Enquanto a bola não rola






Buenas, tricolada! Estranho o título desta coluna, né não? Como assim? A bola está rolando na Copa América! Tá, mas e daí? Além de mim, há inúmeros torcedores que cagam solenemente para a Seleção Brasileira! Muitos deles!
Assistimos aos jogos por mera obrigação futebolística – e/ou por apreciar o velho e violento esporte de origem bretã! Mas interesse, cadê?
Interromperam a nossa sanguinidade apaixonada pelo decadente – mas visceral – futebol tupiniquim em nome de Fagner, Filipe Luís, Fernandinho, William, Gabriel Jesus, Firmino (que somente destaca-se no Liverpool) e cia. Ah, e também pelo atordoado Tite, que quase foi unanimidade, prometeu renovação, mas engajou-se na mesmice dos treinadores que sucedeu… Talvez até mesmo aceitando as pressões externas – ou apegando-se ao cargo. São as tais forças ocultas, sinistramente propaladas por Jânio Quadros!
O fato é que o brasileiro repaginou-se e aprendeu a nutrir o seu desamor pela Amarelinha. Culpa da FIFA. Culpa da CBF. Culpa das Federações. Culpa do próprio futebol “desromantizado” e adepto apenas de cifras e força física. Culpa dos técnicos. Culpa dos jogadores – a maioria deles, que dão de ombros ante um 7×1 contra, e discursam como políticos mentirosos a um público ávido por afagos. E também não respeitam mais as matizes que os promoveram, que tornaram-nos homens e profissionais.
Então, enquanto a bola não rolar novamente no Brasileirão, teremos que aturar esse circo mambembe montado pelos poderes do desporto, da mídia e do calendário, que impõem torneios desinteressantes, sucateados e instrumentos de enriquecimento lícito dos mesmíssimos barões que comandam essa eterna balbúrdia… E os amantes das infinitas cores que cingem os mantos dos clubes, ó, que se “F”… ops, danem!
Eu e meu amigo rubro-negro, Waltinho, dia desses realizamos um exercício bem interessante. “Convocamos” 23 jogadores que atuam no Brasil, agregando-os aos jovens que fazem parte da tal renovação anunciada pelo Tite, para a Copa América 2019. Sim, estavam na lista o Arthur, o Richarlison, o Cebolinha (joga aqui, mas está no grupo atual da Seleção) e o David Neris. Do Fluzão, foram “inscritos” o Allan, o Caio Henrique, o Pedro e o Jotapê.
Caramba, será que um selecionado genuinamente nacional não atrairia maior apelo da torcida no referido torneio continental? O público não abraçaria mais fortemente o grupo de atletas com os quais está acostumado a lidar às quartas, quintas, sábados e domingos? Este fato era contumaz em ocasiões anteriores: íamos ao Maraca, por exemplo, para vaiar o Zico e aplaudir o Riva! Xingar o Dinamite e acarinhar o Assis! Os tricolores torciam pro Paraguai por causa do Don Romero! No final, mesmo alimentando essa rivalidade saudável, saíamos felizes do estádio! Com os resultados e com a zoação! Galera, o encanto acabou, e os caras não fazem a mínima questão de recuperá-lo. Ao contrário, eles se esmeram em extirpar a fórceps uma secular empatia patriótica pela Seleção pentacampeã mundial!
Cochilei no primeiro tempo de Brasil e Bolívia, da mesma forma que assisti a contragosto a uma pequena parte de Brasil e Venezuela. Neste último confronto, diante dos peruanos, sequer vi a peleja. Dizem até que a Seleção Canarinho se apresentou bem, mas nada disso me induzirá a desperdiçar duas horas do meu precioso tempo diante da TV, batendo palmas pra maluco dançar – e muito menos ir aos campos de jogo. Foi-se a época!
Portanto, que siga essa Copa América com todas as suas obrigações, que o tempo urja e o nosso desorganizado Campeonato retorne logo. Sentimos a sua falta pra caramba, e sei que isto é censo comum.
Quanto ao Fluminense, é um alívio redigir o meu segundo texto sem ter obrigatoriamente que detonar a nossa gestão. Uma gente que tentou dizimar a nossa rica e centenária história em apenas uma década. Oras, sem FluSócio, Abad, Peter e pares, poderemos reaprender os caminhos dos estádios e esquecer o desprezo que muitos ruminaram pelo clube das três cores que traduzem tradição – um perigoso misto de paixão e ódio, que confundia os nossos próprios sentimentos imos.
Mário e Celso têm a obrigação de redirecionar o FFC aos bons esteios, por mais dificuldades que existam – e sabemos que há. Eles têm de fazer prevalecer os seus discursos pré-eleitorais e agir distintamente do povo da outra corrente política, que prometeu mundos e fundos, em 2009, falou em austeridade, em modernismos, mas aprisionou a sede de Álvaro Chaves e toda uma gloriosa trajetória nas suas próprias falácias.
E que deixem o Fernando Diniz trabalhar!
Como sempre apregoo por aqui, o Fluminense Football Club é maior do que tudo e todos!
Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon