Jorge Macedo comenta sobre mudanças no Flu, reforços, estádio e muito mais. Confira!




O novo diretor de futebol do Fluminense, Jorge Macedo, concedeu entrevista ao portal Globoesporte. De volta ao clube em que trabalhou por quase dois anos em Xerém, entre 2010 e 2011, Jorge tem o desafio de reconduzir o Tricolor ao caminho das vitórias e títulos. Confira abaixo!

Diferença base x profissional  

Jorge Macedo: É muito grande. Os problemas são os mesmos, mas com dimensão muito maior. O profissional tem um elenco de 30 atletas, que tem de ser acompanhado de perto. Não pode deixar faltar nada, não deixar nenhuma influência externa atrapalhe. Tem de blindar. Fazer uma boa relação entre CT e direção. Tudo o que é feito tem uma proporção grande. Tem de pensar muito bem em qual consequência a atitude que será tomada irá ter. A gente trabalha com artistas. Jogadores são vaidosos. Tem ego. Tem de cuidar para não errar e causar problema.

Flamengo  

Jorge Macedo: O Inter trocou de gestão de 2014 para 2015. Fiquei no começo sem saber se ficaria. Fiquei. Houve conversa com Flamengo, com Rodrigo, Fred e Eduardo. Não houve acerto financeiro. Tinha ideia de voltar ao Sudeste. Aqui é diferente. Sempre tive a vontade de não ter aquela imagem “O Jorge do Inter”. Decidi voltar, fiz a base no Flu. Foi uma surpresa. Tinha voltado a conversar com Peter Siemsen nos EUA. Ele me ligou um dia, explicou a situação. Contou o projeto. Fluminense é um clube que vem de reformulação desde a saída da Unimed. Anda com as próprias pernas. Vai ter CT, daqui a pouco parte ao estádio. Gostei do projeto e quis fazer parte. Mesmo sabendo que haverá eleição. Confio no meu potencial.

Mudanças no Flu  

Jorge Macedo: É um clube muito mais organizado. No administrativo, no marketing, na comunicação. O vestiário mudou pouco, tem o museu. É no pensamento. Sabe onde quer chegar. Se panejando para tal. Sem fazer loucura. É referência na base, com Xerém. Vejo que caminha na direção certa. Precisa de continuidade. A saída da Unimed demanda tempo. Vai melhorar com o passar dos anos. Vai estar sempre brigando por títulos.

Diagnóstico ao chegar no Flu  

Jorge Macedo: Já havia um planejamento ao ano, de elenco. Houve a saída de treinador. O Mario me ajudou na primeira passagem, trabalhei muito com Fernando. O elenco é muito bom. Precisa de confiança. Agora, temos um comando técnico forte. Um treinador que pudesse dar essa confiança, tem experiência. O jogador sente e passa a jogar melhor. Já vejo isso. O grupo melhorou. Falamos no Sul que começa a acertar atrás e depois pensa na frente. Levir tem conseguido fazer isso, passará a dar confiança e o time vai render mais.

Primeira medida  

Jorge Macedo: A primeira decisão foi ter diálogo. Sou pessoa que procuro dar oportunidades a todos. Reuni todos os funcionários para sentir o pensamento deles. Um líder tem de deixar os funcionários livres a trabalhar. Dar confiança. Tem de dar oportunidade de evoluir. As pessoas não podem ficar travadas nas suas funções. Passei por todos os departamentos e fiz isso. Se há um bom ambiente na equipe de apoio, vai refletir no grupo de jogadores. Depois disso, falei com os jogadores. Aos poucos, vai se resolvendo eventuais pendências e se estimula as pessoas a produzirem mais. Quis saber o que eles achavam que precisava melhorar. Por exemplo, vamos adquirir softwares na área de análise de desempenho, outro na fisiologia, outros equipamentos para fisioterapia. Se escuta muita coisa ao chegar a um lugar, mas tem de dar oportunidades a todos. Quando cheguei em Xerém, se tivesse adotado o relatório, teria demitido umas 20 pessoas. Não o fiz. E hoje muitos deles estão no profissional.

Primeira mudança  

Jorge Macedo: Não fiz nada drástico. O comando mudou. As mudanças se fazem ao longo do tempo. Tem de conhecer o ambiente. É uma cultura nova. Não é porque deu certo no Sul, que vai dar certo aqui.

