Fluminense Alvissareiro x Problemática dos três; quem vai vencer?




Foto: Fluminense F.C.
O Fluminense foi guerreiro contra o Cruzeiro (Foto: Fluminense F.C.)

Estimados leitores. Como de praxe, o ano civil de produtividade e atividade no nosso país começa depois do carnaval, como de fato começou, no dia 15 de fevereiro de 2016, nos mais diversos setores.

Aproveitando que estava tirando umas férias lá em Maceió, solicitei ao Explosão Tricolor para não comentar a partida entre Madureira x Fluminense. Lá o destaque era para o jogo entre CRB x CSE (não era o clássico com o CSA não, é CSE mesmo), sendo que não consegui encontrar um barzinho para assistir à partida, ainda mais porque estava em Dunas de Marapé. Sem TV.

Como não vi o jogo, nem de longe estava apto para fazer qualquer tipo de comentário ou questionamento. De brinde ganhei um descanso do Explosão Tricolor, completando as minhas férias com a família, sendo que agora estou de volta para a nossa maratona semanal aqui com vocês.

O nosso time finalmente “estreou” esse ano, agora na vera, disputando uma competição oficial de nível (Rubensliga não é campeonato, entrementes já serviu para tiramos algumas conclusões e definições sobre o esquema de jogo e escalação de alguns jogadores, como expenderei a seguir), jogando fora de casa, contra um grande clube e um bom time do Cruzeiro, jogando um futebol que não costumamos ver, há muito tempo.

Nem me refiro ao futebol do Fluminense que, ao meu sentir, ainda continua esquizofrênico e bipolar, e sim a uma partida de futebol decente, coisa que, lamentavelmente, não temos o hábito de ver com frequência aqui em terras brasileiras. Jogo aberto, com bom nível técnico, boas jogadas, agilidade, rapidez e finalizações. Gramado muito bom do Mineirão. Facilita o bom futebol.

Quando surge o recalque da imprensa com o nosso clube, cuja novidade foi a de cognominar a partida de ontem como sendo “animada”, é porque coisas boas podem vir por aí.

Aos que me prestigiam com a leitura dos meus posts, acho que na partida de ontem ficou mais evidente o porquê que defendo e sempre defendi tanto o Cícero como terceiro homem de meio campo, ao lado do Diego Souza que, muito embora tenha atuado como falso nove, confere muita qualidade no nosso ataque. Desperdício total coloca-lo de volante. Temos é que contratar um bom volante.

Aliás, falando em volante, se tem algo que me irrita é a história do propalado “cão de guarda”. Separei uma especial fotografia no lance do gol de empate do Cruzeiro de ontem. O Marlon falhou feio? Falhou. Mas olhem onde o nosso “cão de guarda” estava; marcando quem? Vi o jogo do Atlético Mineiro, vendo o Rafael Carioca alternar a posição de primeiro volante com o Leandro Donizette. Fiquei com inveja. Penso em distrair o nosso “cão de guarda Pierre”, jogando um belo bife lá em Campinas: quem sabe ele não corre atrás, seguindo o mesmo caminho que Biro-Biro e cia.

Nada contra o Pierre, assim como não tenho nada contra o Gum. Mas com a saída este último do time, fato é que não perdemos mais para ninguém. E creio que, com a saída do primeiro, passaremos a levar bem menos gols, talvez, ficaremos algumas partidas sem sofrer gols.

Cavalieri, W. Silva, Renato Chaves, Henrique, Geovanni (com ressalvas); Douglas, Edson, Scarpa, Cícero, Diego Souza, Fred. Uma hora o “Nelsinho” vai perceber isso, se já não tiver percebido. Não tem como fugir. Explico.

Jogos contra Volta Redonda, Madureira e Cruzeiro. Equipes tecnicamente superiores ao Bonsucesso e ao Tigres, que levaram de quatro do nosso Fluminense, mas que, por serem bem inferiores ofensivamente, não conseguiram converter em gols as poucas chances que criaram, por lhes faltar um mínimo de qualidade no ataque. Mas chegaram com a mesma facilidade, por faltar algo chamado Pressão.

