O dia em que a arquibancada tricolor explodiu de emoção no Maracanã




Torcida no aeroporto na histórica recepção

O Cuca aceitou o desafio de pegar o lanterna mais humilhado da história do Campeonato Brasileiro e ganhou autonomia total para realizar todas as mudanças na equipe. Aos poucos, o treinador foi afastando a turma dos veteranos (Roni, Luiz Alberto, Paulo César e outros). Um detalhe interessante nesta história: o criticado zagueiro Edcarlos teria ajudado o Cuca no afastamento da turma mais velha. Coisas dos bastidores… 

Com uma garotada nova lançada no meio de um verdadeiro inferno, Fred recuperado de uma grave lesão, Conca inspiradíssimo, Mariano dando uma sensacional reviravolta na carreira, um Cuca cheio de vontade de calar a boca de todos e uma torcida explodindo de emoção na arquibancada, surgiu o Time de Guerreiros. Rafael (Fernando Henrique); Dalton, Digão (Cássio) e Gum; Mariano, Diogo, Diguinho, Conca (Equi Gonzalez) e Marquinho (Dieguinho); Maicon (Alan) e Fred. Estes foram os guerreiros que fizeram história sem levantar um caneco numa das mais emocionantes histórias do futebol mundial. 

Eu no meio da galera em pé de camiseta regata laranja um pouco ao lado da bandeira (Foto: Extra)

Agora vamos direto ao ponto: a final da Copa Sul-Americana 2009. O Fluminense vinha numa louca sequência. Do início de outubro até o dia 6 de dezembro, o Fluminense jogou de três em três dias. Detalhe: viajando por tudo quanto é canto. Mesmo mal no Brasileirão, o time foi avançando na Copa Sul-Americana até chegar na final contra a LDU. No primeiro jogo, uma grande decepção: uma goleada de 5 a 1 na “velha altitude” de Quito. O time voltou surrado para o Rio de Janeiro, só que, no desembarque do aeroporto, uma grande surpresa: centenas de tricolores fizeram o Aeroporto do Galeão virar o Maracanã com uma senhora recepção. 

Detalhe: na noite que antecedeu o primeiro jogo da final, dormi na fila para comprar ingresso no Maracanã para o jogo da volta e para o duelo contra o Vitória pela penúltima rodada do Brasileirão. Saí até na foto do jornal Extra (estou em pé de camiseta regata laranja um pouco ao lado da bandeira). 

O Time de Guerreiros entendeu o recado dado no aeroporto e sapecou 4 a 0 no Vitória. Alívio da galera, mas ainda tínhamos duas batalhas finais: LDU e Coritiba. 

Corredor humano emocionante!

Dia 2 de dezembro de 2009. O dia amanheceu bonito na Cidade Maravilhosa. Céu azul e sol brilhando intensamente. Na padaria, no bar, na banca de jornal, na escola, na faculdade ou no trabalho, o papo era um só: Fluminense x LDU. A ansiedade tomou conta de mim. Passei o dia contando as horas e os minutos para a bola rolar no Maracanã. Escapar da Série B era mais importante, mas bater a LDU no Maraca era uma questão de honra. E não preciso nem dizer os motivos…

Para começar a noite cheia de fortes emoções, a torcida fez um gigantesco corredor humano nas redondezas do Maracanã para recepcionar o ônibus tricolor. Só de lembrar das cenas, as lágrimas caem. Foi uma linda e comovente mobilização de uma torcida apaixonada e que jogava junto com um time que honrava o Fluminense em campo. O maluco do meu irmão, Thiago Toledo saiu na foto do Globo, atrás do PM que estava ao lado da porta da entrada do ônibus. 

Inesquecível festa da torcida mais bonita do planeta!

 

Depois da emoção do corredor humano, entramos no estádio. Eu, meu irmão e meus amigos Sérgio Coutinho, Monica, Jeovane Azevedo, Marcelo Santos (Tielow), Ernesto, Tonn e Jorge Nense. Turma boa e das antigas, lá do velho mural do Canal Fluminense, criado pelo competentíssimo Gabriel Peres, um cara super gente fina. 

Como sempre, a torcida aprontou das suas e fez todo mundo se emocionar. O anel do Maracanã estava tomado com mais de 70 mil tricolores. De um lado, um mosaico com a frase: “ELES TÊM ALTITUDE. VOCÊS TÊM A GENTE”. Do outro lado, um festival de cores brilhando o Maracanã com uma bela festa de sinalizadores! A emoção tomou conta de todos e o Maraca estremeceu com mais uma histórica festa da torcida de guerreiros. A bola rolou e o Fluminense foi com tudo para cima da LDU. Tivemos dificuldades para abrir o marcador, mas o Diguinho conseguiu depois de um chute de longa distância que desviou num zagueiro equatoriano. No embalo, Fred fez o segundo. As esperanças aumentaram ainda mais.

No intervalo, o time não desceu para o vestiário, pois precisava da energia da torcida tricolor. O clima naquela noite era algo de outro mundo. Faltavam dois gols para igualar a decisão. O sentimento era de que dava. Voltamos com mais força e dispostos a fazer história. Gum, sempre guerreiro, deu uma bela testada e marcou o terceiro gol. 

Diguinho vibrando com o seu gol na decisão!

Faltava pouco… E todos acreditavam que conseguiríamos muito mais. Mas tínhamos um sério problema: o juiz paraguaio Carlos Amarilla. Ele amarrou o jogo durante o tempo todo e tirou o nosso time do sério. Fred acabou perdendo a cabeça e foi expulso após tentar acertar uma cabeçada no árbitro. Mesmo com menos um em campo, o Fluminense continuou lutando. No final do jogo, tivemos a chance de fazer o quarto, mas o Rui Cabeção desperdiçou. Não era para ser. Mais uma vez… 

Após o apito final, o time equatoriano comemorou mais um caneco no Maracanã. Mas a prova de amor que a torcida tricolor deu naquela noite, ficará guardada na minha memória até o último dia da minha vida. Para quem pensou que o show havia terminado com o apito final, acabou se dando mal… O verdadeiro show começou pra valer depois do término do jogo com a torcida cantando o hino do Fluminense com grande força. O time veio junto da galera e o canto de “Time de Guerreiros” ecoou no último volume num dos momentos mais emocionantes que já vivi na arquibancada do Maracanã. Não deu para segurar a onda. Chorei de verdade ao lado dos meus amigos. Não era o choro da perda do título. Na verdade, era o choro de estar fazendo parte de um momento histórico, pois o time necessitava do nosso apoio para encarar uma das maiores batalhas da história do Fluminense: o inesquecível duelo contra o Coritiba, no Couto Pereira, no dia 6 de dezembro. 

O Time de Guerreiros de 2009 não ergueu nenhum caneco naquele ano, mas entrou para a história. Ele conseguiu fazer com que a torcida abraçasse a causa e fizesse a diferença na arquibancada numa das histórias mais fantásticas da história do futebol. Só de relembrar, o coração bate mais forte e a emoção toma conta…

“Somente o que sentimos, justifica o que fazemos!” Na próxima quinta-feira, todos os caminhos levam ao Maracanã!

Forte abraço e Saudações Tricolores!

Vinicius Toledo 

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