O câncer, a metástase e a cura




Foto: Divulgação / Fluminense FC



Buenas, tricolada! Tenho este texto esboçado há algum tempo. Eu estava aguardando o resultado final das eleições presidenciais antecipadas do Flu para um pronunciamento oficial – de minha parte. Mas não resisti.
O enorme Fluminense Football Club viveu uma das piores fases de sua gloriosa história nestes últimos anos! Exatamente na gestão Flusócio, que escolheu os mandatários Peter Siemsem e Pedro Abad para quatro governanças consecutivas, desde que se elegeram, em 2011.
Quando havia o aporte financeiro da UNIMED, as mazelas tricolores eram maquiadas. Mas engana-se quem crê em transparência, já naquela ocasião – ou mesmo antes dela. Vitórias não deixaram se escancararem os problemas! E estes foram alguns dos inúmeros motivos para que o Pedro tupiniquim/turco, segundo Presidente eleito com apoio de tal corrente, sucedendo o Pedro exoticamente agringalhado, mastigasse o final do bagaço podre que recebeu como herança. Ainda assim, o cara esmerou-se em piorar as coisas.
Todos lembramos a época em que jogávamos a Segundona e a Terceirona. Não constam quaisquer opiniões de meros mortais levantando a hipótese de um Fluminense pequeno. Ao contrário, a opinião pública revoltava-se com o fato: não é possível que uma instituição do tamanho do Flu esteja nessa situação! Até mesmo os críticos contumazes e antitricolores!
Atualmente, mesmo não tendo visitado as divisões inferiores do futebol brasileiro desde a referida oportunidade, têm uma porrada de curiosos duvidando da magnitude do Tricolor das Laranjeiras. Pois é, o nosso processo de apequenamento foi homeopático e gradativo. E os malandros, mesmo trajando as três cores (já desbotadas) e abastecendo-se de um suposto modernismo administrativo, permaneceram incólumes com o seu firme propósito de destruir uma trajetória repleta de ineditismo, pioneirismos e triunfos – em todos os segmentos, não somente no futebol!
Fica muito claro que foi diagnosticado um tumor maligno pelos médicos oncologistas, de 2011 pra cá. Ele recebeu tratamentos paliativos, foi encoberto, mas cresceu sem as terapias adequadas. Preferimos superestimar os títulos, as conquistas e os craques em vez de fazermos um autoexame. Ou seja, cuidamos da aparência e esquecemo-nos da alma!
Difícil decretar hoje quem é o câncer e a metástase. Poderíamos apontar a Flusócio como a própria doença, e os seus dois Presidentes eleitos como a metástase. Mas não seria absurdo invertermos as responsabilidades, culpas e ascendências desses males. Corda e caçamba se misturaram de uma tal forma que o ódio suprimiu o amor dos tricolores pelo clube! Uma merda essa bodega! E também um erro, a meu ver. O Flu é maior!
A cura, meus amigos, no meu entendimento somente virá com a saída dessa cambada que assolou o FFC em dores! Ou melhor, a tentativa de cura, porque os desmandos e buracos são tão proeminentes que talvez o novo Capitão da nau leve mais tempo do que o esperado para nos recolocar em mares tranquilos. Portanto, a retirada em massa desse povo dos nossos gabinetes, apenas – ou ao menos – nos dará alento de um futuro mais promissor. Esperanças além destas soam-me como falácias e fé cega!
No entanto, engana-se também quem crê em milagres em Álvaro Chaves. Não viveremos o melhor dos mundos somente com a saída de Pedro Abad.
Em primeiro lugar, pelos nomes que propuseram-se a disputar o pleito. Pessoas com ranço político no clube. Que já estiveram nas cabeças e não foram soluções – ao contrário. Membros ativos e atuantes em outras gestões, cujas ações culminaram no caos atual. Gente com aspirações maiores no cenário nacional, e que usará o Tricolor como trampolim – em tese. Pessoas mais preocupadas com as fogueiras das vaidades e com os seus sobrenomes do que com a situação falimentar do Fluminense.
Não existe oposição política dentro dos nossos muros de tijolos históricos, e sim oportunistas de plantão! Agentes antibarbárie que aterrissam no Laranjal como Sassás Mutemas, como Césares do bem ante as atrocidades dos Neros de Roma! Espero quebrar a minha cara, estar redondamente enganado, mas…
Em segundo, pelo próprio contexto e dívidas do clube. Não há engenharias financeiras imediatas que removam os dolos acumulados em quase uma década. Não tem como se comer capim e arrotar-se camarão! A reedificação necessariamente será gradual.
A prióri, penso que a situação salarial do elenco, fornecedores e funcionários têm que ser regularizadas, ou tentadas, na primeira semana do novo comando. Decerto, o Presidente eleito no próximo dia 8 de junho já tem acordos costurados para este saneamento de compromissos. Assim espero, porque assim eles prometeram.
Depois disto, a corrida contra as sanções trabalhistas, os embargos, as penhoras e a consequente minimização da retenção judicial de recursos é prioritária. Não vive-se sem receitas. Sem elas, não montam-se times competitivos. Não há investimentos. Não recuperam-se status e credibilidade – retidão, conceitos profissionais e propósitos de lisura não encontram-se em prateleiras de deliverys!
Ah, e também necessita-se de um melhor trabalho de bastidores – o Flu não tem representatividade alguma. Quem tem padrinho é logo batizado. De prima e sem chorumelas!
Se em um ano – ou pouco mais – os novos mandachuvas conseguirem equilibrar estas pendengas, seguramente o FFC reencontrará a sua vereda. De onde jamais deveria ter sido desviado.
Tenho as minhas preferências políticas dentro do Fluminense, mesmo não confiando plenamente no sucesso e na assertividade destas apostas. Contudo, como mero torcedor, mais preocupado com os rumos do clube do que com as vertentes de comando, quero mesmo é rever o objeto de minha paixão nos trilhos.
Ademais, como colunista aqui do Explosão Tricolor, não enxergo conveniente decretar abertamente o meu voto. Não tenho o mínimo intuito de ser acusado por A ou B de politiqueiro e mentiroso, péssimas credenciais de que jamais fiz uso em 57 primaveras! Quem sabe, depois do pleito eu não me disponha a debater ideias? Quem sabe?
No mais, bola pra frente, Fluzaço! Vossa Excelência remonta lembranças de tempos idos, que me forjaram como torcedor, amante das três cores que traduzem tradição e admirador do velho e violento esporte de origem bretã! Cinquenta e poucos anos de estádios, alegrias e sofrências por um clube de futebol são prerrogativas raras nos dias atuais. Mas motivo de muito orgulho!
Até a próxima!
Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon