Joias de Xerém para tapar o déficit?




A Flusócio, grupo político de base de sustentação da atual gestão do Fluminense, publicou no seu site, que votará a favor do Orçamento 2015, que prevê um considerável déficit de R$ 46 milhões. Na sua publicação, o grupo político justifica seu voto pelo fato de não contar com receitas extraordinárias, entre elas, venda de direitos sobre atletas. Considerando o elevado déficit, e analisando o atual elenco, Gerson, Kenedy e Marlon seriam os únicos atletas que poderiam “zerar a pedra”. A notícia preocupa bastante, pois a questão financeira poderá afetar na qualidade do time para o segundo semestre. Confira abaixo, a publicação divulgada no site da Flusócio:

“No próximo dia 31 será votado o Orçamento de 2015 do Fluminense FC.

Mais uma vez o clube adotou uma estratégia conservadora na confecção orçamentária. Por “estratégia conservadora” entende-se não orçar receitas extraordinárias (como um possível patrocínio para mangas da camisa, venda de direitos sobre atletas, aumento da receita social com novos planos, aumento de bilheteria e premiação) nem forçar reduções absurdas nas despesas (como salários e fornecedores) para não inflar o resultado final com situações hipotéticas que fujam da realidade, como era frequente no passado e como ocorreu na apresentação de orçamentos de outros clubes brasileiros, onde receitas futuras de vendas de jogadores foram majoradas para a casa de dezenas de milhões de reais, assim como premiações, para valores equivalentes a times que conseguem fazer a “Tríplice Coroa”. Por outro lado, nestes clubes pagamentos de impostos e salários foram reduzidos em suas previsões, o que deixou resultado e caixa positivos, graças à aparente maquiagem.

A mesma estratégia conservadora foi adotada pelo Fluminense no último ano, quando foi orçado um déficit total de R$ 36 milhões. Comparando o valor realizado com o que foi orçado, o déficit realizado até Setembro de 2014 foi de apenas R$ 300 mil, ou seja, durante ¾ do ano, o déficit real foi de menos de 1% do déficit total orçado, o que corrobora a tese da adoção de orçamentos com viés conservador.

Adotando estas premissas, para 2015 foram orçadas receitas na ordem de R$ 137 milhões, gerando déficit operacional de R$ 5 milhões, desmembrado da seguinte forma: um pequeno superávit (cerca de R$ 100 mil) para o Futebol e déficits de cerca de 3,8MM (Social) e 1,3MM (Esportes Olímpicos). Porém, como a dívida do clube continua muito alta (mesmo com forte redução nos últimos anos), as despesas financeiras e de atualização de tributos tornam-se, proporcionalmente, muito elevadas. Para 2015 foi orçada despesa total de R$ 34 milhões nestas duas rubricas que servem, basicamente, para rolar a dívida. Com isso, o déficit total contábil foi de R$ 39 milhões, sendo que deste valor, R$ 11 milhões referem-se a custo de amortização de jogadores, meramente contábil. Desta forma, o déficit real apresentado é de R$ 28 milhões.

Com relação ao fluxo financeiro, seguindo com o viés conservador, a necessidade de caixa do clube será de R$ 46 milhões até Dezembro/2015. É importante salientar que mesmo com este perfil, o saldo seria positivo se fossem considerados apenas as entradas e saídas de caixa referentes ao período de 2015, demonstrando a preocupação atual em “gastar menos do que arrecada” nas operações correntes, estancando a geração de dívidas futuras.

O grande problema, mais uma vez são as dívidas passadas, que apesar de “controladas” e jogadas para o longo prazo através de acordos como Ato Trabalhista, Refis e Timemania  geram enormes desembolsos mensais. Apenas com estes acordos e mais dívidas bancárias o clube pretende gastar R$ 47 milhões até o final do ano. Ou seja, 43% das entradas atuais de caixa servem para pagar dívidas do passado, o que demonstra esforço em pagar débitos anteriores sem gerar novos, mas também evidencia a necessidade urgente de gerar novas receitas para fechar esta conta.

A Flusócio deliberou internamente na última reunião do grupo, realizada em 23/03, e decidiu que votará pela aprovação do orçamento por alguns motivos: Em primeiro lugar, existe a possibilidade latente de geração de novas receitas, que melhorariam imediatamente o resultado. Além disso, é visível o arrocho fiscal que o clube vem promovendo para pagar dívidas, sem comprometer as despesas correntes. Vale lembrar que em 2014 a redução da dívida foi na ordem de R$ 30 milhões, na contramão de outros clubes brasileiros que vem aumentando fortemente suas dívidas, gerando problemas para mandatos futuros, como bolas de neve. Para os próximos anos, o horizonte torna-se melhor, tendo em vista os aumentos de receita de TV e patrocinador master, o que possibilitaria o clube trabalhar com um perfil mais agressivo em suas operações correntes sem comprometer o atual aperto fiscal para pagamento de dívidas do passado.”

Por Explosão Tricolor / Fonte: Flusócio