Mistão de sentimentos






Mistão de sentimentos

Buenas, tricolada! Fiquei me perguntando, dia desses: como seria possível misturar sentimentos distintos a respeito de um mesmo clube de coração? Aí, eu mesmo me respondi: é simples, basta ser torcedor de futebol. E basta principalmente ser Fluminense!
Ao longo da história, rica como ela só – já se vão 117 anos, o Tricolor das Laranjeiras transformou os seus apaixonados seguidores em Dr. Jekill e Mr. Hyde em mínimos espaços de tempo. Era uma tal de campeão num ano, campanha ridícula na temporada posterior, craques desfilando em campo, perebas trajando o nosso manto centenário, brigas por títulos e por não rebaixamentos… enfim, era um misto de sentimentos pares e antônimos, como desespero, amor, ódio, resignação, fúria, complacência, além de muitos outros, que faziam-nos duvidar da nossa própria sanidade.
Aliás, somente o velho e violento esporte bretão permite essa liberação de monstros que carregamos nos recônditos mais submersos de nossa mente. Isso mesmo, dualidades, dicotomias, irracionalidade e incoerência são os predicados mais assustadores que deixamos emergir quando nos revestimos com a nossa armadura e nos dirigimos aos estádios – ou às TV’s!
Flu e Inter, neste sábado, não fugiu das características às quais me referi no preâmbulo acima. Ô, joguinho pra testar a nossa capacidade de discernimento!
O Time de Guerreiros começou amassando o Colorado, partindo pra dentro, perdendo chances, até que os gaúchos equilibraram o confronto, lá pelos 15 ou 20 min.! Pedro desperdiçou duas boas chances.
Até então, o Fluminense envolvia os caras, criava boas jogadas pela esquerda, tabelava, triangulava, e não sofria sustos defensivos. Até que o tal de Bruno Fuchs, um zagueirão que me surpreendeu positivamente, acertou um pombo sem asa do meio da rua e obrigou o Muriel a fazer excelente intervenção. Daí em diante, até o final do primeiro tempo, só deu Inter. E o goleiro tricolor realizou outras ótimas defesas.
Incrédulo, eu começava a desenhar intimamente o rascunho dos duelos anteriores. O Flu desperdiçando oportunidades, tendo posse de bola absoluta, e os malandros espetando a nossa meta e guardando o seu golzinho!
Na segunda etapa, o time se rearrumou. Voltou com outra disposição. Acertou muito mais. Esmagou ainda mais veementemente a equipe dos pampas na sua própria área. E o nosso primeiro tento não tardou a sair. Alvíssaras!
Ótima troca de passes desde o nosso campo defensivo, metida de bola na esquerda para o Caio Henrique, que voltou a atuar bem, beque “inimigo” com a buzanfa no chão, cruzamento perfeito e o iluminado Yony Gonzales testando inapelavelmente para as redes! Este é o resumo do lance!
O Inter se desmantelou, depois do gol sofrido. E o Flu poderia ter matado o confronto bem antes.
Logo depois veio o segundo gol. Arrancada do Pedro, depois de o William Potker perder uma bola boba na nossa intermediária defensiva, arrancada, a pelota sobrando pro Ganso e saco! Gol contra do lateralzinho vermelho! E poderíamos ter ampliado a contagem, se não tivéssemos nos enrolado em alguns contra-ataques promissores.
Finalmente a vitória estava pintando! Ufa! E vimos uma exibição de gala do FFC na segunda etapa da partida! Ainda que estivéssemos enfrentando o “time B” colorado, muito bom, a propósito!
Destaques para o Muriel, a dupla de zaga, o Caio Henrique, o Daniel, a clarividência do PH Ganso, o Pedro – que mesmo ficando mais estático do que costumeiramente, distribui o jogo com maestria – e o incansável e adorado gringo. O Mário Bittencourt TEM QUE ESTENDER O CONTRATO DESSE COLOMBIANO! Ah, e todos estes se destacaram no segundo período, mais especificamente, a não ser o Speed, que foi o melhor, novamente, desde o primeiro segundo de jogo!
Os demais jogadores não se apresentaram mal. Mas não tiveram a mesma performance destes citados no último parágrafo, a meu ver. Igor Julião parece ter ganhado definitivamente a posição, mesmo não sendo um virtuoso. O Allan esteve um pouco abaixo de suas excelentes médias, e o Marcos Paulo teve um primeiro tempo apagadíssimo, errou em demasia, e subiu de produção depois do intervalo.
Gostei da entrada do Nenê. Ele deu movimentação ao time nos minutos em que esteve em campo. E ainda obrigou o arqueiro adversário a fazer ótima defesa, com os pés, após cruzamento da esquerda. O W. Nem ainda precisa de mais tempo para recuperar o futebol objetivo e de velocidade de uns anos atrás. Não tenho a convicção de que será o mesmo jogador – provavelmente, não – mas tecnicamente ele ainda é um atleta de responsa. Aírton substituiu o esgotado Allan e não comprometeu.
Entretanto, ratificando o meu discurso inicial sobre o misto de sentimentos que o nosso Fluzão proporciona, estava eu já “garrando ódio” do Muriel, depois de “amá-lo” por 89 min.! Ele fez uma partida primorosa, esteve quase perfeito quando exigido, mas no finalzinho espalmou uma bola relativamente fácil pro meio da área. Gol dos caras! Caramba, o Digão estava na jogada e não era necessária a interferência do nosso goleirão! Porra, o Fluminense não consegue passar 90 min. cabaço! Sempre levamos gol, que saco!
Em suma, graças ao Éter ao menos a vitória chegou chegando. Sete jogos sem comemorar. Alguns finais de semana amargando uma dor de cabeça infernal. Já era hora, né não? Agora vem aí o Galo, lá nas Minas Gerais! Parada dura, prognóstico difícil. Mas se o Fluminense mantiver a pegada do segundo tempo deste último confronto e, em especial aquela dos embates da Sula, não será impossível arrancarmos um bom resultado lá no “galinheiro” deles!
Até a próxima!
Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon

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