Alguém se lembra do Dalton? Botou o Flu na Justiça, peregrinou do Peru a Bangu…




Amigos Tricolores, convido-os para um exercício… Vamos puxar pela memória…

Algum leitor lembraria do Dalton?

Não, não! Não me refiro ao cantor, notabilizado ali pela década de 80, daqueles cantores marcados praticamente por uma só música, no caso dele o hit “Muito Estranho”, uma musiquinha chiclete que tocava 25 horas por dia nas rádios populares e preenchia ouvidos de quem quisesse e de quem não quisesse.

O Dalton a que me refiro também foi marcado por um hit “muito estranho”.

Cria da base tricolor desde os 14 anos, Dalton foi lançado no time de cima, e aos poucos foi se firmando. Frequentemente convocado na base para a seleção brasileira, chegou a ser titular do Brasil sub-20, disputando inclusive um Mundial da categoria.

Prometia, o garoto…

No Fluminense chegou a ser titular por alguns jogos, na verdade por 28 jogos, entrando desde o início em todos.

Atuou, por exemplo, na Batalha de Curitiba, aquele empate heroico que nos garantiu a permanência na Série A, último jogo de 2009. E participou da maioria dos jogos naquela arrancada, e também na campanha da Sul-Americana, tendo inclusive jogado naquela fatídica final no Maraca, formando zaga com o Gum.

Quarto zagueiro de bom porte, 1,87m, tinha boa impulsão que garantia um eficiente jogo aéreo, e fazia um estilo mais rebatedor, com bom senso de colocação, mas nem tanta facilidade na saída com bola.

Deixou o clube em abril de 2010, a poucos dias do clube iniciar a campanha vitoriosa do Tri do Brasileirão.

Pois bem. Foi ali no início de 2010 que o garoto resolveu ouvir um canto da sereia, provavelmente de algum agente ou empresário. Por causa de três meses de atraso de depósito de FGTS, por parte do Fluminense, Dalton ingressou na Justiça, tentando romper contrato e conseguir caminho livre para ingressar em outro clube.

Conseguiu seu intento, e pouquíssimo tempo depois já estava treinando no Internacional, dos pampas. Vai sempre aparecer um clube para se prestar a um papel sujo desses…

Eu disse treinando, porque jogar mesmo foram muito poucas as vezes. Não teve muitas chances, não se firmou, e acabou emprestado ao Atlético/PR,  em 2011, onde também nem teve chances. Retornou ao clube que se apropriara dele, o Internacional, novamente não jogando. Em 2012 foi emprestado ao Criciúma, jogando apenas uma vez e retornando ao Inter, enquanto o Fluminense ganhava novamente o Campeonato Brasileiro, o Tetra! Ficou encostado novamente no time colorado, até que em 2014 apareceu jogando a Libertadores! Só que pelo inexpressivo Universitario de Deportes, do Peru, ficando em último do grupo, com apenas um ponto.

Em 2015 apareceu no Red Bull Brasil, com poucas chances, e em 2016 foi tentar a vida no futebol dos Estados Unidos, jogando no Fort Lauderdale Strikers, onde atuou 20 vezes, numa das ligas inexpressivas do país.

Retornou ao Brasil em 2017, jogando pelo Luverdense, disputando a Copa do Brasil, Copa Verde e Série B.

Acreditem, Dalton retornou ao futebol carioca. Deverá jogar o emocionante Carioquinha pelo Bangu, e provavelmente vai enfrentar o Fluminense, clube de onde saiu como titular e com promissora carreira, para arriscar uma aposta pelo Mundo.

Quem diria, o Dalton, que ainda tem 27 anos, foi parar no Bangu, mesmo local onde Loco Abreu jogou com quase 40 anos, no Estadual 2017.

E o que tem isso a ver com o Gustavo Scarpa?

Muita coisa. Alguns dirão que o Scarpa tem um futebol muito mais promissor, mais mercado etc.

Eu lembro, porém, que o Dalton saiu do Fluminense titular de um time vice-campeão da Sul-Americana 2009,  e depois de jogar várias vezes pela seleção brasileira Sub-20, sendo também vice-campeão Mundial de 2009, ao perder, nos pênaltis, para Gana.

Saiu do clube que o formou, que o desenvolveu desde a base, que o projetou, talvez seduzido por uma historinha de empresário, uma facilidade de advogados, ou algo assim.

Perdeu sua identidade, seu porto seguro, o local onde era querido… Seu ambiente.

E o pior, que esses jogadores não percebem: ficou marcado, carimbado, para o resto de sua carreira, como aquele jogador que pode trair o clube na primeira oportunidade. Ficou marcado como um jogador que não tem um mínimo de reconhecimento pela instituição que o projetou no mundo futebolístico.

