O Machado de dois gumes




Roger Machado (FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.)

“Há um sincronismo cósmico, metafísico e astrológico entre eles. Ambos são gremistas, multicampeões pelo time de três cores do Sul e, quando veteranos, vestiram a camisa Tricolor e fizeram gols decisivos – Renato em 1995; Roger em 2007. Em 2007, Roger era treinado por Renato. Portaluppi era treinador há pouco tempo. O então técnico Tricolor precisava apenas de um grande título para consolidar sua carreira. Pasmem: esta é a mesma condição do novo treinador Tricolor. Roger Machado tem muito talento, mas lhe falta uma conquista importante, um grande êxito. 

Como será o Flu Machadiano? Vencedor! E, com a ênfase da imodéstia, eu afirmo: Roger conquistará em 2021, o título que Portaluppi não conquistou em 2008! A mística renasceu: o Fluminense será o campeão da Libertadores de 2021! Roger Machado terá um grande destino como treinador do Fluminense…

Insisto: a mística renasceu, amigo leitor!” 

(Teixeira Mendes – Roger Machado: o Fluminense Machadiano / texto publicado no portal Explosão Tricolor em 24/02/2021)

Antes de tudo, eu gostaria de pedir sinceras e humildes desculpas ao leitor do melhor e mais destacado portal Tricolor. Parece falta de modéstia e fraude ‘’cronística’’ quando alguém pensa ter o direito de citar a si mesmo. Amigo leitor, eu estou fazendo uma ‘’auto-citação’’, mas não para querer ter razão. Eu não sou um homem de posses e, muito menos, sou proprietário da razão. Sou um humilde e pacífico torcedor. Não passo de um mero peladeiro das letras e, tal como você, sou um anônimo apaixonado pelo Pó de Arroz. Na cardiologia do futebol nem do coração o torcedor é dono. A paixão é quem domina os nossos corações.

Aristóteles foi um dos filósofos que tentou definir o ser humano: – o homem é um animal racional, disse o estagirita. Repito: não sou dono da razão e, muitos menos, definível pela racionalidade. Outro, mais recentemente, alegou que o ser humano é um ‘’animal simbólico’’ e, na filosofia, há também quem pense o ser humano como um ser lúdico – como um homo ludens. Que me perdoe o erudito e filósofo-lateral Igor Julião, mas, no futebol, a filosofia prevarica. O que importa é a paixão! E o velho Nelson decifrou e desvelou todo o sentido da verdade – futebol é paixão! Nossa vã filosofia é incapaz de explicar o que acontece dentro das quatro linhas, na duração épica dos noventa minutos!

Para explicar o título da crônica e, ao mesmo tempo me justificar, gostaria de recordar duas coisas: o novo ditado ‘’nunca critiquei’’ e a verdade do Estádio. O jovem dito popular dispensa maiores apresentações, pois, sua breve biografa e sua popularidade são conhecidas. A verdade do estádio, contudo, merece recordação. O ser humano não se distingue do restante da natureza pela razão, pelo lúdico, pelo polegar opositor, ou pela capacidade de criar sentido. O ser humano é o único ser capaz de torcer! Somos apenas torcedores! Exatamente, leitor: – somos reles e mortais apaixonados torcedores!

E como ’’homo torcendis’’ (neologia para uma língua morta), da arquibancada, xingamos o sujeito que erra o passe de dois metros e, o aplaudimos como um semi-Deus, quando o mesmo jogador realiza um lance fantástico. Uma jogada extraordinária feita cinco minutos depois de um erro crasso e boçal e todo um universo de vaias renasce convertido em uma apoteose de aplausos. Eis o Fluminense de 2021, o Flu de Roger Machado, o Tricolor Machadiano, o Time de Guerreiros da presente semana. Oscilamos da esperança ao desespero, variamos do otimismo – da citação que começa o texto – ao desbotar do verde da esperança.

Muitos usaram a #NuncaCritiquei para o Egídio. E, talvez, até para o Nenê ou para o Luiz Henrique. Eu, contudo, gostaria de dizer outra coisa: eu tinha esperanças místicas quanto ao Roger. Depois de alguns resultados negativos e, notadamente depois de jogos sofríveis, cheguei a duvidar da capacidade do nosso treinador.  Sejamos justos: o Amado Clube de Laranjeiras fez uma grande partida contra o Cerro. Em larga medida, o triunfo teve o dedo do comandante Tricolor. Roger deu um nó tático no Arce. O criticado Machado foi brilhante. O ‘’nunca critiquei’’ também pode ser aplicado ao treinador. Dedico ao Roger o novo ditado popular: -nunca o critiquei!

O futebol, como eu havia dito, Tricolores, é volátil, ambíguo e irônico. O mesmo indivíduo passa de herói a vilão em uma semana, em cinco minutos, em um instante. O criticado Roger… hoje é elogiado. E tem mais é que ser elogiado, amigo leitor! Tão belo foi o nosso jogo e a nossa vitória. Devemos, todavia, lembrar de outra máxima do povo: ciclón que venta lá… venta cá. Não há nada decidido. O futebol é um Machado de dois gumes. A vantagem é preciosa, larga, robusta, mas, o esporte bretão é cheio de surpresas. Os heróis de hoje poderão … (o leitor que complete a frase na imaginação!).

-E viva a ambiguidade de ser, viva o ‘’homo torcendis’’, o nunca critiquei! Parabéns, Guerreiros Atletas, Roger Machado e a todos pelo grande jogo, pelo 2×0 no jogo de ida das oitavas da Libertadores. FALTAM SEIS JOGOS PARA A GLÓRIA ETERNA! VAMOS, FLUMINENSE!

Teixeira Mendes



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31/07 – Sábado – 17h – Fluminense x Juventude – Maracanã

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