Gestão de vestiário ou da equipe em campo?




O resultado de domingo foi péssimo! Empate dentro de casa contra o Bahia nunca deve ser comemorado. Apesar disso, o primeiro tempo da equipe não foi dos piores. Excetuando a falha coletiva que resultou no gol do time baiano e o chute horroroso do Marcos Jr, o Fluminense teve volume de jogo e encontrou a raça até então desaparecida. Alento? Não. Apenas reconhecimento do que se viu na partida.

Correndo o risco de ser achincalhado nas redes sociais, fato é que não acho o time do Fluminense tão ruim para se encontrar na situação atual. Extraindo a eterna falta de elenco proporcionada pelo pensamento pequeno da diretoria, penso que o time tricolor teria condições de estar em uma posição melhor na tabela do Brasileirão.

Explico a minha posição.

A zaga é ruim e não inspira confiança; o Lucas esqueceu a velocidade no primeiro trimestre do ano e o Cavalieri não sabe sair do gol. A partir daí, porém, temos um time razoável que, se bem treinado e com boa organização tática, teria condições de ir mais longe na temporada.

Marlon, cada dia mais, tem se mostrado imprescindível ao time. Possui boa velocidade e uma precisão incrível nos cruzamentos. Não se limita a jogar a bola na área. Richard é um achado e dá a segurança necessária na saída de bola. Sempre de cabeça erguida e disposto a encontrar o companheiro desmarcado e em melhores condições de receber o passe. Douglas não compromete e, quando Wendel colocar a cabeça no lugar, é uma excelente opção para o meio.

Sornoza, apesar de burocrático, tem qualidade no passe e nos lançamentos, além de um domínio de bola invejável. O seu companheiro de articulação de jogadas, Gustavo Scarpa, mesmo vaiado no primeiro tempo da partida, possui qualidade e procura o jogo. Nunca se omite. Tem coragem de arriscar e possui bons números no Brasileiro: 61 assistências para finalização e nove para gols. Não dá pra crucificar o atleta.

No ataque, além do artilheiro do campeonato, o time possui bons companheiros para Henrique Dourado. Marcos Jr e Welington Silva não são jogadores medíocres. Pelo contrário. Cada um com a sua particularidade, teriam lugar nos grandes times do país.

Mas então fica a pergunta: por que a campanha do Fluminense é tão ruim nesta temporada?

Em primeiro lugar, não podemos esquecer que o time mostra em campo uma apatia própria da falta de comando. Pedro Abad e sua trupe não sabem comandar um clube de massa e se escondem covardemente dos grandes problemas tricolores. Só aparecem na vitória. E essa postura é refletida nos jogadores. É visível que o time já entra em campo cabisbaixo e sem a confiança dos grandes. Coisa de diretoria que pensa pequeno.

Depois, os diversos problemas de contusão ao longo da temporada dificultaram a armação da equipe. Basta lembrarmos que Sornoza, Gum, Wellington Silva, Douglas e outros mais ficaram muito tempo longe dos gramados. Ainda que o elenco fosse numeroso, o excesso de contusão prejudica a equipe.

Por fim, Abel Braga é bom de vestiário e ruim de organização da equipe. Na verdade, muito ruim! Desde o início do jogo vemos é um time sem variação tática, jogadas imprevisíveis ou lances ensaiados. Nada! O que ele faz com mais frequência é o irritante arremesso de lateral pra dentro da área. Há vários jogos isso não rende uma chance de gol sequer. E não vejo esperança de mudança.

Abel Braga, por exemplo, escala Gustavo Scarpa em uma função fixa: buscar a bola e procurar armar as jogadas pelo meio ou pela direita. Sornoza não se aventura muito ao ataque e organiza a equipe a partir da intermediária adversária. Douglas não avança e Richard vai pra área apenas nos escanteios. É um time fácil de marcar porque joga um futebol dos anos 50.

Talvez por falta de conhecimento técnico, Abel Braga não aproveita as peças que tem. Não ousa com uma possível subida de Richard, uma troca de posições entre Scarpa e Sornoza e até mesmo Marcos Jr. Não incentiva Douglas ao arremate. Enfim, o time não leva perigo ao gol adversário porque é mal organizado taticamente.

Temos uma bela equipe? Longe disso. Mas o Fluminense tem condições de apresentar um melhor futebol se a parte tática for mais bem estruturada.

Fica o dilema: é melhor um bom gestor de vestiário ou um bom organizador tático de equipe? O ideal é a reunião dos dois em um único treinador. Com Abel Braga isso não será possível. Espero que a força que ele tem com o elenco seja suficiente para a vitória na quarta contra o Flamengo.

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. Não achei justa a vaia para Scarpa. Tem vários outros atletas que se escondem em campo e que não possuem uma vida profissional fora dele. O nosso meia busca o jogo o tempo todo e se dedica ao máximo. Erra, mas não se omite. Merece nosso crédito.
  2. Richard vem fazendo belas partidas. Jogador de estilo clássico, que joga de cabeça erguida e para o time. Vai longe o volante tricolor!
  3. Alguém aí sabe quanto a Universal Orlando Resort vai pagar pela divulgação de sua imagem? Certamente só alguns poucos conselheiros do clube, além do presidente. Nada é divulgado. Falta transparência a Abad, bem como capacidade de gerir uma agremiação esportiva do tamanho do Fluminense. É “sofrível” a nossa diretoria!
  4. Apesar de apoiar Scarpa, ele tem que entender que a torcida tem o direito de vaiar. Não concordo com os motivos, mas o jogador tem que levantar a cabeça e não se chatear com isso. Afinal, as vaias fazem parte do modo de torcer de um time grande. Sem rancor garoto!
  5. Pra mim, Gum é um grande guerreiro e verdadeiro tricolor! Ponto final.

Evandro Ventura

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