Fluminense dá vexame histórico e Renato Gaúcho pede pra sair




Renato Gaúcho - FOTO: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C.
Renato Gaúcho - FOTO: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C.

Fluminense dá vexame histórico e Renato Gaúcho pede pra sair (por Lindinor Larangeira)

Feliz 2026, torcida tricolor! Para o Fluminense Football Club, o ano acabou bem antes das festas de réveillon, exatamente na vergonhosa noite de 23 de setembro, com a eliminação no torneio mais acessível do ano, em que o clube tinha a obrigação, no mínimo, de chegar à final.

Foi um verdadeiro show de horrores, mas é bom lembrar que, antes do treinador, os maiores responsáveis pelo fiasco estão fora de campo.

Uma diretoria nota zero em planejamento

Nos três primeiros meses do ano, o a direção do Fluminense manteve Mano Menezes no comando técnico do time, mesmo contra a posição majoritária da torcida. A justificativa do presidente Mário Bittencourt era um acordo feito com o profissional, que em caso de manutenção do clube na série A, teria a contratação renovada para poder trabalhar em uma temporada cheia. Os resultados desse acordo desastroso: uma montagem de elenco absolutamente equivocada, em que se gastou muito em jogadores que pouco acrescentaram, e o primeiro trimestre da temporada jogado na lata do lixo.

Dinheiro para investir, o Fluminense tinha. Porém, temos dirigentes que vendem mal e compram pior ainda. Após a negociação de Kauã Elias, era óbvio que um centroavante deveria ser contratado. Trouxeram Everaldo. Planejamento parece ser uma palavra maldita para os cartolas tricolores.

Everaldo - Fluminense Football Club
Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense F.C.

O “realizador de sonhos”

Se o maior reforço do Fluminense para a temporada era a renovação de John Arias”, por que o jogador foi vendido ao Bonsucesso da Inglaterra, ao preço de duas mariolas? Era o sonho do jogador? Ser reserva no lanterna da Premier League está mais para pesadelo.

Simplesmente, o clube se desfez do seu principal jogador, considerado por muitos o melhor em atividade no futebol brasileiro, atleta que tinha contrato a cumprir com o clube, por conta de um acordo informal e que foi confirmado pelo presidente, no sentido de “realizar o sonho do jogador de atuar na Europa”.

No momento, o tal sonho é cada vez mais distante, tanto para o atleta, quanto para o seu ex-clube.

Jhon Arias desencantou com a camisa do Wolverhampton
Foto: Wolverhampton

Quase 200 milhões foram gastos para formar um elenco mais desequilibrado do que o de 2024

Mesmo com a pior janela da história do clube, o quase rebaixado elenco de 2024 tinha opções melhores do que o atual, elenco em que o clube fez o maior investimento da sua história, gastando cerca de R$ 200 milhões.

Algumas contratações, como as de Everaldo, Otávio, Igor Rabello, Soteldo e Paulo Baya, que já saiu, são absolutamente inexplicáveis. Como também não tem explicação as renovações de Manoel e Thiago Santos. No campo do quase incompreensível também estão as contratações de Lavega e Lezcano, que mesmo há quase seis meses treinando, estariam “sem ritmo de jogo”. Esses dois jovens, quando tiveram oportunidade demonstraram qualidades.

Canobbio, Hércules e Freytes foram outros grandes investimentos para a temporada. Desses, o mais talentoso é o volante e os outros dois são boas peças para a composição do elenco, sendo que pela pobreza técnica do grupo, o esforçado uruguaio tem sido um dos destaques da equipe. Sobre Santi Moreno não dá para dizer nada ainda. De Lucho Acosta, é bom observar mais, mas parece ser bom jogador.

Resumo da ópera: não temos um centroavante. Um reserva confiável para Fábio. E, em várias posições, como as de quarto-zagueiro, lateral-esquerdo, primeiro-volante e meia de criação. O que temos são apenas jogadores para composição de elenco, como Guga, com contrato renovado por quatro anos. Traduzindo: planejamento falho.

