Gol polêmico? Não. Gol legal, mas imoral






Gol polêmico? Não. Gol legal, mas imoral (por Lindinor Larangeira)

Peço desculpas aos meus poucos leitores,  incluindo o parceiro Vinicius Toledo, mas hoje não vou falar de Fluminense. Até porque, a grande discussão desta semana começou entre os 13 e 14 minutos do primeiro tempo do jogo entre América-MG e Santos, na noite de sexta-feira, no Estádio Independência, na bela Belo Horizonte, pela série B do Brasileirão.

A maioria das manchetes da imprensa tratou o lance como “gol polêmico”.  Em minha opinião é um erro. O gol não foi polêmico. Pela regra do futebol, foi rigorosamente legal. Já no outro sentido dessa palavra, não foi nada legal a total ausência de fair play do jovem e talentoso atacante Renato Marques, do Coelho.

A polêmica não é sobre o lance, mas sobre a atitude do atleta. Não me cabe aqui culpar o jogador,  que tem apenas 20 anos, ou questionar a arbitragem de alguém que já apitou Copa do Mundo. A parte que me cabe, como analista e amante do futebol é opinar sobre esse fato, que creio vai gerar um profundo debate, que espero, termine em relações e atitudes mais civilizadas, dentro e fora de campo.

“A regra é clara”, já dizia um ex-comentarista de arbitragem e juiz de final de Copa do Mundo. O bom senso, talvez não seja tão claro assim. E creio que faltou bom senso. Tanto por parte do atacante, em sua mocidade, quanto ao experiente árbitro Wilton Sampaio.

Se Renato Marques prosseguiu no lance, ao perceber a lesão do ótimo goleiro João Paulo, Sampaio deveria ter paralisado o jogo. Após a conclusão da jogada, nada poderia ser feito, além da validação do tento.

Gol polêmico? Não. Gol legal, porém imoral. Imoral por ferir uma das principais regras não escritas do futebol, que é o fair play.

Felizmente,  nosso esporte ainda tem pessoas que exercem a cidadania e o respeito, como o capitão do América, o volante Juninho. O depoimento do jogador, no intervalo da partida, reflete o que deveriam ser as relações no esporte mais popular do mundo.

“Sendo sincero aqui, acho que erramos, quando se fala de fair play. Alguns dias atrás, eu falei sobre essa tragédia de Porto Alegre e cobrei que nós, seres humanos, nos tornássemos pessoas melhores. Na primeira oportunidade que nós tivemos de demonstrar isso, a gente falhou. Não estou aqui falando que o Renato falhou. Nós falhamos, na minha humilde opinião”, afirmou Juninho.

Como o capitão do Coelho, espero que esse “gol polêmico” gere bons debates sobre ética, respeito e civilidade, não somente no futebol, mas em todos os campos da vida.

PS1: Por mais Juninhos no nosso futebol e na nossa sociedade.

PS2: Como é muito jovem, Renato Marques terá tempo de evoluir como atleta e cidadão. Que tenha sido um aprendizado para ele.

PS3: O bom senso tem que ser uma das principais regras de arbitragem,  de cidadania e de relacionamento social.

PS4: Vamos continuar ajudando nossos irmãos e irmãs do Rio Grande do Sul.