Fluminense sofre com realismo dos duelos Europa x América do Sul (por Paulo Vinicius Coelho/UOL Esporte)
O mais impressionante da final entre Manchester City e Fluminense foi o 1 x 0, aos 40 segundos, com bola roubada a partir de pressão em superioridade numérica dos citizens, cinco ingleses subindo contra Marcelo.
Forçou-se assim o passe errado de Marcelo, no pé de Aké. Dele, o chute de média distância, na trave, que deu rebote para Julián Álvarez marcar.
Verdade que se seguiram bons momentos tricolores, trocas de passes longas, dois minutos e sete segundos sem o City encostar na bola.
Guardiola não gosta disso, mas… e daí?
O City já vencia e o jogo estava meio café com leite. A ponto de 25 minutos depois, apenas, Foden concluir a grande jogada de Rodri, com finalização desviada, que resultou no segundo gol citzen.
No Brasil, ser cidadão é reconhecer a superioridade alheia, compreender as chapas montadas à base do tráfico de influência para a presidência da CBF, tentar combater o amadorismo e pensar no Brasil como potência do futebol — quem sabe daqui a dez anos…
Hoje, e desde 1995, o futebol mundial de clubes é um abismo entre europeus, que compram, e sul-americanos, que vendem. Juntos, os melhores são ainda melhores. O domínio econômico transformou-se em controle técnico e de cultura do jogo.
Dos 68% de posse de bola a favor do Fluminense, aos 8 minutos de jogo, o primeiro tempo já terminou com 51% para o City. Não se trata de inferioridade do Flu. Trata-se da realidade do futebol do planeta.
Houve bons momentos na segunda etapa, com John Kennedy e Alexander.
Mas não se trata de equilibrar. Não é culpa do Fluminense, nem dos veteranos, nem do Brasil.
O desnível de clubes é Europa x America.
Não dá para comemorar o fato de o City só ter vencido em posse de bola depois dos 42 do primeiro tempo, de o Fluminense ter porcentagem de passe semelhante.
O realismo exige pensar em como se poderá voltar a vencer o Mundial de Clubes.
O domínio europeu é técnico, criado a partir das finanças.
A mudança precisa passar pela organização.
O Fluminense é o melhor time da América. Não chega nem perto do melhor time da Europa.
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