Uma rivalidade histórica e um grande título
Amigos Tricolores, hoje o adversário é o Atlético/PR. Um clube que já nos aprontou muitas, e a principal, lembro bem, foi entregar um jogo para o Criciúma em 1996, com o objetivo de rebaixar o Fluminense. Ganhavam por 1 x 0, em casa, mas atenderam a pedido da torcida, tiraram o pé e deixaram o Criciúma virar, da mesma forma que o idôneo time da Gávea perdeu para o Bahia em São Januário e comemorou a derrota. Ambos queriam o rebaixamento do Fluminense. Muito ético!
Isso ninguém fala quando cita o rebaixamento do Flu. Foi uma vergonha.
Quem viveu a época sabe bem que não invento nada.
E por que o Atlético fez isso? Perguntem lá aos dirigentes deles na época. Eles sabem.
Alguns jogos antes, na campanha de 1996, o Atlético foi jogar nas Laranjeiras, e o seu goleiro, Ricardo Pinto, ex-atleta do Fluminense, teve a irresponsabilidade de fazer gestos obscenos para a torcida do Fluminense. Provocou o jogo todo, inclusive ali no gol do placar, virando-se para a torcida, atrás dele.
Hoje por muito menos o atleta levaria cartão amarelo e depois vermelho. Não pode! É uma loucura provocar uma torcida e incitar uma multidão.
E ele provocou nos 90 minutos.
Ex-atleta do clube, tendo saído em circunstâncias adversas, naturalmente foi vaiado, e não tinha direito de incitar a torcida.
Eu estava nas Laranjeiras, e vi cenas que realmente me deixaram triste.
Ele provocou, o Flu perdeu por 3 x 2, e, ao final do jogo, em vez de sair de campo direto ficou gesticulando para a arquibancada.
Deu ruim.
Lógico que os ânimos ficaram exaltados, foi cercado, xingado, mas tiraram ele logo para o vestiário.
Acreditam que ele voltou, por conta própria, com o objetivo de continuar as provocações? Aí acabou até apanhando, valorizou, simulou uma grave contusão que não teve.
E aí vocês entendem por que o Atlético entregou aquele jogo contra o Criciúma…
Seu dirigente, Mario Petraglia, num episódio em ano seguinte, tomou uma punição de suspensão do futebol, com o rebaixamento de Atlético/PR e Corinthians.
O caso aconteceu em 1997 quando a Rede Globo denunciou em Jornal Nacional um esquema em que o diretor de arbitragens da CBF Ivens Mendes oferecia facilidades dos árbitros para os times cujos dirigentes se dispusessem a contribuir para seu caixa de campanha para se eleger deputado federal. O episódio ficou conhecido como o caso Ivens Mendes.
A Justiça Desportiva chegou a suspender os dirigentes de futebol Mário Celso Petraglia, do Atlético Paranaense, e Alberto Dualib, do Corinthians, e Ivens Mendes foi obrigado a deixar a presidência da Confederação Nacional de Arbitragem da CBF. Pela mesma decisão, o Atlético ficaria suspenso por um ano. As decisões acabaram não sendo cumpridas, como é natural no futebol brasileiro. Na Justiça comum, na qual todos os envolvidos foram acusados de corrupção, o caso também não prosperou.
E aí, sempre que jogamos contra o Atlético, ouvimos de sua patética torcida: “@#$@%%, o Fluminense é a vergonha do Brasil.”
Nós bem sabemos quem causa vergonha! Não é à toa que os chamamos de patéticos!
No Campeonato Brasileiro temos várias belas vitórias sobre o Atlético. Mas peço a permissão para destacar aqui uma que não foi pelo Brasileirão.
Uma que valeu título! E título importante.
Em 20 de abril do ano passado fomos a Juiz de Fora decidir um título inédito: a Primeira Liga, em sua primeira versão.
Com melhor campanha, o Flu teve o mando de campo. Sem o Maracanã e o Engenhão, entregues às obras olímpicas, o Flu escolheu Juiz de Fora, no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.
Nós, do Explosão Tricolor, organizamos uma excursão em dois ônibus, e pegamos estrada rumo à cidade mineira, naquela tarde/noite de uma quinta-feira. Fui na coordenação de um dos ônibus, levamos quase 100 leitores do Explosão na Caravana do Título.
Jogo difícil, arrastado, nervoso, e o gol único da partida marcado por Marcos Junior aos 35 do segundo tempo, lançado por Magno Alves e sendo cirúrgico na conclusão, após bela arrancada desde o meio de campo até a área adversária.

Ao final do jogo uma meia dúzia de tricolores invadiu o campo, apenas no ímpeto de comemorar de perto, e vi uma grande covardia da polícia local, que deu um show de irresponsabilidade e mandou gás lacrimogêneo para cima de uma arquibancada inteira. Vi muita gente tendo que correr, homens, mulheres, crianças, idosos… Vi até mulher grávida em situação difícil.
A sorte, amigos, é que o estádio em questão tem uma área de escape na medida em que você corre para o alto da arquibancada. Se fossem muros, muita gente iria se machucar com gravidade, eu prefiro nem imaginar…
E só queríamos assistir à entrega da Taça e volta olímpica… O que não foi possível.
Enfim, felizmente a irresponsabilidade da polícia não causou maiores ferimentos na galera, foi mais o susto. Lembro que nunca na vida respirei tanto aquela porcaria, e em mais de 40 anos de Maracanã fui conhecer aquilo em Juiz de Fora.
Hora de voltar para casa, e, depois de um contratempo, com enguiço do outro ônibus e substituição do mesmo, chegamos todos ao Rio de Janeiro, com faixa no peito e o orgulho de campeão, num inesquecível título contra o Atlético paranaense, na única decisão registrada entre as duas equipes.
E o Caneco está lá, nas Laranjeiras!
Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: SÓ DÁ NENSE!!!
Por PAULONENSE / Explosão Tricolor
