O Dinizismo precisa ser exorcizado do Fluminense




Fernando Diniz (Foto: Fluminense FC)

(por André Lobão)

Fernando Diniz se foi do Fluminense, mas o seu legado não ficou restrito somente ao seu estilo de jogo que um dia foi envolvente e deu títulos ao Fluminense, mas que em menos de cinco meses após a conquista da Recopa se tornou o maior fracasso futebolístico deste 2024.

Hoje, o Fluminense vive a realidade do rebaixamento no Brasileirão. Mas como explicar esse desastre, por que em tão pouco tempo um time que jogava por música tem hoje uma versão do que é de pior do futebol brasileiro? Muitas são as respostas, mas o que foi preponderante foi um modelo baseado na autogestão de grupo. O presidente do clube, Mário Bittencourt, outorgou poder em excesso a Fernando Diniz que implantou uma espécie de irmandade entre os jogadores comparada à “Democracia Corinthiana”.

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No Corinthians, o modelo de autogestão iniciado em 1982, sob a liderança dos jogadores Sócrates, Zé Maria, Vladimir e Casagrande. Neste período, a concentração de jogadores foi abolida, os jogadores definiam o esquema tático e até opinavam sobre contratações. De início, o modelo foi vencedor, com o Timão conquistando o bicampeonato paulista de 1982-1983. Em 1984, a Democracia Corinthiana começou a viver sua derrocada quando nas semifinais do Campeonato Brasileiro perdeu para o Fluminense em pleno Morumbi, por 2×0, caminho aberto para o nosso tricolor conquistar o seu segundo Brasileirão. O modelo acabou sendo definitivamente enterrado em 1985.

A Democracia Corinthiana ultrapassou o universo do futebol, com os seus líderes participando com protagonismo do movimento das Diretas Já, no período de redemocratização do Brasil, no final da Ditadura Militar. Mas foi defenestrada do Parque São Jorge, junto com seus ídolos Sócrates e Casagrande.

Enquanto técnico do Fluminense, Diniz em várias entrevistas disse que recuperar jogadores problemáticos e desmotivados era mais importante do que as vitórias, desenvolvendo uma relação de mútua confiança com seus comandados. Na mídia, jogadores mostravam o interesse em atuar no Fluminense. Renato Augusto, então jogador do Corinthians, em uma entrevista para a Revista Placar em outubro de 2023, certamente cavando sua contratação. O técnico em 2023, no auge do sucesso, chegou a assumir o comando da Seleção Brasileira, mas não resistiu a seis partidas com apenas duas vitórias, um empate e duas derrotas.

Mas os títulos geraram uma soberba e acomodação. Por sua vez, a direção do clube, através do seu presidente, auxiliado por seu comitê gestor, formado por Paulo Angioni e Fred, repetiu a arriscada receita de apostar na contratação de jogadores veteranos como Renato Augusto, Douglas Costa, Felipe Alves, e seguindo com a extensão de contratos de outros velhos conhecidos do clube como Felipe Melo, Fábio e Keno.

O episódio ocorrido na véspera do jogo contra o Vasco, quando jogadores como John Kennedy, Alexsandro e Cauã Elias participaram de uma festa privê com convidadas no hotel onde o time estava concentrado, mostra bem como a autogestão se fez presente. Inicialmente. anunciou o afastamento dos jogadores, mas em duas semanas ambos já estavam reintegrados. Até então, Diniz poucas vezes havia convocado concentração nas vésperas de jogos no Rio.

Com uma pífia campanha no Brasileirão 2024, ocupando a 20ª e última posição, com apenas sete pontos, o Fluminense não consegue se desvencilhar do Dinizismo. O novo técnico, Mano Menezes, pelo jeito não terá tempo hábil para recuperar taticamente, tecnicamente, e, sobretudo, psicologicamente a equipe.

O fato é que o Dinizismo precisa ser exorcizado do Fluminense.

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