Vejam a segunda fotografia referente ao jogo contra o Madureira: qual a semelhança com Volta Redonda e Cruzeiro? Resposta errada. Não há semelhança, e sim, identidade!

Pode-se fazer uma linha defensiva com seis jogadores: se o meio campo não estiver próximo dela, pressionando, toma-se gol. É assim no mundo inteiro, não haveria de ser diferente com o nosso Fluminense. Quem não tem uma dupla de volantes que saiba roubar bola e sair jogando ofensivamente, sem dar passe para o lado ou para trás, uma hora leva gol. Fato.

Pode até vencer um jogo ou outro. Mas vai passar perrengue sempre.

O que mudou com a saída do Gum (assim também espero que mude com a saída do Marlon, posto que o Renato Chaves é mais jogador: não pode a “Formiga” sambar na cara de um jogador tido como promissor, no mano a mano, ficando para trás igual uma corrida de cem metros, como foi contra o Madureira e no jogo de ontem), foi a redução de falha individual grotesca e comprometedora de saída de bola e passes errados.

O sistema defensivo continua desajeitado e assim ficará até que se rompa por completo com o falso paradigma de que o “cão de guarda protege a defesa”. Os dois volantes do Atlético Mineiro latem pra caramba e não são cachorros. São o segredo do time atleticano. Tanto é verdade que não pensaram nem duas vezes em liberar o Pierre para o Fluminense.

Cão de guarda não protege e nunca vai proteger uma linha defensiva no futebol moderno. Os gols sofridos estão aí para provar, todos eles no mesmo eito: passe vertical, diagonal, rasteiro ou ao alto. Tomamos saco, enquanto o cão de guarda late de longe.

Quando digo Douglas e Edson como volantes, sem que se determine, taticamente, quem é o primeiro ou o segundo volante, pois isso é despiciendo, bastando manter os dois alinhados (erra é a ratio do 4-2-3-1: os dois ficam na mesma linha, são primeiro e segundo volantes o tempo todo), é porque, levando-se em consideração os jogadores que temos no elenco atual, esses são os que não deixam espaço entre a zaga e o meio campo. Marcam e muito bem a saída de bola adversária e, na entrada da área, pressionam os meias ofensivos e atacantes adversários.

Se o Edson está ou não numa boa fase, são outros quinhentos. É chegar, conversar e ajeitar. Não é à toa que o Tite queria e muito o Edson. No jogo de ontem do Corinthians isso ficou evidente.

Palavra mágica: pressão entre meia lua da grande área e início do grande círculo do meio campo. Só eu vejo que falta isso? Para que essa linha de três defensiva, formada por Marlon na ponta esquerda, Henrique centralizado e W. Silva na direita cobrindo o primeiro pau, Pierre lá na frente bem distante da zaga, se o resultado, como cediço, é gol do adversário? Isso tem que mudar, para ontem.

Sinceramente, torço para o “Nelsinho Baptista”, Eduardo Baptista (para quem não sabe, o segundo é filho do primeiro e utiliza o mesmo esquema de jogo do pai) dar certo no Fluminense, ainda mais depois de ontem, seja por causa da maneira que comemorou o gol com o Scarpa, seja pela sinceridade e atitude de grande caráter demonstrada na entrevista, principalmente frisando que a sua multa rescisória em caso de demissão, é altíssima, sendo que não possui o menor interesse em romper o seu contrato. O seu trabalho está aparecendo, ainda que lentamente.

Todavia, se o Tite fosse o técnico do Fluminense, já estaríamos brincando nesse primeiro semestre. Discordo dessa história de “dar oportunidade aos jogadores”. Quem vive de paz, de caridade, respectivamente, é sacerdote ou “legiões da boa vontade” da vida. Fluminense vive de vitórias e conquistas, não de testes. A maior oportunidade já é jogar pelo Fluminense. Daí, estar em campo ou ser titular, há uma distancia enorme.