Ano eleitoral  

Jorge Macedo: As coisas políticas não podem entrar ao vestiário. É o maior desafio. Não depende só de mim. Minha ideia é blindar o vestiário disso. Presidente vai assumir isso. Se o time estiver bem, será melhor a todos os candidatos. Todos são Fluminense. Não senti que havia essa influência. Presidente fez uma mudança. Se tinha problema, não tinha mais. Não tenho preocupação (eventual saída). Vim sabendo da situação. Tenho contrato até o final de 2017. Se quem entrar achar que tenho de sair, sem problema. Não tenho mais isso, sou bem resolvido. Tem trabalho a todos. Quem faz trabalho honesto e com respeito, se enquadra. Minha ideia é ficar. Vou cumprir o contrato e, se possível, ficar mais.

Vice de futebol  

Jorge Macedo: É importante ter, dá respaldo político. Alinha as questões políticas e institucionais.

Fernando Carvalho  

Jorge Macedo: É uma pessoa que modificou o Internacional. A gente fala que tem o Inter antes e depois dele. Tenho contato até hoje. É uma pessoa que adora futebol, assiste futebol. Tem ideias claras. Gosto de conversar, ele enxerga bem o jogo, conhece tudo que é jogador. Tenho relação boa, assim como outros dirigentes. Peguei ele desde o começo, ele era diretor da base. O filho dele jogou comigo por 10 anos. Foi uma relação direta. Até quando se afastou um pouco do clube. “Doutor”. Isso até no trato pessoal. Tenho respeito e gratidão por ele. Sempre o chamei assim. E nunca perdi. Ele sabe deixar um ambiente muito favorável. Desde a base, tem muito diálogo. Com todos, funcionários e atletas. Para ele tomar uma decisão drástica, conversa com todo mundo. Isso aprendi com ele: saber ouvir as pessoas. Tem de refletir, tomar a decisão e ser firme. Ele sempre diz que nunca se pode tentar enrolar jogador de futebol. Tem de dizer e cumprir. Não pode ficar naquela “vamos ver”, “falamos depois”. Tem de resolver. Presenciei. É assim nas horas boas e ruins. Outra coisa que ele me estimulou foi ver tudo o que é jogo. Saber quem é quem. Passei a fazer isso na base. Ele me estimulou, assim passamos a ter boa relação. Foi assim que trouxemos Walter, Leandro Damião, Sidnei, Cleiton Xavier, Fred. O caso do Walter foi emblemático. Não tinha biotipo. Tínhamos de pagar por empréstimo. Algo incomum na base. Ele bancou, ele acredita em quem trabalha com ele. O funcionário pode até errar. Depois ele cobra. Mas é competitivo.

Reforços  

Jorge Macedo: Levir faz análise. Temos 32 jogadores. Alguns que vieram de empréstimo, alguns da base. Tem de ter tempo. Carioca não pode mais. Vamos ter de contratar. Vamos avaliar o que temos, dar oportunidades a todos. Temos de estar atento ao mercado, mas pode surgir algo interno, vide Scarpa. Temos departamento de scout, que faz análises. Se tiver chance, vamos fazer.

Estádio do America  

Jorge Macedo: Temos de ter uma casa no Rio. Equipe foi ontem lá. Viu com bons olhos. Estamos analisando as coisas. Vamos fazer uns 10 ou 12 jogos no Rio. Tenho a experiência com o Inter na época da reforma do Beira-Rio. Foi Caxias, depois NH, depois voltou Caxias. Aqui no Rio estão mais acostumados. Por questão de bilheteria, teremos de vender alguns jogos. É importante ter uma casa. Aqui, a gente não concentra. Levir concorda. Nas viagens, voltamos no mesmo dia. Para o jogador ficar mais com a família. Num ano com muitas viagens, isso é fundamental.

Título  

Jorge Macedo: Conversamos muito com os atletas. É novo, mas é o primeiro título da Liga. É sempre bom chegar e ser campeão. O ganhar é consequência. O time grande tem de estar disputando sempre. Tem de dar o gosto de ganhar ao jogador. Ser competitivo. O torcedor, ao ver isso, vai apoiar. Chegou em duas, três, uma vai ganhar.

Levir Culpi   

Jorge Macedo: É uma pessoa muito tranquila, tem a sua maneira de trabalhar. Sempre treina com bola, ficou muito tempo fora. É vencedor. Não se contenta com pouco. Ele procura sempre melhorar. Mostra vídeos dos nossos jogos, dos adversários. Cobra o que é combinado. Acreditar nas ideias.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Globoesporte / Foto: Nelson Perez / Fluminense