Intolerância Tricolor




Torcida Tricolor
Torcida Tricolor

Amigos, resolvi aproveitar este período sem jogos do Fluminense, para abordar um assunto que têm suscitado muita polêmica nas redes sociais Tricolores.

Inicialmente, gostaria de ressaltar que entendo que as redes sociais são um espaço fundamental para saber o que ocorre com o Fluminense em seu dia a dia.

Eu mesmo raramente entro em grandes portais de notícias, já que sigo tudo o que me interessa no twitter, e acesso o que entendo relevante diretamente da minha timeline.

As redes sociais, desde o surgimento do Orkut na década passada, também nos possibilitaram participar de debates com uma gama muito maior de torcedores, além de obter notícias e opiniões diretamente de tricolores, o que nos protege de certa forma da “Flapress” presente nos meios tradicionais de comunicação.

Por isso, costumo dizer que as redes sociais tiraram inúmeros torcedores do “anonimato”, status este em que humildemente me incluo. Isto porque se antigamente só tínhamos a possibilidade de dividir nossa opinião sobre o Fluminense com os amigos mais próximos, que iam aos jogos conosco, hoje em dia temos vários amigos virtuais, e qualquer assunto levantado possibilita um saudável debate com eles, e também com desconhecidos que nunca imaginamos interagir.

Porém, tenho visto ultimamente algo na torcida virtual tricolor, que não tem me agradado: A intolerância com posições dissonantes ou contrárias.

Antes de adentrar neste mérito, deixem-me fazer uma ressalva. A intolerância que reclamo é entre Tricolores, e não no trato com profissionais da imprensa. Neste último caso, só tenho a parabenizar a torcida Tricolor pela defesa incansável dos interesses do clube. O que, aliás deveria ser feito, e sabemos, é completamente ignorado por uma diretoria bastante omissa neste sentido.

Em compensação, vejo muita intransigência entre os próprios Tricolores na discussão dos assuntos mais corriqueiros da nossa rotina, desde o desempenho de determinado jogador, até condutas da diretoria.

Precisamos desarmar o espírito e aceitar opiniões diferentes das nossas. Afinal, é através da discordância que se alcançam as soluções de muitos problemas.

Mas os que discordam, também devem fazer de forma mais educada, fundamentando sua discordância em fatos, e não em ataques diretos a quem opina.

A divergência de opiniões é extremamente saudável ao debate, e devemos nos alegrar por existirem opiniões contrárias às nossas já que, especialmente quando o assunto é futebol, sabemos que não estamos sempre certos.

Vejamos por exemplo, o caso da diretoria tricolor. Eu tenho uma série de ressalvas a esta diretoria, assim como também tenho vários elogios a serem feitos. E todos eles assim o foram neste espaço, onde já elogiei e critiquei nossos dirigentes.

Mas sempre aparecem defensores da situação dizendo que quem critica a diretoria é corneteiro, que só está querendo tumultuar o ambiente, e etc. Assim como sempre aparecem críticos da situação dizendo que quem elogia a diretoria é porque faz parte do grupo político da situação e etc.

Ora, porque não posso criticar e elogiar sem ser corneteiro ou situacionista?

A patrulha existe até mesmo em relação aos atos da própria torcida. Vejo muitos criticando, por exemplo, que a torcida tricolor não vai ao estádio. Ok, crítica justa. Mas, já paramos para pensar por que motivo isso acontece? Isso é um problema da torcida tricolor especificamente, ou vem de uma questão mais ampla que afeta quase todos os times do Brasil?

Somos o 5º time em média de público até a 7ª rodada, atrás apenas de Palmeiras, Flamengo, Internacional e Corinthians. Destes quatro, Flamengo e Corinthians possuem uma torcida consideravelmente maior, enquanto Internacional e Palmeiras possuem programas de sócio torcedor infinitamente melhores sucedidos que o nosso.

Estamos tão ruins assim? Estamos em 8º lugar no campeonato, perdendo em torcida apenas para dois clubes que possuem mais de 100 mil sócios torcedores, e os dois de maior torcida do Brasil. Numa proporção infinitamente menor ao que apontam estas péssimas pesquisas de torcida.

Isto comprova que o problema de frequência nos estádios é nacional, e reflete uma série de questões como a péssima qualidade do nosso futebol, violência, situação econômica do país, preço dos ingressos, quantidade de jogos, dificuldades de acesso, concorrência com outras opções de lazer, falta de infraestrutura (estacionamentos decentes, por exemplo), falta de capacidade dos dirigentes em promover o evento, péssimo tratamento dado pelo consórcio Maracanã à torcida, e etc.

Mas, basta termos um público de 15 mil pessoas, para eu ler coisas do tipo: “A torcida do Fluminense é ridícula” “Só vai na boa ou quando a vaca está indo para o brejo”, e etc.

Não estou desestimulando as pessoas de irem ao estádio, longe de mim. Se fizesse isso, eu estaria depondo contra mim mesmo, e contra o Fluminense. Eu só acho que cada um tem a sua vida, suas obrigações, compromissos, necessidades e dificuldades.

Isto é apenas um exemplo para mostrar que não podemos ser intolerantes em nossas opiniões. Toda história sempre tem dois lados e, em se tratando de futebol, dificilmente há uma verdade absoluta.

Isto quer dizer que ninguém pode se manifestar sobre o que pensa da frequência da torcida tricolor? Claro que pode. Pode e deve. É um direito de todo frequentador do Maracanã, achar que a maioria da torcida tricolor não dá um algo mais ao clube. E, de certa forma, também estará com a razão. Só que existem formas de manifestar a opinião, e a correta não é com ataques pessoais às posições contrárias.

Debate e discordância com inteligência e educação. É isso que precisamos.

Abs,

Alan Petersen