Eduardo Baptista abre o jogo em entrevista e manda a real sobre o Ronaldinho




Eduardo Baptista mandou ver na entrevista (Fluminense FC)
Eduardo Baptista mandou ver na entrevista (Fluminense FC)

Em entrevista ao jornal EXTRA, o treinador do Fluminense, Eduardo Baptista, não fugiu da dividida e respondeu várias perguntas. Confira abaixo:

O que você sentiu do Ronaldinho no Fluminense?

Eduardo Baptista: Conversei sobre a parte física. Falei a ele que não estava pronto para ser titular e que ia fazer o máximo para atingir a forma ideal. Fizemos todos os esforços. É um jogador de 35 anos, extrema qualidade técnica, muito inteligente. Chegou com dois meses de inatividade e, onde estava (Queretaro, do México), não teve sequência. Chegou em um momento no Campeonato Brasileiro que todas as equipes estão no ápice, voando. Ele não estava e não ia conseguir mais neste ano. No momento, o físico era difícil. Então acertou na decisão. Tentamos enquadrar no campo e fisicamente, mas não deu.

Ainda vê o Ronaldinho atuando em alto nível?

Eduardo Baptista: Vejo sim, não como no Barcelona. Com uma pré-temporada, nos trabalhos de força, resistência específica, acredito que ainda joga o Brasileiro em algum clube, e bem. Vamos ajudá-lo na Flórida, vai treinar e vamos dar esse respaldo. Até porque vai servir para ele se preparar fisicamente e seguir seu caminho. Porque acho que tem futuro.

Como analisa a forma que saiu do Sport?

Eduardo Baptista: Com naturalidade. Eles atingiram um patamar dentro de um trabalho que participei e dei uma boa contribuição. Participei ativamente na parte do centro de treinamento e na reutilização da base. Acho que teve ajuda mútua. Nem eu devo ao Sport e nem eles a mim. O casamento foi produtivo. Senti que meu ciclo tinha encerrado. Veio o convite do Fluminense, que é uma casa que sempre olhei diferente pela atenção especial a juventude, e aceitei.

Ficou magoado com a nota oficial da sua saída?

Eduardo Baptista: Cada um é cada um. Dei minha vida pelo Sport. A implantação do CT foi um briga minha. É um direito deles criticar. É meu direito de procurar um desafio. Não culpo eles. Cada um tem sua razão.

O que espera da torcida quando voltar à Recife?

Eduardo Baptista: Será que vou ser vaiado? O tempo é o senhor da razão. Em um primeiro momento ficaram tristes, mas sou profissional e dei minha vida pelo Sport. Futebol é a emoção. O tempo vai passar e, enquanto estive lá, dei minha vida. Disso nunca podem duvidar. O tempo vai dizer.

Como foi a transição de preparador para treinador?

Eduardo Baptista: Trabalhei com meu pai (Nelsinho Baptista) por dez anos. É um cara extremamente estudioso, perfeccionista. Um cara que me deu rumo a vida toda. Estudei preparação física porque ele me indicou, prometeu que íamos trabalhar juntos. Fiz mestrado, iniciei um doutorado. Só fui trabalhar com ele no Flamengo em 2003, ele judiou um pouco de mim (risos), não dava chances, mas depois vi que estava certo. Ali, entendi que tinha que estar preparado para isso. Era o preparador e participava de decisões táticas. Quando saí do Japão, falou para seguir o caminho e para estudar mais.

Quando tentou ser jogador, você era muito nervoso. Por que está calmo agora?

Eduardo Baptista: Era zagueiro. Até um ponto onde encerrei minha carreira foi pelo meu pai. Ele teve poucas oportunidades de me acompanhar porque era jogador ainda. Os dois jogos que foi me ver, fui expulso. Tenho temperamento muito forte. Como preparador era assim também. Mas quando virei treinador, entendi que as câmeras se voltavam para mim. Tudo que fizer reflete dentro de campo e na minha imagem. No primeiro treino no Sport, a chave virou automaticamete. Até hoje me policio.

