Fluminense joga mal, vence e se classifica para as oitavas da Libertadores




Martinelli (FOTO DE LUCAS MERÇON / FLUMINENSE FC)

Fluminense joga mal, vence e se classifica para as oitavas da Libertadores (por Lindinor Larangeira)

“Venceu, mas não convenceu.” Essa máxima do futebol cabe muito bem para o jogo de ontem à noite, no Maracanã, em que o Fluminense garantiu, matematicamente e de forma antecipada, a classificação às oitavas de final da Libertadores e o primeiro lugar no grupo.

A notícia é muito boa. Mas o desempenho dos comandados de Fernando Diniz tem sido ruim. Tanto que, antes do início da partida, quando surgiu o nome do treinador no placar, um misto de vaias e aplausos ecoou por todo o estádio. Se o amor ainda não acabou, Diniz não tem mais a unanimidade da torcida.

Durante a longa coletiva pós-jogo, um dos poucos momentos de lucidez do treinador foi quando afirmou: “O melhor jogador que o Fluminense tem é a torcida”. Entender que é fundamental o apoio do torcedor, que não anda muito feliz com as sofríveis atuações do time, e resgatar a conexão campo-arquibancada, fundamental para a conquista da Glória Eterna, certamente será um importante reforço nesta temporada.

E apoio da torcida é o que não tem faltado. Como não faltou no jogo de ontem. Partida em que o primeiro gol premiou a boa atuação de Marcelo. Foi uma pintura. Como diziam os antigos cronistas esportivos: “Deu vontade de pagar outro ingresso”.

Mas as comemorações duraram pouco. Em uma das recorrentes falhas defensivas do tricolor, o Cerro empatou. O lance me pareceu falta, no meu ângulo de visão no Maracanã, mas foi normal. Um dos poucos vacilos da ótima atuação de Alexsander, jogador que, mesmo sem estar na plenitude da forma, tem que ser titular desse time.

Se Alexsander e Marcelo foram, para mim, os melhores, Martinelli, novamente no sacrifício, jogando improvisado na zaga, e acabando na lateral-direita, também foi bem. Ganso, não só pelo gol de puro oportunismo, mas por ser o grande maestro do time, foi outro destaque. Fábio teve pouco trabalho e nenhuma culpa no gol dos paraguaios. Guga, dentro de suas limitações, fez uma partida bastante honesta. Inclusive foi o autor do cruzamento para o gol da vitória.

Ainda sobre as atuações, Antônio Carlos é como um trem-fantasma: a todo momento nos dá sustos. Lima pouco agregou ao equilíbrio da equipe. Arias, mesmo muito abaixo do seu nível normal, é o motor desse time. Cano, quando se recuperar inteiramente do problema no joelho, pode voltar a ser a velha máquina de fazer gols. E Keno não conseguiu vencer a forte marcação da defesa guarani.

Os que entraram foram discretos. Não comprometeram nem acrescentaram muito. JK continua me parecendo pesado e com pouca mobilidade. Renato Augusto ainda não justificou a expectativa e a contratação. Felipe Andrade me pareceu um pouco mais tranquilo. E o garoto Isaac deveria ter tido mais tempo em campo.

Em relação ao time, continua com graves problemas defensivos. O principal talvez seja a lenta recomposição. Tem que buscar o equilíbrio quando Ganso e Marcelo estão sem a bola. Também vejo uma equipe espaçada. Sem compactação e que quando sobe a marcação, oferece muito campo ao adversário.

Percebo também que não falta entrega aos jogadores, o que é muito bom. Porém, a organização e a intensidade ainda não são pontos fortes da equipe.

No final, valeram os três pontos, a classificação antecipada, os US$ 330 mil de premiação da Conmebol pela vitória, e, principalmente, mais alguns dias de paz. Que esse período seja bem aproveitado por Diniz para corrigir os “muitos defeitos”, outra observação tão lúcida quanto óbvia, que fez na coletiva.

Quero crer que o copo está meio cheio. Mas se está meio cheio, também está meio vazio. É preciso encher esse copo, com um futebol que faça a parte da torcida, justificadamente descontente, trocar as vaias pelos aplausos e brindar com a bebida preferida de cada um.

A partida final da fase de grupos da Libertadores é uma excelente oportunidade para virar essa chave e encher um pouco mais esse copo.

PS1: Washington Rodrigues, o Apolinho sempre será uma referência de bom jornalismo, gentileza, inteligência, irreverência e de como comunicar para o povão. Um cara de bem e do bem. Geraldinos e arquibaldos choram por você, velho Apolo.

PS2: “Pelo amor dos meus filhinhos”, perdemos o narrador esportivo mais espirituoso e divertido da TV. Além de ter uma voz poderosa e marcante. Quem ama o futebol, por definição, admirava o grande Sílvio Luiz.

PS3: Junto com o “amigão” Paulo Soares, esse cara proporcionou alguns dos momentos mais divertidos do jornalismo esportivos. Mesmo vestindo sisudo paletó e gravata, Antero Greco nunca perdia a oportunidade de melhorar o futebol, com suas tiradas inteligentes e engraçadas.

PS4: Que esses três gigantes, verdadeiros mestres do jornalismo brasileiro, descansem em paz. Minha solidariedade aos seus familiares, amigos e admiradores (aos quais me incluo).

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