Não adiante insistir na pecha de escalar o trio Pierre, Magno Alves, Osvaldo, começando ou terminando uma partida. Nunca serão. Melhor sentar, conversar com esses jogadores para, no segundo semestre, buscarem outros ares. Serão mais do mesmo. Minha crítica não é pessoal aos jogadores, pois todos são gente boa, assim como o Gum o é. A crítica é no declínio tático do time com eles em campo. O que fez o Osvaldo no contra-ataque do Fluminense, no mano a mano com o zagueiro do Cruzeiro? Canelation para lateral, sozinho.

Assim não dá. Afastaria o pessoal para fazer um treinamento técnico e de finalização. Não é vergonha alguma. Muricy cansou de fazer isso em 2010, principalmente com o Conca, obrigando-o a finalizar na entrada da área. Repetição, é o que ex-técnico dizia.

Chega de improvisos; chega de Higor Leite de lateral direito; chega de Osvaldo no ataque; chega de Pierre como “cão de guarda”. Com base nessas premissas, que ao meu sentir devem ser o ponto de partida do nosso time, organize-se o Fluminense, ajustando-o para não levar tantos gols quando errar passes, como errou o Amorim. Errar passe faz parte do jogo.

O mundo inteiro erra. A recomposição e o reposicionamento tático para retomar a bola é o que tem que ser treinado nesse nosso time. Errou passe: geral corre para defesa, sem olhar para bola, sem olhar para o adversário: posicione-se taticamente: os grandes times fazem isso. O Galo faz, o Corinthians do Tite, todo desmantelado, consegue fazer.

Marcos Junior, torno a repetir: precisa melhorar esse temperamento com urgência. Vamos pegar arbitragem que adora nos garfar ao longo do ano. P…., se o Diego Souza conseguiu se equilibrar emocionalmente, como o Marcos Junior não consegue, cacete.

Falando em Diego Souza, como jogou e como ainda joga. Senhor do meio campo. Jogador completo. Uma dica: como é bom cabeceador, quando levarmos bola parada defensiva ou quando tivermos escanteio contra, interessante coloca-lo no segundo pau, da mesma forma que o Fred fica no primeiro, ajudando o sistema defensivo.

Por derradeiro, compreendo muito bem as críticas ao Giovanni. Precisa melhorar e muito. Não acertou um único cruzamento ontem, o que não lhe é comum. Nas poucas vezes que subiu no ano passado, a assistência resultou em gol. Taticamente, gostemos ou não, no momento, está melhor do que o Léo Pelé. Os últimos resultados mostram isso. Não perdemos. Mas aproveitaria a crise São Paulina e traria o Michel Bastos para o seu lugar, e ainda colocaria o Centurion no lugar do Osvaldo. Chances altas de dar certo.

Vamos que vamos, galera tricolor. Alvissareiro o que pode vir, sendo que temos uma boa sequência de jogos para, de fato, visualizarmos qual é a do Fluminense.

Rápida Triangulação:

– Quando estava a caminho das Dunas de Marapé, em Maceió, passei em frente ao CT do CRB, que está em fase intermediária de construção. Diga-se de passagem, num singelo olhar, já suscita inveja de muito clube grande. É claro que o metro quadrado por lá é bem mais barato, entrementes, cada um com a sua grandeza e os seus problemas; espero que o nosso fique pronto e operacional, mais tardar em dezembro desse ano. Já estou pensando em 2017. Se não perdemos os melhores jogadores, começaremos 2017 com um time pronto, como começou o Galo na Florida Cup, deixando os demais times com cara de Pateta.

– Eduardo Baptista: dentro da realidade do clube, bem como de mercado, não o demitiria não. Parece que está ajustando o time, sendo que ele não tem culpa das falhas individuais de alguns jogadores. Terá daqui pra frente, se não ajustar a zaga com os volantes, como já mencionei acima.

– Porque tanta insistência com o Osvaldo? Melhor seria dar uma oportunidade ao Eduardo, adiantando ou o Cícero ou o Diego Souza, para vislumbrarmos o que pode acontecer. Do jeito que está, não dá.

Marcos Túlio / Explosão Tricolor