Soteldo ainda não estrou pelo Fluminense no Mundial de Clubes da FIFA
Soteldo – Foto: Fluminense F.C.

No campo/bola, a responsabilidade não é dos “gênios da internet”, mas sua, Renato

No começo de abril, Renato Gaúcho chegou. Era a sétima passagem dele no clube. Ídolo nos gramados, prometia uma equipe corajosa, com espírito de time grande. A brilhante campanha na 1ª Copa do Mundo da Clubes da Fifa trouxe essa ilusão. O Fluminense competiu de igual para igual com os gigantes europeus e asiáticos, sendo o único clube fora da Europa a chegar à semifinais.

Na volta do sonho, a realidade: um treinador perdido, covarde e que transformava as modorrentas coletivas pós-jogo em momentos de soberba e total dissonância cognitiva. Culminando na derradeira e patética entrevista, em que afirmou que as redes sociais estão acabando com o futebol, e isso se devia aos “gênios da internet, que devem entender muito de futebol”, disse, de maneira jocosa.

Só não vou assumir essa carapuça, porque gênio não sou, além de um cara totalmente analógico. Alguém que ainda lê jornal impresso e ouve programas populares de rádio. Mas não é preciso ser gênio para saber que Everaldo é muito fraco e que Soteldo é muito mais um problema, do que uma solução. A minha mediana inteligência de cidadão comum só não conseguiu entender por que o treinador desprezou tanto a molecada de Xerém. Inclusive os dois que entraram e deram conta do recado, Júlio Fidélis e Davi Shuindt.

Renato Gaúcho
Foto: Lucas Merçon/FFC

Vexame, vergonha, humilhação, mico. Chamem a eliminação do que quiserem

Com todo o respeito ao “Maior clube de bairro do mundo”, o Fluminense tinha a obrigação de passar pelo Lanús. O time granate é padrão série B do Brasileirão. No jogo do Maracanã, o tricolor fez até um bom primeiro tempo, com belo gol de Canobbio, e, pelo menos, quatro oportunidades desperdiçadas pelo péssimo Everaldo. A segunda etapa só começou depois de uma treta nas arquibancadas, confusão entre a torcida visitante e a PM, que atrasou e esfriou o jogo.

As substituições de Renato, pioraram bastante o time. Cano não tem condições físicas e trocar um segundo-volante que pisa na área, por um primeiro-volante apenas marcador, que aliás, marcou muito mal nessa partida, foram alterações bem ruins. Bastava fazer o simples: JK no Everaldo e se Hércules realmente pediu substituição, Lima, que faz um segundo-volante, e busca o campo adversário, não se limitando apenas a marcar. Não precisa ser “gênio”, digital ou analógico para enxergar o óbvio.

Para piorar, a entrada de JK no lugar de Acosta, um dos poucos a conseguir reter a bola, foi um erro pra lá de crasso. Keno e Riquelme, que entrou numa tremenda fogueira, pouco acrescentaram.

No final, o agora, ex-treinador foi devida e merecidamente homenageado pela arquibancada.
Adeus, Renato. Seja feliz e não volte mais.

Otávio tentou culpar a torcida do Fluminense pela eliminação na Sul-Americana 
Foto: Marina Garcia / Fluminense FC

PS1: A torcida não rendeu as homenagens a quem, antes de Renato, foi o responsável pelo mico.

PS2: O grande responsável pelo mico, periga ser o presidente a perder nove jogos em sequência para o Botafogo. Dá-lhe, CEO!

PS3: Renato sai, mas deixa uma herança maldita venezuelana no elenco.

PS4: Cuca ou Rafael Guanaes. Como o presidente acredita que “treinador estrangeiro é modinha”, fico com esses dois nomes.  

PS5: Será que esse vexame trará de volta a pauta da SAF para o noticiário do Fluminense?

PS6: Faltam 14 ou 15 pontos…

PS7: Alguém ainda acredita em título da Copa do Brasil? Só se houver milagre.