Os técnicos boleiros perdem espaço para os estudiosos?

Eduardo Baptista: Depois da Copa, criaram que o treinador europeu eram os caras. Quero ver eles treinarem aqui no Brasil, com jogo quarta e domingo, sem dinheiro, com pressão, se não ganhar está demitido… Os treinadores estrangeiros que vieram aqui, tiveram dificuldades. Acho que a imagem foi pichada um pouco demais. Não que esteja tudo certo aqui. Temos que melhorar. Tem grandes treinadores, como falar que Telê, Evaristo, ex-jogadores, não eram estudiosos? Lógico que tem boleiro. Mas não posso dizer que o Luxemburgo é boleiro, por exemplo. Ganhou tudo na carreira e não caiu do céu isso. Ele estudou. Essa imagem pós 7 a 1 é exagerada. Nós estudamos.

De onde vem esse seu apreço pela base?

Eduardo Baptista: Trabalhei quatro anos na Portuguesa, no auge deles do sub-20. O Sport não era formador, mas hoje é. Colocamos oito jogadores em seleções. O clube só não é formador se não trabalhar a base. E nós trabalhamos, briguei por isso também. O Sport tinha uma base forte, mas ficou mais fácil trazer medalhões. Só que mostramos que podia trazê-los, mas integrar a base também. Vendemos o Joeliton para o Hoffenheim (Alemanha) e isso nunca tinha acontecido com o Sport. Essa venda direta. Hoje é um clube formador, sim. Implantei essa filosofia. Cabe dar continuidade.

Como é ser novo e trabalhar com medalhões?

Eduardo Baptista: Penso um pouco diferente sobre futebol. Do mesmo jeito que olho o Fred, olho o Scarpa. Tento ser o mais justo possível. Se falarem que tem que ter jogo de cintura com os caras, vou ser o primeiro a me arrebentar. Me arrebento já já. Procuro que os jogadores entendam que estou sendo justo e cobro igual.

No Sport, teve problemas com o Diego Souza?

Eduardo Baptista: Se estivesse bem, jogaria. Se não estivesse, não jogaria. Independentemente do nome. Um jogador desse quilate tem que conversar e mostrar que é produção. Não pode fugir da responsabilidade, porque a bomba estoura no treinador. Estava atuando como meia, voltava para buscar a bola e batia nos meus volantes. Falei que para buscar a bola ele tinha que ser volante. Falou que não queria, mas depois lembrou que já tinha jogado e começou a ser volante e jogar bem.

Quem foi que mais te impressionou no Fluminense?

Eduardo Baptista: O Fred pela postura de tentar, ajudar. Corre, é aguerrido, não para. Taticamente e fisicamente está perfeito. Não para o tempo todo. Aguenta, é muito forte e tem uma entrega excepcional. Fisicamente, o Marcos Júnior é invejável. É o mais potente.

Como vê a ebulição política dentro do clube?

Eduardo Baptista: Procuro ficar alheio a isso. Quando vim, tive a confiança de três pessoas (Mário, Peter e Simone). Pedi para me fixar no campo. Essa ebulição não vou atrás. Não me interessa, não vai me ajudar. Foco dentro do campo. Procuro resolver aqui. Peço para que eles me blindem e acabou. Não estou interessado na política.

E no futebol mundial…

Eduardo Baptista: Acho que o cenário é o melhor possível para mudar. Só não podemos errar a mão. É o momento de ter alguém certo e honesto. Não adianta você tirar uma turma e colocar a mesma. É um momento importante do futebol mundial. Tem que vir pessoas como o Zico para moralizar. O Romário tem feito um trabalho de alto nível. É o momento crucial para botar a casa em dia.

Quem é favorito na Copa do Brasil?

Eduardo Baptista: Não consigo apontar. Os quatro são iguais. Talvez o favorito nós eliminamos, que era o Grêmio. Era o que vivia o melhor momento e tinha tudo para ganhar.

Por Explosão Tricolor