Mário e Celso, calem a boca!




Com 38 pontos o Fluminense está temporariamente fora da zona de rebaixamento. Acredito que mais duas vitórias são suficientes para espantar de vez a série B em 2020. Apesar de longe do brilhantismo que a torcida gostaria de ver, a vitória sobre o CSA foi essencial para aliviar um pouco a tensão tricolor.

Peço apenas uma coisa à diretoria: não atrapalhe a equipe na reta final. Sabe essas brigas protagonizadas por dirigentes vaidosos que pouco agregam ao clube? Está na hora de parar. Pelo menos até a última rodada do Brasileirão, a torcida e os jogadores não devem ser submetidos a esse show de amadorismo da turma do ar-condicionado das Laranjeiras.

Não gosto de ficar em cima do muro, mas na briga entre Celso e Mário eu vou ficar sempre com o Fluminense. Isso significa que essa confusão que se instalou no clube deve ceder em nome de algo maior, que é a permanência do time na elite do futebol brasileiro.

Não vou criar falsas expectativas de que o próximo ano será melhor que este. Sinceramente, acredito que não vai ser muito diferente do que estamos vendo, até porque os atores da política do clube devem ser os mesmos. Mas faço um apelo, quase uma exigência, em nome de toda torcida tricolor: calem a boca!

Celso, quando você quiser criticar a notória incapacidade de Mário Bittencourt para gerir o nosso futebol, apenas reflita e fique em silêncio. Mário, quando tiver vontade de falar mal do Celso e da sua tendência megalomaníaca de pensar em grandes contratações, esquecendo-se que não tem mais o dinheiro da Unimed nas mãos, recolha-se e fique calado. É simples assim!

O bom gestor sabe a hora de sumir de cena e não atrapalhar a caminhada da equipe nesta luta inglória de todo ano que é sair da zona do rebaixamento. É apenas isso que todo torcedor pede a Mário Bittencourt e sua turma: fiquem calados e saibam administrar o próprio ego. Se possível, comprem uma passagem aérea para o exterior e já comecem as comemorações do Natal hoje ainda. 

Deixem que daqui até o fim do ano a torcida, os jogadores e a equipe técnica cuidam do único objetivo que temos: continuar jogando contra os grandes do país no próximo ano. Façam apenas o mínimo que é pagar o salário dos atletas e dos demais funcionários e podem viajar. Pra bem longe de preferência!

Gostaria que a presidência tivesse a capacidade de lutar pelos direitos do clube neste final de campeonato. Inclusive escrevi sobre isso na última coluna. Fazer a pressão justa contra eventuais prejuízos que a arbitragem possa nos impor é muito importante, mas não tenho mais essa esperança. A passividade da burocracia tricolor nos faz acreditar que neste momento o melhor é que eles não tentem se levantar da cadeira. Muito ajuda quem não atrapalha!

Então caros Mário e Celso, já deu, acabou! Deixem a briga interna se tornar pública apenas depois do campeonato. Esse clima ruim de bastidores reflete em campo e é prejudicial à equipe. Ninguém gosta de trabalhar em um ambiente conturbado, muito menos jogador de futebol, mimados que são por natureza.

O silêncio da diretoria neste momento é sinal de tranquilidade pra todo mundo. Não se trata de covardia, mas de sabedoria. Qualquer coisa que Mário ou Celso falem agora só pode ser ruim ao time. Por mais que cada um acredite que está com a razão, diga isso somente em seu círculo interno de amizade e bem longe das Laranjeiras. Deixe o clube em paz, pelo menos até acabar o Brasileirão.

O jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano disse certa vez que “quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar”. E espero que Celso e Mário saibam que o melhor neste momento é não deixar que as palavras contaminem negativamente o já complicado ambiente do clube.

Enfim, a vida é a arte da convivência e, às vezes, recolher-se e calar é a atitude mais inteligente que se pode ter. No caso do presidente e do vice do Fluminense, além de inteligência, é a conduta exigida para a ocasião.

Ser Fluminense acima de tudo! 

Evandro Ventura