Faltou esquema tático




Perdemos dois pontos! Por mais que a Chape mantenha um tabu contra o Fluminense, um ponto dentro de casa contra um time que não possui qualquer aspiração no Brasileiro é muito pouco.

No futebol há a certeza de que o gol feito no início do jogo desarma o esquema tático do adversário. Mas não foi isso que aconteceu na Baixada. Mesmo tomando o primeiro com menos de dois minutos, a Chapecoense assimilou o golpe e conseguiu virar a partida ainda no primeiro tempo.

Como somos todos treinadores, cada um já fez a análise tática do jogo. Não tenho dúvida de que as falhas individuais da zaga tiveram a melhor nota no quesito “baba da partida”. Que coisa horrorosa! O sistema defensivo falhou nos três gols, sem contar o gol de lateral, que é nossa especialidade com Léo pela esquerda.

E a organização tática? Abel merece todos os elogios e certamente se não fosse por ele a crise extracampo teria invadido o vestiário do time. Mas não dá pra ter um time com tiro direto da defesa para o ataque. Todo hora chutão! Isso nunca deu certo em lugar nenhum.

E por falar em esquema tático, o Fluminense parece não ter um desde a fratura no tornozelo de Sornoza. O equatoriano era o principal responsável por cadenciar o jogo no meio de campo tricolor e dar ritmo à equipe. Sem ele, o Fluminense perdeu muito do brilho que tinha no início do ano e o time está parecendo um amontoado dentro de campo.

Gustavo Scarpa também não vem bem e não tem se destacado como nos jogos de 2016 e do início da atual temporada. É incrível a quantidade de passes que ele vem errando. Claro que essa fase ruim não vai durar muito, mas já tá na hora do moleque voltar a mostrar o bom futebol que o levou a ser cotado inclusive para a seleção brasileira. Em consulta ao o site footstats.net, consta que ele errou nove lançamentos dos onze que tentou na partida. Número elevado para a qualidade do atleta.

Tá certo, não é o fim do mundo! Mas é um anúncio do que vai ser este campeonato pelo lado das Laranjeiras: altos e baixos com uma inacreditável constância (apesar de serem termos que se excluem).

Mas retornando ao assunto da zaga, o que se viu nesta segunda é exatamente um reflexo do que aconteceu durante todo o ano até agora. As linhas do Fluminense são muito distantes entre si e, não raras vezes, o atacante do outro lado chega mano a mano com Henrique e Reginaldo. Se já não bastasse a limitação técnica e de velocidade de ambos, a ausência de um esquema mais eficiente na marcação contribui para as dificuldades do time nesta temporada.

Por vezes, acho que a equipe está jogando uma “pelada”. Todo mundo vai na bola ao mesmo tempo e ninguém se encontra em campo. Repito, Abel tem seus méritos e o principal deles é manter os jogadores distantes do jogo de vaidade que cerca a diretoria atual. Mas, como qualquer pessoa que se prontifica a ser treinador de futebol, deve receber as críticas de forma construtiva e esta é a maior delas: os atletas estão desorganizados dentro das quatro linhas.

Olho para o time do Fluminense e não vejo jogadores ruins, exceto a nossa zaga. Todos os demais possuem qualidades para fazer um grande campeonato brasileiro. Mas lhes falta um melhor gerenciamento em campo, principalmente na parte tática, e nisso Abel Braga tem falhado reiteradas vezes nesta primeira parte do Brasileirão.

Atualmente o Fluminense tem 16 pontos apenas. O Corinthians já tem 29. Título já era! Mas podemos sonhar com uma vaga na Libertadores. Com uma boa dose de disposição tática, dá pra chegar lá. Mas pode confessar torcida tricolor: ninguém acredita nesta hipótese com o desempenho que o time vem tendo em campo. Talvez a Copa Sul-Americana seja uma boa chance para o time disputar a maior competição do continente em 2018.

Mas o footstats.net ainda tem outras estatísticas interessantes que nos ajudam a entender por que o aparente domínio do Fluminense não resultou em jogadas mais efetivas em campo. O time teve 62% de posse de bola, contra apenas 38% da Chape. 379 passes certos contra 128. A bola circulou muito mais nos pés dos atletas das Laranjeiras, mas isso não teve como consequência maior número de gols.

O número de lançamentos também comprova que a ligação direta não foi uma boa estratégia. O time fez 40, errando 29. É muita coisa para uma equipe que se propôs a fazer este tipo de jogo.

Enfim, o jogo foi bom de se ver e um desastre em termos de organização. Espero que isso seja corrigido em breve, porque é fundamental para a boa continuidade no campeonato.

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. Henrique Dourado fez falta. Como artilheiro do ano do futebol nacional, muitas chances que a equipe teve poderiam ter sido convertidas em gol. Tomara que volte logo!
  1. Scarpa pode dar muito mais do que vem apresentando. A torcida acredita nele. Força garoto!
  1. Que falha do Reginaldo no gol de empate da Chapecoense. Não conseguiu sequer segurar a bola com a mão. Que fase da nossa zaga!
  1. Wellington Silva, aos poucos, volta ao bom futebol. Grande notícia!
  1. Hoje, a torcida não pensa em jogadores. Quer apenas Pedro Antônio de volta. Que lástima a conduta de Pedro Abad. Digna de entrar para a história como o pior ato de um presidente do Fluminense.

Evandro Ventura

Foto: Nelson Perez / Fluminense FC

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