O típico “empate com gosto de derrota”




Nenê e Marcão (FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.)



Ia esperar um pouco mais antes de começar esta coluna, mas acho que a cabeça quente reflete perfeitamente o que foi este empate do Fluminense diante do Vasco, em São Januário, pelo Brasileirão. Inacreditável. Revoltante. Desanimador. Para mim, essas três palavras resumem bem o sentimento da torcida ao final da partida. O pior de tudo é que, apesar de triste, o gol achado pelos cruzmaltinos foi justo pensando no que foi o segundo tempo.

Rebobinando um pouco a fita para o momento em que todos estávamos tranquilos. O Tricolor chegou para a partida de treinador novo e com esperanças de fazer cair o professor que estava do outro lado. Além disso, o G4 estava ao alcance das mãos. Bastava uma vitória simples. Um a zero. Pelo visto, o Tricolor queria apenas isso. Bom, saímos de mãos vazias.

Logo aos 6’, Wellington Silva já deu mostras de que seria o jogador mais perigoso da equipe. Em bom cruzamento de Igor Julião, o nosso ponta-esquerda subiu e cabeceou para fora. Após o teste, chegou o momento de pôr em prática. De Julião para Egídio, do lateral para um defensor vascaíno, que tirou mal. Na sobra, Wellington colocou no fundo das redes com tranquilidade. Nesse momento, tinha certeza de que o rival estava entregue e que tínhamos condições fazer mais um, dois… Aos 25’, o segundo poderia ter saído, mas Michel Araújo não conseguiu aproveitar o belo passe de Nenê.

A partir daí, o Vasco passou a querer mais o jogo e em 10 minutos já era melhor. Aos 38’, após bola perdida no meio, Cano foi levando, levando e levando. Sem ser incomodado na avenida que tinha à frente, inaugurada logo no início da partida. O chute, contudo, saiu fraquinho e Marcos Felipe não teve dificuldades. Falando no nosso goleiro, em chute já no fim da etapa inicial, o arqueiro não conseguiu encaixar e espalmou de volta para o jogador adversário. Marcos se redimiu no mesmo lance e com os pés fez mais uma defesa. Tem mais créditos que Muriel e fiquei contente que foi titular, mas me deu um susto.

Na volta do intervalo, só um time estava a fim de jogo. E, infelizmente, era o rival. Isso, porém, não quer dizer que o Vasco foi muito melhor, já que a fase deles é terrível — pior, só o Botafogo. Logo no início do segundo tempo, Hudson teve que ser substituído por lesão e deu vaga para Yago Felipe. Como o time que queria jogar tropeçava nas próprias pernas, ninguém chegava com muito perigo. Até que, aos 22’, Talles Magno tentou dar vida à partida. Para a nossa sorte, o belo chute de fora da área parou no travessão.

Quando a partida já se encaminhava para o fim, Caio Paulista, que entrou ao lado de Ganso, teve uma boa chance de fazer o segundo e matar o jogo. Bateu forte… em cima do goleiro. Antes disso, havia dominado com a mão e o lance não valeu. Logo depois, quase nos lembramos da última partida. Isso porque Talles Magno recebeu totalmente livre na entrada da área e perdeu uma grande chance. Dentro do gol, Luccas Claro praticamente calçava uma das luvas. Esse lance foi o resumo da nossa postura na segunda etapa. O Fluminense topou ser o goleiro, e só isso, mas o outro time nem conseguia acertar o gol.

Inclusive, o tento do Vasco saiu da única forma que poderia ter saído: do acaso. Aos 47’, em chute de fora, os 8 zagueiros do Tricolor viram a bola passar por cada um deles e parar nos pés de Cano. Menos dois pontos. Apesar de segura, acho que a dupla Luccas Claro e Matheus Ferraz foi mal nessa. O primeiro achou que não ia dar em nada e assistiu; o segundo saiu da frente da bola que ia em direção ao gol. Merecido, mas triste. Pior: inacreditável, revoltante, desanimador!

Agora, é tentar corrigir quanto antes a atuação inaceitável que tivemos na segunda etapa. Poderíamos ter vencido fácil e entrado no G4. Não entramos. Temos que nos contentar com o G7 a um ponto do quarto colocado. Mas dava para ter conseguido mais do que um mísero ponto. Empatamos com a nossa própria postura. O típico “empate com gosto de derrota”.

Curtinhas

– Mesmo inconsolável com o empate, tenho que dizer que talvez o empate sirva para frear a empolgação com o Marcão. O que não dá é frearmos rodada sim, rodada não.

– A primeira metade da etapa inicial deu mostras de que podemos construir jogadas. Isso foi um ponto positivo.

– De negativo, o buraco que houve na frente da zaga durante os 90 minutos. Além, é claro, de todo o segundo tempo.

– Julião deu dois bons cruzamentos e não comprometeu lá atrás, assim como Egídio. Nossos problemas não foram as laterais.

– Quarta já tem jogo novamente, dessa vez contra o Atlético-GO. Como já tivemos decepção o suficiente no domingo, aposto em um 2 a 0 tranquilo para nos reanimar.

– Apesar do resultado, sigo confiante na briga por uma vaga na Taça Libertadores.

Saudações Tricolores, galera!

Carlos Vinícius Magalhães