O nosso professor




Venho desde domingo pensando na partida que fizemos na final da Taça Guanabara. Já assisti a duas reprises. Fiquei observando também o vídeo dos bastidores deste jogão. Tem uma coisa linda neste vídeo. O Abel Braga aguardando na porta do vestiário, e dando aquele aperto de mão em cada um, na hora deles entrarem em campo, até que passa o Léo Pelé. Desta vez, o Abel tem um cuidado especial, uma saudação especial, um incentivo também especial. Passou até a mão na cabeça do garoto. Nossa torcida gosta do Léo, mas percebeu que ele, nos últimos jogos, tem andado muito tímido. Desta vez, ele estava mais solto. Fizeram uma dobradinha pelo lado dele. Às vezes, caíam três por ali. Foi duro. Perto do fim do jogo, o Abel, ao invés de tirá-lo, colocou o Calazans para ajudar o moleque. Quando assisti o vídeo dos bastidores, entendi: o Abel está investindo nele, porque sabe que ele vai evoluir muito ainda. Assim é o Abel Braga.

Esse treinador, que é excelente nesta parte emocional, na parte espiritual da nossa equipe, não para por aí. Talvez seja o treinador mais atento à parte tática. Ele é detalhista ao extremo e não é daquele tipo que tem uma maneira de escalar, e tenta implantá-la a todo custo, na equipe em que trabalha. Não quero fazer comparação, nem criticar ninguém. Mas em 2014, com um timaço daquele, Cristóvão Borges, nosso treinador da época, dizia que sofreríamos muito por não termos um jogador de velocidade. E o único que tínhamos para dar essa profundidade de que precisávamos (Biro Biro), ele não botava em campo por nada deste mundo. Houve até um lance curioso contra o Cruzeiro, em que perdíamos, e nossa torcida pedindo o Biro Biro. Ele colocou o Kennedy e vaiamos muito. Não vaiamos o moleque, que empatou a partida com um golaço no fim. Vaiamos o treinador!

Abel Braga  chegou em 2005 e pediu uns jogadores. O jogador chave do esquema dele era o Leandro Guerreiro, que fazia o esquema dar certo. Ele sabia da importância do Marcão, pela liderança, e o adaptou, quase como um terceiro zagueiro, para poder aproveitá-lo no time. Fomos perdendo jogadores ( Antônio Carlos, Fabiano Eller, Diego Souza e Felipe, que ficou quase o ano todo suspenso) e ele ia mexendo, até encontrar o time. Foi ele que encontrou uma função para o Pet, que chegou no meio do ano. Posso assegurar pra vocês que poderíamos muito bem ser o campeão brasileiro. Não fomos porque não tínhamos o Maracanã (só na primeira rodada, na vitória de 2 a 1 sobre o São Paulo), fomos o time que mais jogou no ano ( fomos à final do Carioca, final da Copa do Brasil, tivemos que jogar de novo 5 ou 6 partidas por causa do escândalo de arbitragem e jogamos a Copa Sul-Americana, chegando às quartas, viajando muito também) e todo jogo pra gente era fora, nossa casa era Volta Redonda. Chegamos no final do ano, faltando cinco partidas para acabar o Brasileirão com chances de título e a um empate de garantirmos vaga na Taça Libertadores. Perdemos as cinco, por falta de força física mesmo! Éramos “O TIME QUE SE RECUSA A PERDER”, alcunha dada por Luís Mendes. Resultados à parte, o time era muito bom e muito aguerrido. Virávamos muitos jogos, e de forma espetacular.

Em 2012, ele estava encontrando vaga pra todo mundo. Faltava vaga, sobrava jogador! Havia uma dúvida. Quem jogaria ao lado do Fred? Sóbis ou Thiago Neves? De repente, voltou o Wellington Nem de empréstimo, e o Abel não demorou a escolhê-lo, pela profundidade que este último dava à equipe. Vou falar como entendi aquele encaixe de time. Nossos laterais, nosso meio de campo e nosso ataque , naquele ano, poderiam jogar em vários e vários esquemas de jogo. Mas nossos zagueiros (Gum e Euzébio) tinham uma limitação. Eles só funcionavam de frente pro lance. Como não tinham velocidade, não podiam deixar campo atrás de si. Precisavam ficar mais atrás. E para não haver buracos, espaços entre a linha de zagueiros (mais o Edinho) e o meio de campo, nós recuávamos o time. Fizemos vários gols com apenas Wellington Nem e Fred no campo do adversário. Às vezes, também o Thiago Neves. Sobrava pros adversários chuveirar na nossa área, mas Euzébio e Gum, de frente para o lance, sem se preocupar muito com coberturas (nunca souberam fazer isso bem) eram absolutos. Ou seja, Abel Braga colocou aquele timaço um pouco mais atrás, e montou tudo matematicamente, milimetricamente. Garanto para vocês: se tivéssemos um zagueiro como o Dedé, aquele time golearia todo mundo. Nossa zaga poderia dar dois passos para frente, sairíamos daquele sufoco, nossas vitórias seriam tranquilas. Não falo da técnica do Dedé (enorme), falo da velocidade e senso de cobertura impressionantes. Mas, mesmo sem este zagueiro veloz, o resultado foi aquele que vimos: campeão de tudo. Naquele ano, houve um senão: fiquei muito chateado em entrar em campo para enfrentar o Boca, no Engenhão, sem Fred e Deco. Tivemos culpa nisso, ao meu ver. Já não teríamos o Fred (contundido), e demos uma certa bobeira com o Deco. Mas tudo bem, já passou.

Em 2017, o Abel, bem rapidinho, encontrou um time que está me deixando muito feliz. Nossos zagueiros podem jogar um passo à frente (não dois, como eu gosto, apenas um). Nossos volantes são rápidos e leves. Sabem sair para o jogo. Aquela ligação direta do Gum quase zerou. Pelas características, preferiria o Nogueira ao Renato Chaves. Acho que precisa melhorar um pouco a cobertura nas laterais. Nossos zagueiros precisam ficar muito ligados. Eles precisam ficar cientes que tem muito campo nas costas deles. Os homens rápidos dos times adversários precisam ser batidos, e o meio de campo deve impedir os lançamentos. Gosto muito da defesa avançada, mas muito cuidado e muita atenção, meus zagueiros! O nosso goleiro também está jogando mais na frente, na marca do pênalti. O Abel está fazendo nossa marcação adiantar. Não tem mais aquele sufoco de anos atrás. E na frente, a palavra que define o time é velocidade. Temos um homem que vira a bola com incrível visão de jogo, que é o Sornoza. Todos jogam bola. Gustavo Scarpa é um motorzinho. Só um pedido para o Abel: o Sornoza tem que jogar um pouquinho mais perto da área. É verdade que quanto mais perto da área, maior a marcação. Mas ele sabe fazer gol, sabe chutar. Pode se juntar mais ao Dourado.

Vocês ouviram o que disse o Muricy? Ele falou que assistiu a várias partidas jogadas na Europa neste fim de semana, e que o Fla x Flu foi uma das melhores. Falou da inteligência do Abel Braga. Essa palavra (inteligência) é uma das que mais gosto. Para mim, chamar alguém de inteligente, é o máximo! E eu, que já vi o Abel, no Youtube mostrando o esquema de 2012 na mesa de botão, presto muita atenção nas palavras que ele usa nas entrevistas, acho que percebo onde ele quer chegar quando fala algo, também quero fazer um elogio ao nosso professor: Abel, você é muito inteligente!

André Luiz

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