Epidemia de apendicite




Amigos Tricolores, hoje é dia de Copa do Brasil. E o adversário é o Grêmio, time contra o qual mais jogamos na competição. Foram incríveis 10 jogos, em 5 confrontos de ida e volta.

O Flu passou em 2 situações: nas oitavas em 2005 (Flu 4 x 0 no placar agregado, maior diferença no confronto) e nas quartas em 2015 (1 x 1 no agregado, mas com o Flu empatando com gol na casa do adversário e passando). Fomos eliminados em 3 situações: nas oitavas em 2001 (0 x 1 no placar agregado), nas oitavas em 2004 (3 x 6 no agregado) e nas quartas em 2010 (2 x 5 no agregado). No total, ganhamos 2 jogos, empatamos 4 e perdemos 4, com 10 gols pró e 13 contra, com 33,33% de aproveitamento.

E a historinha que trago hoje é do primeiro jogo do confronto de 2010, pelas quartas de finais da competição. O Flu passara pelo Confiança/SE na primeira fase, Uberaba/MG na segunda e Portuguesa/SP nas oitavas, e a tabela apontava o Grêmio naquele jogo. Naquele tempo não havia sorteio do próximo adversário, tudo já era predefinido de acordo com um chaveamento.

Devo dizer que sempre fiz uma brincadeirinha maldosa com amigos que comigo iam a jogos. Ainda hoje tento, volta e meia. Acostumado a ver o jogo no estádio com um fone de ouvido ligado num rádio, geralmente eu tinha as informações quentes em primeira mão, e as dividia com meus companheiros.

E volta e meia eu dizia o seguinte, ali naqueles momentos que antecediam a partida:

“IHHH, O FRED SENTIU NO AQUECIMENTO!”

E vinha aquele desespero, logo perguntavam, freneticamente: “O que foi? Meu Deus! Ele não jogará?” Quanto mais importante era o jogo, maior era o frenesi…

E eu, gaiatamente: “SENTIU QUE VAI FAZER DOIS GOLS E ACABAR COM O JOGO.” E aí só faltava eu apanhar dos meus amigos…

Acreditem, o objetivo não era fazer meus amigos sofrerem. Havia algo ali de psicologia para descontrair o ambiente tenso e o friozinho na barriga que antecede o primeiro apito do juiz na noite.

Os da antiga nem caíam mais, mas sempre tinha um novato na galera para cair na pegadinha…

Naquela noite de 29 de abril de 2010, porém, o feitiço virou contra o feiticeiro…

Pouco antes da entrada do time em campo, naquele dia eu ainda não havia ligado o rádio. E alguém do grupo falou: “O Fred não joga!”

Lógico que nem me preocupei. Pensei: Esses caras estão indo à forra, e é lógico que não vou embarcar nessa.

Abri um sorriso e não dei bola para a informação, mas percebi que todos falavam daquilo, com cara de preocupação. Eles pensam que me enganam… Se juntaram para eu acreditar.

Mas havia tensão no ar.

Não havia aqueles suntuosos telões nababescos e exagerados construídos com o podre superfaturamento das obras para a Copa do Mundo, e as escalações dos times nem tinham muito destaque. Então, os times entraram em campo e a bola rolou.

Comecei a achar algo estranho. Comecei a procurar o Fred e ele não estava mesmo em campo.

Já com o rádio ligado, acabou depois chegando uma atualização de um repórter, dando novas notícias: Fred tinha sentido fortes dores na barriga, na concentração, e foi retirado do jogo.

O diagnóstico de apendicite não é assim tão imediato, e só depois começaram a circular notícias de que seria apendicite.

Muito azar! O Flu já estava desfalcado do companheiro de ataque do Fred, o Alan, também acometido por apendicite, saindo do jogo anterior com a crise, uma semana antes. E de repente ficou sem a dupla de atacantes titulares para o jogo! Ou melhor, para os dois jogos do confronto!

E assim, Júlio Cesar e André Lima jogaram no ataque naquela noite, Adeilson entrou no segundo tempo, e o Flu perdeu por 3 x 2, em casa, o que era um péssimo resultado para a classificação. Os gols foram de André Lima e Equi Gonzalez. Precisaria vencer por dois gols de diferença em Porto Alegre, ou por um, desde que fizesse pelo menos três gols, para levar para os pênaltis. Sem os atacantes titulares, lógico que a tarefa era inglória…

E o Fluminense perdeu também a segunda partida, por 2 x 0, e portanto pouca resistência ofereceu…

E todos ficamos pensando: Não é muito azar dois jogadores do grupo, sendo os dois titulares, e do ataque, terem apendicite, praticamente ao mesmo tempo? Seria a água das Laranjeiras? Será que apendicite passara a ser contagiosa, de uma hora para outra?

Não sei se há outro registro na medicina esportiva de dois atacantes titulares ficarem fora do time ao mesmo tempo por apendicite…

Muito azar! Lembro também certa vez que tivemos uma “epidemia” de fratura do quinto metatarso. Uns dois ou três jogadores ficaram fora por um tempo se recuperando da fratura do tal ossinho do pé, desfalcando o time tricolor.

Hoje eu lembrei de uma historinha que acabou mal. No próximo confronto, o do dia 31, no Maraca, jogo da volta contra o Grêmio, destacarei uma vitória retumbante do Fluzão contra o time gaúcho, pela Copa do Brasil.

Vamos ao jogo, Fluzão! São 180 minutos, e o importante é entrar com muita moral nesses primeiros 90!

Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: SÓ DÁ NENSE!!!

Bem-vinda, Nina Lessa! Voltamos a ter voz feminina! Já tivemos feras por aqui, como Malu Vaz, Renata Bustamante e Jessica Hentzy (que hoje reproduz com competência as notícias). É muito bacana termos vozes femininas com a competência de quem entende do jogo da bola!

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor

Pra cima deles, Dourado! (Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)