Globo Esporte lista cinco fatores que explicam o péssimo início do Fluminense em 2023




Treino no CT Carlos José Castilho (Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense F.C.)



Torcedores e espectadores dos jogos do Fluminense em geral ainda tentam entender o motivo de o time de Fernando Diniz não ter apresentado um bom futebol até agora no Campeonato Carioca depois de um ano tão bom como 2022. Após seis partidas no Estadual, a equipe tem três vitórias, um empate e duas derrotas. Porém, mesmo quando venceu, não conseguiu fazer uma exibição convincente.

Os motivos cogitados na arquibancada, mesas de bares e conversas no celular variam aos montes. Para tentar responder o que está dando errado com o Flu neste início de temporada, o portal ge separou cinco pontos que chamam a atenção na primeira metade da Taça Guanabara.

Parte física

É talvez o principal fator. É nítido que o time está se arrastando em campo e não tem a mesma intensidade do ano passado, o que faz muita falta para funcionar o “Dinizismo”. Os jogadores não conseguem pressionar a saída de bola adversária como antes e nem se movimentar com a frequência necessária para criar espaços e dar opções de passes contra defesas em bloco baixo. Em entrevista no início do ano, o técnico ressaltava a importância da dedicação dos jogadores.

A equipe teve mais posse de bola em todos os seis jogos até aqui (61% contra o Resende, 62% contra o Nova Iguaçu; 69% contra o Madureira; 67% contra o Boavista; 68% contra o Botafogo e 70% contra o Volta Redonda), mas na maioria do tempo não soube o que fazer com a bola e acabava tocando para trás.

Nesse cenário, é inevitável a crítica em cima dos 50 dias de férias do elenco, que foi o último do Rio de Janeiro a se reapresentar. O clube chegou a passar uma cartilha de exercícios individuais nas últimas semanas de folga, e a comissão técnica até elogiou publicamente o condicionamento dos jogadores no retorno aos treinos e fez uma pré-temporada puxada. Porém, ainda não parece ter surtido efeito. Internamente, muitos já reconheceram que o time está mal fisicamente.

Cano pouco municiado

Artilheiro do Brasil em 2022 com 44 gols, Cano muitas vezes decidiu jogos complicados a favor do Fluminense com suas finalizações precisas. Mas neste início de temporada temos visto pouco o argentino ter chances claras. E o baixo número de finalizações do centroavante é um exemplo disso.

Nos quatro jogos em que esteve em campo, Cano teve oito finalizações em 366 minutos (média de aproximadamente uma a cada 46 minutos). No ano passado, o argentino teve 208 finalizações em 5.846 minutos (média de aproximadamente uma a cada 28 minutos).

Cano teve uma finalização contra o Resende, três diante do Madureira (uma bloqueada), uma no clássico com o Botafogo e três contra o Volta Redonda. Porém, foram raras as chances de gol.

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Refém do chuveirinho

Dos cinco gols do time até aqui, quatro nasceram de cruzamentos para a área: o gol contra de Joanderson, do Resende; o chutaço de Lima diante do Nova Iguaçu pegando a sobra; o de Arias após escanteio contra o Madureira e o gol contra de Kevem, do Boavista. A exceção foi o de Alan, que foi de bola parada na estreia: em cobrança de pênalti.

Com o time mal fisicamente, tem sido comum ver os jogadores levantando bolas na área, mas o problema é que não há nenhum atacante de grande estatura ou exímio cabeceador no elenco. Cano tem só 1,76m de altura; Willian Bigode, 1,71m; Keno, 1,78; e Alan, o mais alto, 1,82m. Os zagueiros Nino e Manoel são os melhores no fundamento, mas só conseguem subir nas bolas paradas.

Armadilha x linha alta

Soma-se a isso o fato de os adversários terem encontrado uma “armadilha” contra o “Dinizismo”: a bola longa nas costas da linha alta defensiva. Com os jogadores mal fisicamente, isso virou o grande “calcanhar de Aquiles” do Fluminense neste início de 2023.

Dos três gols sofridos até aqui, dois foram assim: o de Victor Sá, do Botafogo, que soube marcar a linha de impedimento de Samuel Xavier; e o de Lelê, do Volta Redonda, que ganhou na velocidade de Manoel e Calegari.

E ainda houve mais chances claras para os adversários em jogadas assim: Luiz Paulo, do Madureira, entrou livre na área, mas demorou a chutar e permitiu o bote de Nino; Carlos Alberto, do Botafogo, que saiu cara a cara com Fábio e parou no goleiro; e uma com Lelê, do Volta Redonda, mas o camisa 1 tricolor fez duas defesas seguidas à queima-roupa.

Clima pesado

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O episódio envolvendo o pênalti cobrado e perdido por Calegari contra o Botafogo não acabou no clássico. O auxiliar Eduardo Barros deixou claro que a decisão do cobrador foi tomada em campo, o que deixou Diniz muito irritado. O treinador subiu muito o tom no vestiário e deu uma bronca generalizada, a ponto de dizer que se os jogadores não querem comando não precisavam mais dele.

O tema foi abafado ao longo da semana, com conversas internas e sem entrevistas para a imprensa. Nos bastidores, o assunto era considerado “página virada” e encarar o jogo seguinte como chance de dar uma resposta. Mas o clima no CT Carlos Castilho foi considerado pesado pelos jogadores, e o esperado resultado contra o Volta Redonda não veio.

Quem esteve no Raulino de Oliveira viu algumas discussões entre jogadores durante o jogo, como por exemplo um bate-boca entre Ganso e Fábio. Havia uma preocupação da torcida para que o vestiário não tenha rachado, mas André demonstrou que o grupo segue unido em postagem nas redes sociais e prometeu que todos vão “trabalhar dobrado” para espantar a má fase.

O Fluminense volta a campo no próximo domingo, quando enfrenta o Audax, às 18 (de Brasília), no Maracanã, pela sétima rodada do Campeonato Carioca. Ainda não é certo se Fernando Diniz, que estará de volta após cumprir suspensão, levará a campo os melhores jogadores que têm à disposição. O Flu é o quarto colocado da Taça Guanabara, com 10 pontos e está a quatro do líder Flamengo. Além disso, está um ponto na frente do Bangu – primeiro time fora da zona de classificação – e dois na frente do Vasco, que tem um jogo a menos.



Por Explosão Tricolor

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