Para quatro moleques de Xerém




Para quatro moleques de Xerém (por Lindinor Larangeira)

Queridos Alexsander, Arthur, John e Kauã, espero que estejam bem.

Em primeiro lugar, vou usar uma expressão que abomino: “lugar de fala”. Afinal, creio ter múltiplo lugar de fala, o que me daria mais autoridade para mandar esse recado para vocês. E esses inúmeros lugares de fala são: o de alguém que tem idade para ser pai, ou mesmo avô de vocês. Que torce pelo Fluminense, desde o longínquo ano de 1969. Que ama o futebol. E, se voltarmos 55 anos no tempo,  era um garoto da favela, que, como milhares, sonhou esse sonho de vocês. Por não ter talento com a bola nos pés, buscou outros campos para atuar e ganhar a vida.

Como disse o cruzeirense Samuel Rosa, naquela conhecida canção: “Quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol?” Tornar esse sonho real é uma realidade para poucos. Em um país tão desigual, representa a possibilidade de ascensão social, que a vida está oferecendo a vocês.

Vocês estão na cara do gol. Não chutem para fora. Coloquem a bola na rede. A carreira que vocês abraçaram é efêmera. A fama é fugaz e muitos percalços aparecerão no caminho.

Apenas o talento não será suficiente para triunfar nessa carreira. É preciso persistência, foco e disciplina. Correr mais do que os outros moleques, para chegar primeiro na jogada. Ter mais vontade de ganhar a partida do que eles.

Sucesso e dinheiro são consequências desse jogo, em que vocês são quase super-heróis. Mas lembrem-se do conselho “daquele velho amigo de sempre, ao seu dispor, o Homem Aranha: “Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades”.

Um de vocês já sente o gosto de ser um ídolo precoce de milhões de torcedores espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Todos já vestiram a camisa da seleção mais vencedora do planeta, apesar de a vida estar apenas começando para os quatro.

Para terminar, esperando que “essas mal traçadas linhas” cheguem até vocês, um óbvio conselho: ouçam muito os seus pais. São os seus verdadeiros amigos, que só querem o bem de vocês.

Com a bola nos pés e a cabeça no lugar, vocês podem ter um futuro de muitas conquistas e alegrias, e nos brindar com muitos títulos.

Um forte e afetuoso abraço em cada um de vocês.

PS: Luan Freitas, João Neto e Yago: estou na torcida por vocês, moleques bons de bola. Façam o seu melhor e voltem com mais experiência, para nos ajudar na campanha do Super Mundial da Fifa, no ano que vem.