Fluminense não trouxe a taça do Mundial, mas leva as boas memórias de um 2023 para se orgulhar (Carlos Eduardo Mansur / Globo)
“O 2023 do Fluminense termina intacto, sem arranhões. Daqui a 20 anos, será lembrado pela forma como o time jogava, estarão na memória algumas atuações memoráveis, entre elas o 4 a 1 da final do Estadual contra o Flamengo. E será para sempre o ano da Libertadores no Maracanã.
Ser goleado pelo Manchester City é algo que tantos clubes, europeus inclusive, têm experimentado com alguma frequência nos últimos anos. Claro que o tricolor alimentou o sonho de ser campeão do mundo, mas ano após ano o desfecho deste torneio obriga os não europeus a uma espécie de resignação. As boas lembranças do futebol tricolor dizem muito sobre o que fizeram Fernando Diniz e os jogadores. A forma como encaramos o desfecho do Mundial de Clubes diz muito sobre um futebol deformado pelo abismo econômico que nos separa da elite europeia.
É justo ponderar que as circunstâncias da final foram um tanto cruéis com o Fluminense. Primeiro, pelo gol aos 45 segundos. Depois, por sofrer o 2 a 0 após 20 minutos de um futebol delicioso de se assistir jogado pelos tricolores. Ocorre que cada final tem as suas histórias particulares. E todas têm terminado da mesma forma: com a imposição total do campeão europeu. O futebol globalizado tem um problema.
Já não se sofre tanto com derrotas em finais como esta, porque digerimos tais resultados gradativamente, conforme o jogo se aproxima. E um dado ainda mais assustador. Este City é um projeto bilionário, produto de um “clube estado”, financiado por um regime disposto a polir sua imagem. Ainda assim, lesões e ações de mercado deixaram o time distante de sua melhor versão. E mesmo um City enfraquecido terminou por dominar o jogo e golear com naturalidade, como se cumprisse um trâmite.
Sobre o jogo, era consenso que o Fluminense precisaria ter erro zero e circunstâncias favoráveis. Não ajudaram nem as circunstâncias, nem os erros. Marcelo erra o chute longo no primeiro gol, e o time está desestruturado para uma situação assim, com Samuel Xavier muito distante no lado oposto da jogada. Na segunda metade da etapa inicial, o tricolor foi vítima de uma jogada muito previsível do City: a infiltração de um dos meias entre lateral e zagueiro. André foi atraído e não tapou o espaço por onde a bola encontrou Phil Foden.
No segundo tempo, talvez os ótimos 20 minutos que o Fluminense jogara na primeira etapa tivessem cobrado um preço físico. Talvez o jogo do City tivesse exigido demais do time, ou o peso da média de idade do elenco tenha se manifestado. São especulações, e a elas se soma a mental: o 2 a 0 pode ter mexido com o emocional, ao sinalizar que a montanha a escalar ficara alta demais. A entrada de John Kennedy levou Ganso para o lado direito, o que tampouco ajudou. O City comandou inteiramente as ações e o Fluminense já não se expressava em campo. Quando Diniz tentou renovar fôlego, logo veio o terceiro dos ingleses.
Mas é preciso falar sobre os 20 minutos em que os tricolores impressionaram o mundo. Tudo começa no sétimo minuto de jogo, e o que acontece ali merece especial atenção. Imagine estar diante do time mais vencedor do mundo nos últimos anos, levar um gol relâmpago, tentar duas saídas de bola em seguida e ser sufocado. Qualquer time normal passaria alguns minutos buscando bolas longas, mas o Fluminense dobrou a aposta. Passou, passou e passou a bola, manipulou a pressão do City como poucas vezes se viu, atravessou o campo e fez o time de Guardiola correr atrás de bola “como nunca corremos antes”, nas palavras do próprio Pep. Foi o momento tricolor no jogo, embora tenha faltado algo de agressividade para atacar nos metros finais. Há poucas provas maiores da crença de um time numa ideia. O Fluminense não perdeu por jogar à sua forma. Ao contrário, viveu seu melhor momento em campo quando impôs seu jogo, ainda que tenham faltado chances reais de gol.
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Por Explosão Tricolor
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