“O Fluminense perdeu o senso de clube nacional”




“O Fluminense perdeu o senso de clube nacional”

Fala, galera tricolor! De volta às páginas do Explosão Tricolor após duas semanas “forçadamente” sabáticas. E vi que neste período perdi o “timing” de muitos assuntos importantes que rodearam o clube nos últimos 14 dias. Destaque para a entrevista de Pedro Abad ao site “Esporte 24 horas”. Ele deixou a certeza de que o clube não tem rumo e que já perdeu a direção faz muito tempo.
Mas hoje resolvi colocar no título uma frase dita por Alexandre Rangel, sócio da Ernst & Young no Brasil, empresa que realizou consultoria interna no Fluminense em 2017 – o contrato acabou em dezembro do ano passado. Apesar de chamativo, ele foca a diminuição nacional do clube na gestão da Flusócio.
Apenas para contextualizar, Alexandre escreveu o texto no Twitter para criticar o baixo aproveitamento tricolor do potencial da sua torcida, resultando em rentabilidade pífia, times ruins e estádios vazios.
Tudo bem, a Ernst & Young pouco trouxe para o clube. Apesar do contrato que manteve com o Fluminense, os seus resultados não são de conhecimento da torcida. Ninguém sabe o que eles efetivamente fizeram para aprimorar a governança e em que isso pode ter melhorado o clube a ponto de alcançar positivamente o futebol.
Mas o título muito representa o Fluminense atual. Sem qualquer rancor contra o cidadão, mas mirando a sua gestão, Pedro Abad nos faz sentar na frente da televisão torcendo para o time não perder do Atlético Paranaense. É isso mesmo! Assisti ao jogo rezando para o time jogar bem e sair pelo menos com um ponto da Arena da Baixada. Pura decepção!
Engraçado porque ele diz sempre que “está fazendo o que tem que ser feito”. Como assim? Atrasar salário da turma que trabalha na limpeza e na cozinha, a ponto de lhes forçar a tomar dinheiro emprestado para pagar a passagem do coletivo, é fazer o que tem que ser feito? Pra mim, isso é incompetência escondida na fala de bom moço.
Muricy Ramalho foi um visionário em 2011, quando disse que os vestiários das Laranjeiras têm ratos. Por mais que aquilo nos tenha doído no momento, a mensagem deixada por Muricy foi clara:
“O clube precisa se estruturar melhor e, para tanto, não pode deixar de lado o único elemento capaz de nos tirar da beira do precipício: a força da torcida”.
Se permanecer a política de distanciamento da arquibancada não teremos condições de sobreviver num futebol cada dia mais competitivo e profissional.
O Avaí já lançou a sua moeda virtual, programa em que pretende arrecadar próximo de R$ 32 milhões com a venda de criptomoedas que poderão servir de investimento para quem a adquirir. Já o Flamengo lançou um programa de sócio-torcedor que confere “milhas” aos torcedores que frequentarem os estádios. E o Fluminense não consegue sequer manter uma loja decente na internet.
O relacionamento com a galera e a capacidade de auferir lucro com a sua paixão serão fundamentais. São fatores que determinarão os resultados dos clubes no futuro. Nenhum se sustentará com o afastamento da torcida. E aqueles que assim insistirem, bajulando piscineiros e a parte social, não estarão vivos no futuro.
O Fluminense tem uma torcida apaixonada. Os tricolores possuem boa capacidade de compreensão da realidade. A história mostra que temos disposição para retirar o clube da lama. Mas assim como ocorre com qualquer empresa, é ele que deve ir ao encontro do cliente – no caso, o torcedor – e não o contrário.
Essa é a receita: carregar nas costas aquele que tem amor pelas três cores mais tradicionais do país. Do contrário, não tem solução.
É óbvio que tudo isso passa pela necessidade de se ter grandes times. O grande Francisco Horta, que dirigiu o Fluminense entre os anos de 1975 e 1977, chegou a idealizar o troca-troca com os demais clubes cariocas para reforçá-los e assim obter grandes arrecadações no campeonato estadual. Conseguiu aumentar o público para mais de 3 milhões. E ainda transformou o torneio num sucesso de renda e de interesse da mídia.
Isso significa que, sem um planejamento adequado e capacidade de gestão, não se faz um grande time e não se tem o retorno do torcedor. É mais ou menos como exigir que ele faça seu papel sem lhe dar atrativos para tanto. Isso jamais acontecerá.
Enfim, somos nacionais, o maior Tricolor do país, e devemos nos manter assim. Apesar da Flusócio e de todos os seus desmandos…
Ser Fluminense acima de tudo!
Evandro Ventura

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