O roteiro mais bonito da história






Após sobreviver ao vendaval de emoções que vivenciei na noite deste sábado, refleti sobre algo que ainda não havia pensando ao longo da Libertadores: o título inédito do Fluminense conta com o roteiro mais bonito da história da competição continental. São inúmeras histórias de redenção entre os personagens tricolores nessa histórica conquista.

Vou começar pelo técnico Fernando Diniz, que estava desempregado e vivia um momento de incerteza em sua carreira após sucessivos insucessos. Pediu para voltar ao Fluminense, conquistou o título carioca sobre o rival Flamengo, chegou à Seleção Brasileira, conquistou o título inédito da Libertadores e se tornou referência no futebol mundial. É coisa de cinema o que ele alcançou desde a sua volta às Laranjeiras.

Sigo adiante com o goleiro Fábio, que, na minha opinião, tem a história mais bonita entre os jogadores tricolores. Aos 41 anos, foi chutado do Cruzeiro pelo Ronaldo Fenômeno. Para muitos, a sua carreira havia chegado ao fim. No entanto, assinou com o Fluminense em janeiro de 2022, se tornou um líder do elenco e protagonista dentro de campo. Aos 43 anos, conquista o maior título de sua carreira em seu centésimo jogo na Libertadores. Um enredo hollywoodiano.

História parecida tem o experiente Felipe Melo. Dispensado pelo Palmeiras mesmo após conquistar dois títulos de Libertadores, o veterano deu a volta por cima no Fluminense. Aos 40 anos, mostrou mais uma vez que nasceu para vencer. Se reinventou como zagueiro, conquistou a titularidade absoluta e foi um dos pilares do Tricolor na conquista da América. O Pitbull novamente fez história.

Renegado pela torcida do Grêmio, o lateral-esquerdo Diogo Barbosa também veio ao Fluminense para fazer história. Conquistou a confiança da torcida tricolor dentro de campo e mostrou bom futebol sempre que foi acionado. Para completar o roteiro, participou da construção do gol que deu o título da Libertadores ao clube das Laranjeiras.

Não posso deixar de citar o lateral-esquerdo Marcelo. Aos 34 anos, recusou propostas de clubes da Europa e da Arábia Suadida para retornar ao clube que o revelou para o futebol. A gratidão foi traduzida em títulos. Campeão carioca e da Libertadores da América. Um vencedor nato!

Desacreditado por muitos, Ganso é mais um que deu a volta por cima no Fluminense. Após altos e baixos em sua carreira, conquista o bicampeonato da Libertadores aos 34 anos, sendo titular e peça importante da equipe na decisão. Entrou de vez para a história do Fluminense!

Desconhecido na Argentina, Germán Cano se apresentou aos argentinos em 2023. Hat-trick contra o River Plate e gol decisivo na final diante do Boca Juniors. Destruiu os dois maiores clubes de seu país natal. De quebra, se tornou talvez o maior ídolo da história do Fluminense. Nenhum jogador tricolor conquistou tanto em tão pouco tempo e de forma tão impactante.

Autor de duas assistências na decisão, Keno mostrou que o Atlético-MG cometeu um erro crasso ao tratá-lo como uma peça descartável. Melhor para o Fluminense, que pagou barato por um jogador top de linha. Deixou os problemas físicos no passado e cresceu no momento mais decisivo da temporada. Indispensável no esquema de Fernando Diniz.

O belíssimo roteiro tricolor na Libertadores 2023 tem como personagem final o jovem John Kennedy, de 21 anos. Afastado do Fluminense em setembro de 2022 por conta dos inúmeros episódios de indisciplina, o atacante retornou ao clube em março deste ano para se tornar fundamental no campanha do histórico título continental. Balançou as redes em todos os confrontos do mata-mata e fez o gol da vitória sobre o Boca Juniors. Craque e iluminado!

Campeão no Maracanã, o Fluminense apaga os traumas deixados pelo vice-campeonato em 2008 e escreve o seu nome na história da Libertadores! Um título histórico repleto de belas histórias!

Por Leandro Alves