No caso do Dalton, ele perdeu o rumo. Seduziu-se com um contrato do Internacional, mas ali não se firmou, e nunca mais conseguiu projeção num grande clube, tentando a carreira aqui e ali, indo parar no Peru e depois no decadente futebol dos EUA.

O São Paulo está por trás da estratégia do Scarpa. Será mesmo uma boa? O São Paulo é outro clube que não pode ver uma possibilidade, um litígio, um contrato encerrando… Que aparece e dá o golpe.

Recentemente contratou o Cícero, que para lá foi todo alegrinho, com parte dos salários paga pelo Fluminense, mas lá não conseguiu destaque e pouco depois foi separado do grupo e acabou resgatado pelo Renato Gaúcho, no Grêmio.

O Fluminense errou feio. Não pode atrasar compromissos contratuais. Deu mole. Certamente não fez por querer, atravessa uma tremenda crise financeira, num ano em que o momento financeiro no país e principalmente no Rio de Janeiro é dos piores. Compromissos estratosféricos com jogadores medianos oneraram a folha, patrocinador master não apareceu, Maracanã ficou caro e inviável, fruto da terrível corrupção que assola o país.

Nada justifica, porém, o atraso do empregador.

A opção do atleta por seguir o caminho da Justiça, porém, tem que ser bem pensada. Não é só o caso Dalton, que aqui citei por ser um exemplo tricolor. São vários os exemplos no futebol de atletas que optaram pelo caminho da Justiça e ficaram marcados para sempre, e na maioria das vezes não mais conseguiram destaque na carreira, que começava promissora. Perderam o rumo da História, seduzidos pela primeira oportunidade para renegar sua identidade.

Conhecido pela qualidade de sua “bola parada”, o Scarpa deve saber que esse caminho pode também deixar sua bola parada.

A História tem mostrado. Jogadores que optam por esse caminho normalmente acabam marcados, e não mais encontram o respeito de torcedores, e uma nova identidade clubística, eis que quem o contrata sempre fica desconfiado de seu próprio atleta.

O caminho da Justiça Trabalhista existe, mas já sepultou muitas carreiras. Perguntem ao Dalton se faria tudo de novo…

“O Fluminense nasceu com a vocação da Eternidade… tudo pode passar… Só o Fluminense não passará jamais.” Nelson Rodrigues 

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor

Titular do Fluminense, Dalton preferiu entrar na Justiça e perdeu o rumo da carreira… Faria parte do elenco Campeão Brasileiro de 2010 e 2012. Acabou peregrinando do Peru a Bangu…

 


16 Comentário

  1. Prezado,
    Penso que a base de seu raciocínio está equivocada. Se o jogador é bom ou ruim, se vai vingar na carreira ou não, isso é uma coisa que ninguém pode assegurar com antecedência. No entanto, uma vez que o clube assume o compromisso financeiro, este tem de ser cumprido. Salário tem de ser pago em dias e na sua totalidade. Isso é indiscutível.
    Sou Tricolor de Coração, apaixonado pelo Flu, mas não posso dizer que o jogador está errado ao pedir rescisão de contrato por falta de pagamento. A cultura de pagar os salários dos jogadores com atraso só é forte no Brasil porque esses profissionais não têm um sindicato forte. O dia que tiverem, isso vai acabar.
    Não gosto do futebol do G. Scarpa. Acho que é um jogador lento, sem velocidade, sem preparo físico, que não tem drible, não cabeceia, não marca e é muito individualista. Só foi o líder de assistências porque tinha o monopólio das cobranças de falta e dos escanteios. Como ele batia 90% das bolas paradas, uma hora tinha que sair um gol. Não fosse isso, seus números seriam pífios,
    No entanto, ele tem todo o direito de pedir a rescisão do contrato. O meu e o seu Fluminense tem de levar as mãos pro céu porque somente ele fez isso, pois todos os demais jogadores poderiam ter feito a mesma coisa.
    Não acho que os torcedores devem exigir que o jogador tenha gratidão com o clube que o revelou. Primeiro, porque gratidão não se exige. Segundo, porque quem recebe uma gratidão não pode dela reclamar. No meu time, não quero ninguém jogando por gratidão, pois sempre vou exigir que o jogador se entregue ao máximo. Mas só posso fazer isso se minha relação com ele é profissional e não por gratidão.
    Scarpa não deve ser demonizado pelo que ele fez. Nós, torcedores, é que temos de parar de achar que é normal os clubes pagarem 8 meses de salário por ano.
    Pra finalizar, se o Flu perder o passe desse jogador, esse prejuízo financeiro será inaceitável. Se isso ocorrer, o P. Abad deveria renunciar a cargo, pois seria o segundo prejuízo milionário que sua gestão daria ao clube, já que o primeiro foi no caso da audiência trabalhista de Levir Culpi.
    ST

