Mais um derrota inaceitável do Fluminense (por Lindinor Larangeira)
“O médico e o monstro.” Na clássica novela de R.L. Stevenson, o respeitável dr. Jekyll, após experimentos desastrosos, liberta seu cruel alter ego, sr. Hyde, o que faz da obra uma metáfora da natureza dual dos seres humanos.
Talvez somente a literatura possa explicar a diferença do primeiro para o segundo tempo do Fluminense, em mais uma inaceitável derrota para o limitadíssimo Juventude.
Na primeira etapa, um time dominante. Que envolvia o adversário com uma posse de bola objetiva, buscando sempre o ataque. Apenas Martinelli e Samuel Xavier destoavam, parecendo jogar numa rotação bem abaixo dos demais. Mesmo assim, a superioridade dos visitantes foi tamanha, que a contagem mínima acabou sendo um prêmio para a equipe local.
Era óbvio que, com a derrota parcial, o Juventude viria para cima, fazendo o que sabe fazer melhor: o jogo de abafa.
Estranhamente, o Fluminense assumiu outra identidade no segundo tempo. Passou a ser um time excessivamente recuado. Acuado pela pressão do adversário, que passou a ganhar todos os duelos individuais e a buscar sempre o jogo aéreo.
A oportunidade de matar a partida esteve nos pés de Kauã Elias, que desperdiçou. A partir daí, as mexidas de Mano Menezes desorganizaram ainda mais o time, que além de se defender mal, não conseguia ter qualquer jogada de contra ataque, contra um adversário absolutamente vulnerável a uma escapada em velocidade.
E a alternativa de desafogo estava no banco. Era Marquinhos, que parece não contar com a confiança do treinador. Confiança que ele tem demonstrado ter em jogadores limitados, ou que não têm entregado nada de objetivo, como Lima e Keno.
Como bem disse o parceiro Vinicius Toledo: “Essa derrota tá na conta de Mano“. E coloco outra questão para ser pensada: a escalação de Marcelo na lateral e as recorrentes entradas de Felipe Melo, isso seria a tal “gestão de vestiário”?
Se Gabriel Fuentes foi contratado e não pode atuar na Libertadores, tem que jogar no Brasileirão. Se Marcelo quer jogar na lateral, que fique no banco. Insisto: um jogador com a qualidade dele tem que ser opção para a meia. Para manter a criatividade na ausência de Ganso.
Sobre Felipe Melo, parafraseando o querido presidente do clube, ao falar sobre Anderson Daronco: “Tem que se aposentar”.
Obrigado, Felipe, mas não dá mais. As falhas nos dois gols do Juventude falam por si. A do gol da virada então, foi bisonha. Somente superada pela trapalhada de Martinelli na sequência do lance, colocando a bola na pinta para o chute de Marcelinho.
Mano, meu caro, por que a insistência com Samuel Xavier e Martinelli? Qual o motivo para substituir, tão cedo Ganso, o único armador do elenco e um dos raros camisas 10 do futebol brasileiro? A saída desse jogador e de Bernal, deixou o Fluminense com um meio campo sem qualquer imaginação e pouquíssima combatividade.
A responsabilidade maior está na sua conta, Mano. Porém, a mudança de atitude do time, a falta de atitude dos jogadores no segundo tempo também foi outro fator preponderante para, repito, mais uma derrota inaceitável para um time forte, apenas no aspecto físico, mas tecnicamente fraco e previsível.
Faltou organização, competividade, entrega, garra e malandragem. Mas sobretudo, faltou futebol e vontade de vencer.
Se o comandante é o grande responsável, os comandados também têm que fazer por onde. E aqui, cito, não R.L. Stevenson, mas, novamente, Vinicius Toledo: “Esse time pode mais”.
Pode e tem que ser mais competitivo, se quiser terminar bem o ano, meu caro mano Vinícius e meu caro Mano Menezes.
PS1: Virar a chave e ganhar bem do Galo.
PS2: Só temos Bernal como primeiro-volante. Ou será que alguém pensa que Martinelli pode jogar ali?
PS3: Não contrataram um centroavante clássico. Minhas orações pelo retorno do Cano, versão 2023.
PS4: Será que vão renovar com Felipe Melo?
PS5: Terans já é uma das piores contratações, entre tantas tão desastradas, da dupla Mário/Angioni?

12 Trackbacks / Pingbacks