais favoráveis ao seu atual estilo de jogo.

E vamos torcer para que o nome Paysandu esteja novamente ligado a uma gloriosa história tricolor.

Em 1902, este nome participou do início de um clube de futebol vitorioso. Quem sabe, em 2015, não possa ter sido o pontapé inicial para um importante título da Copa do Brasil?

Vestiário

– Palmas para o Enderson. Eu que o critiquei na coluna passada, preciso reconhecer que fez a leitura exata da partida, mesmo com 10 desfalques, e montou muito bem a equipe. A escolha do Victor Oliveira para conter os avanços do Pikachu, e o retorno do Scarpa para o meio de campo, foram fundamentais para a vitória.

– Já está na hora da torcida reconhecer o valor do Magno.  O cara foi parte importante de nossa história, no pior momento do Fluminense. Não é craque, já está mais velho, mas ainda pode ser muito útil. Sabe se posicionar muito bem e é inteligente. Anos luz melhor que o Wellington Paulista.

– Partida monstra do Gum. Para nós, é muito importante que recupere a boa forma. Tem liderança, conhece e gosta do clube, e pode ser um excelente complemento à juventude e capacidade técnica do Marlon.

Abs,

Alan Petersen