    • Prezado Leandro,
      Discordo em pates do seu comentário.
      É obvio que todo trabalhador merece receber seu salário EM DIA e de forma integral. Imagino eu, que ninguém, nem mesmo os críticos ao Scarpa defendam que o menino ou qualquer outra pessoa trabalhe de graça com um sorriso no rosto.
      A questão, principalmente no que tange o argumento da GRATIDÃO se da pela maneira como as coisas foram conduzidas.
      Imagine você, por exemplo, ainda novo resolve ser advogado. Faz a faculdade e é contratado por um grande escritório para ser estagiário.
      O escritorio te proporciona todos os meios para sua formação e para que voce se destaque. Voce se forma, é promovido ao quadro de advogados e consegue se destacar e ter seu nome no mercado. O escritório começa a passar por uma grave crise financeira e seu salário começa a atrasar ou a não ser depositado de maneira integral. Voce tem contas a pagar, tem o seu lazer comprometido mas ainda que consiga administrar esta situação de maneira tranquila, não deixa o seu salário de ser SEU DIREITO, FRUTO DO SEU TRABALHO.
      Ai começamos a falar de gratidão.
      Depois de lhe garantir o direito a uma formação profissional digna e de qualidade, de projetar seu nome no mercado e te proporcionar ter hoje uma vida acima da media da maioria dos seus colegas de profissão (e idade no caso especifico do Scarpa) você simplesmente não mais aparece para trabalhar sem dar noticias e ingressa com uma acao para que possa se desligar do escritório unilateralmente? Ou voce senta pra conversar com os Socios e tenta resolver isso da melhor maneira possível?

      Pra mim, pelo menos, a questão é muito simples:
      Muita coisa esta sendo dita na imprensa: O clube tentou negociar, ele tentou barrar o negocio, o clube não sabia da acao, ele não deu satisfaçao, os agentes so apareceram para dar satisfações a um jornalista e não ao clube….
      Se voce nao é o jogador, um de seus agentes ou da diretoria, voce, assim como eu e todo mundo mais que acompanha essa novela não sabe exatamente o que esta acontecendo!

      Porem, a entrevista do Anderson Martins publicada hoje no ge.com mostra um pouco do que se espera de alguém que tem algum tipo de respeito e gratidão pela instituição que o projetou para chegar aonde chegou hoje.
      Anderson no periodo de junho a dezembro recebeu DOIS MESES E MEIO DE SALARIO APENAS. Não sumiu sem dar satisfações, não foi a justiça tentar romper o contrato unilateralmente. Procurou a direção do Vasco, manifestou sua vontade de ir embora e acertou sua rescisão AMIGAVELMENTE.

      Ninguém é obrigado a ficar aonde não é feliz, nenhum jogador ou qualquer profissional é obrigado a ficar em um clube que não paga seus salários, mas o contrato é feito por pelo menos DUAS PARTES. Ha direitos e deveres, ha vontade MUTUA DE estar conectados por aqueles termos. Scarpa recentemente acertou uma renovação ate 2020!

      Existe sempre MAIS DE UMA MANEIRA de se resolver uma situação e, conversar, ao menos para mim, parece sempre a melhor forma de se iniciar qualquer uma delas.

      ST

      • Mariana,
        Suas observações são pertinentes, mas acredito que o seu raciocínio é aplicável a outros universos profissionais, diferentes do futebol. No mundo do futebol, o torcedor não quer saber se o sujeito recebeu um ou dez meses de salário, ele quer apenas o resultado. Quando o resultado não aparacer, o torcedor ofende, grita e às vezes até parte para a violência física. Além disso, a carreira de um jogador de futebol é muito curta. Após os 30 anos, poucos conseguem fazer ótimos contratos. Ou seja, existe um tempo-limite para o sujeito ganhar o máximo possível. Isso não ocorre em outras carreiras, como no exemplo que você citou. Ao contrário, em muitas carreiras quanto mais o tempo passa, melhor o sujeito fica.
        Além do mais, você confiaria em dirigentes que mentem constantemente e que não priorizam o pagamento dos salários? Eu não acreditaria. A direção do Flu, por exemplo, preferiu investir 7 milhões em 50% do passe do Robinho, em vez de quitar salários em atraso. Dizem na imprensa que o 13º de 2016 ainda não foi pago. Ou seja, quando o clube teve algum dinheiro, preferiu adiar o pagamento de salários.
        Por fim, veja como a direção agiu com os jogadores que foram dispensados. Será que eles foram chamados com antecedência para negociar uma eventual redução salarial ou mesmo uma rescisão amigável? Ou será que foram surpreendidos no final das férias e simplesmente dispensados como inservíveis?
        Não quero ninguém no Flu jogando por gratidão. Quero gente que jogue com sangue nos olhos sempre, não porque ama o clube, mas porque é um profissional que respeita a instituição e por ela também é respeitado.
        ST

