Mais coragem do que futebol… Mais sorte do que juízo…




Germán Cano (FOTO DE LUCAS MERÇON / FLUMINENSE FC)

Mais coragem do que futebol… Mais sorte do que juízo… (por Lindinor Larangeira)

“A vida… o que ela quer da gente é coragem.” Essa é uma das frases mais famosas de Guimarães Rosa. Já o ditado: “Libertadores não se joga, se ganha”, não tenho a menor ideia de quem o cunhou. Mas de uma coisa tenho certeza: essas duas sentenças explicam muito do jogo de ontem à noite, no Maracanã, entre Fluminense e Colo Colo.

Se não convenceu, o tricolor, ao menos, fez o dever de casa faturando três pontos importantíssimos na campanha rumo ao bi, além de manter uma longa invencibilidade em jogos de Libertadores em casa.

A partida até começou muito boa para nós. Com um golaço de Marquinhos, novamente o destaque do time, o Fluminense abriu o placar logo aos cinco minutos.

Depois, começou a tentar administrar a vantagem, com uma posse de bola improdutiva. Sem ameaçar o adversário, que também não mostrava agressividade para causar problemas a uma zaga improvisada. Desse modo, o gol dos chilenos só poderia sair em jogada de bola parada. Foi o que aconteceu: falha coletiva, bem aproveitada pelo atacante Paiva. Mais um dos muitos gols de cabeça que o time vem tomando, o que é uma dor de cabeça, não só para Diniz, mas para toda a torcida.

Após o empate, os chilenos passaram a gostar do jogo e tocavam a bola, diante de um Fluminense extremamente passivo. Lima era uma peça nula. Ganso, que voltou bem, tentava organizar o time. André jogava mais uma partida bem abaixo do seu potencial, como Arias também. Enquanto isso, o experiente Vidal controlava o meio-campo do time cacique.

Um final de primeiro tempo com superioridade dos visitantes e muito mais vaias do que aplausos da nossa torcida.

A segunda etapa começa. E quem esperava uma mexida de Diniz para fortalecer o meio-campo foi surpreendido com a entrada de Lelê, o que mudou o esquema para um 4-2-4. Acabou dando certo. Não pela atuação de Lelê, que brigou bastante com a bola e com a zaga chilena, mas pela surpresa que ocasionou ao adversário. Antes de o treinador Jorge Almirón encontrar o encaixe da marcação, Cano fez o duplo L.

Se o time não apresentava um futebol bonito e organizado, pelo menos, era uma equipe corajosa. Que foi para cima do adversário, buscando a vitória e criando oportunidades, desperdiçadas com erros no último passe ou na conclusão. A torcida percebeu a mudança de atitude e jogou junto.

Com a vantagem, creio que Diniz arriscou demais. Poderia ter recomposto o time. Afinal, eram dois volantes como defensores e Lima de volante. Ganso e Marcelo já davam sinais de cansaço. Sobre Marcelo, continuo avaliando que é um desperdício de talento escalar essa estrela internacional como lateral.  Atuando no último terço de campo, sem obrigações defensivas, pode ser muito mais útil e efetivo para o time.

Mas como a sorte, quase sempre, ajuda a quem trabalha, não seria diferente com Diniz. Após a correta anulação do gol, pelo melhor árbitro da Conmebol, o venezuelano Jesús Valenzuela, com o auxílio do VAR, o treinador fez a recomposição do time, com boas substituições.

Essas alterações tiveram, um destaque positivo e outro negativo. O positivo foi Felipe Andrade. Em pouco mais de 10 minutos, o garoto mostrou que pode ser uma alternativa para a nossa zaga, e com o ganho do retorno de Martinelli ao meio, onde rende muito mais, além de ser um jogador tecnicamente superior ao esforçado Lima.

O negativo? Pode parecer implicância, mas todo mundo esperava mais de Terans. E ele tem bola para entregar mais. Ontem, novamente, entrou desligado, sem intensidade e no final, quase complicou o jogo em um passe errado, que proporcionou um contra-ataque, que, não fosse a intervenção de Felipe Andrade, teria nos custado dois pontos preciosos.

Foi um jogo, principalmente no segundo tempo, de Libertadores. Agora é buscar, pelo menos, quatro pontos fora de casa (se der para trazer seis, melhor ainda…) e decidir a classificação em casa.

Que venha o nosso velho freguês paraguaio!

PS1: Menos de 50 mil em um jogo fundamental para a boa continuidade da campanha rumo ao bi? Um jogo em que a gente tinha a obrigação de vencer… Fala sério, galera!

PS2: Força, Lelê! Boa e rápida recuperação para você. E que você volte a ser aquele bom atacante do Voltaço e não esse peladeiro que tem atuado no Fluzão.