        • Leandro,
          Primeiro de tudo: obrigada pela educação e por manter o debate em um nível saudável de discordância natural.
          Seus argumentos também sao extremamente validos, de fato, a ‘vida útil’ do jogador de futebol é bem mais curta do que a maioria das demais profissões, e os dirigentes não são as melhores pessoas do mundo para se negociar um contrato e contar com o cumprimento de suas obrigações. Tens razão em sua discordância, mas continuo achando (com as informações que tenho através da mídia) que o Scarpa poderia ter tentado resolver a situação de outra maneira.
          De todo modo, sei que desejamos o mesmo para a instituição que amamos: um Fluminense forte e respeitado. Espero que da ‘minha’ ou da ‘sua’ maneira cheguemos a este resultado.
          ST

    • Leandro pelo o que você escreveu em seu comentário,eu te pergunto: – você pertence a qual grupelho que abunda, infelizmente, o Laranjal Feliz!!!!!
      Na minha humilde opinião, o jogador só estaria com a razão, se tivesse sentado com a Diretoria e ela, o ignorasse e mandasse ele procurar os seus direitos na justiça!!! Mas não foi isso que aconteceu!!! A diretoria lhe disse que em Janeiro (até dia 31) os pagamentos de todos estariam quitados!!! ST

    • Você disse sindicato forte? Não creio que essa seja a saída, nem obrigatório é mais. Além do mais, profissionais mesmo são os que se apresentaram mesmo na mesma situação do Scarpa. Depois que tudo isso acabar, a verdade virá a tona. Aguarde.

  2. Boa tarde,
    Vivemos numa democracia, graças a deus e todo mundo tem o direito de discordar do outro. tudo que foi escrito está certo, realmente, quem está errado é o clube. No entanto, é preciso lembrar que o clube aumentou o seu salário, o valorizando e no final do ano passado, seguindo o pedido do jogador, o clube iniciou o processo de negociação dele com vários clubes e após estar tudo acertado com o Palmeiras, ele deu ara trás, dizendo que queria ser emprestado por 2 anos, o que deixaria o clube a ver navios, pq após esse empréstimo, ele poderia assinar um pré contrato com qualquer outro clube o o Flu, que investiu nele ficaria a ver navios. O fato dele ter feito isso, associado a ter entrado na justiça no dia 22/12, demonstra que durante a negociação, ele já tinha essa intenção e apenas estava ludibriando o Fluminense. o que ele não contava era que o fluminense quitasse a dívida e que não tivesse sua liminar concedida. Para mim, é um traira, prefere encher de grana empresários safados, do que o clube que o projetou, prejudicando colegas e funcionarios do clube tbm.

  3. Tudo isso por culpa dessa diretoria comandada por um câncer chamado flusócio (pq o Abad é uma marionete e não manda em porra nenhuma), que não se preparou também judicialmente. E concordo com o texto, Scarpa tá claramente se deixando levar por ideia de empresário e se isso está ocorrendo de fato, mostra que tem cabeça fraca. Se continuar sendo mal orientado assim vai terminar igual Dalton mesmo, jogando em time tipo Bangu ou até no Íbis.rsrs

  4. Matéria bisonha! O patrão nao paga e o culpado sempre é o funcionário. Isso é Brasil, bem a cara do Brasil! Jogador não tem que ter amor ao clube, tem que cumprir seu compromisso profissional, somente isso. Se o clube desorganizado não arca com sua responsabilidade trabalhista, então, que assuma este ônus. Pior ainda é colocar a carreira do Dalton como exemplo. Como se fosse um fracassado. Ele conseguiu ser jogador profissional, sonho de muitos meninos mo país. Não está jogando em time grande porque não tem nível para isso, pelo menos neste momento. O país está repleto de jogadores medianos. E Dalton é apenas mais um. Scarpa já tem uma trajetória firme nestes dois anos como titular, muito diferente. E ainda me pergunto por que o autor do texto não citou o exemplo do Oscar (São Paulo x Inter)? A carreira dele acabou? Não, o cara tem bola, está ganhando seus milhões na China. Vamos deixar de clubismo cego e cobrar mais de quem realmente devia administrar bem o Flu! ST

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