PC Caju sai em defesa de Félix por conta de críticas: “Os analistas de computadores engomadinhos seguem falando baboseiras”




Paulo Cezar Cajú



Na semana passada, o canal SporTV reprisou a histórica campanha do tricampeonato mundial conquistado pela seleção brasileira, em 1970, no México. A repercussão entre os torcedores foi extremamente positiva, entretanto, a filha do saudoso goleiro Félix Miélli, Patrícia Rinaldi, criticou os jornalistas que comentaram os jogos após as exibições dos jogos:

– Fiquei muito triste de ver que, apesar de quererem fazer uma homenagem dos 50 anos do tri, e apesar de serem ótimos jornalistas, falta um pouco de experiência, aprendizado, lição de casa para saber o que aconteceu lá, né? Sempre faz falta um repórter ou um jornalista daquela época para ter propriedade do que se sentiu e do que se viveu. É diferente você pegar uma moça, que hoje você tem muitas mulheres no futebol, graças a Deus. Eu amo e joguei futebol. Mas são todas jovens. E elas não sabem. Então o que que elas veem? Uma reportagem ou um repórter, inclusive o próprio João Saldanha, que sempre meteu o pau no meu pai, mas muitos jornalistas antigos que falavam mal. ‘Ah, ele sai mal do gol, ele faz isso, ele faz aquilo – disse Patrícia, que ainda disse o seguinte:

– Tem muito o que eles aprenderem ainda e buscar informação para poder falar. Eu fiquei muito chateada assistindo ao jogo contra o Peru, que de repente quem estava comentando falou: ‘Nosso goleiro era ruim, mas o deles era pior’. Isso, eu acho que para uma homenagem, e para os títulos que meu pai ganhou, não cabe alguém agora comentar uma coisa como essa – complementou Patrícia para depois criticar os comentários durante a reprise do confronto contra a Inglaterra:

– No jogo da Inglaterra, todas as curiosidades eram só sobre a Inglaterra, sobre o Banks, fizeram lives com os goleiros atuais e com alguns que pararam, inclusive o Rogério Ceni, falando sobre essa defesa. Agora, eu não vi um goleiro sendo chamado para falar sobre a defesa que meu pai fez que foi a nocaute, e só acordou de verdade quando estava descendo para o intervalo – concluiu.

Paulo Cezar Caju se manifesta

Um dos grandes jogadores da histórica seleção brasileira de 1970, Paulo Cezar Caju também criticou bastante as resenhas realizadas após as exibições das reprises e saiu em defesa do goleiro Félix. Confira o texto publicado na ‘Veja’:

Sabe o que eu acho mais engraçado? Eu ser chamado de nostálgico. Nessa quarentena, algumas emissoras de televisão resolveram transmitir Copas do Mundo do passado e não se falou em outra coisa. Os grupos no “Zap” estavam tinindo: “vai começar Brasil x Uruguai”, “viram a arrancada do Furacão?”, “o Pelé era demais!”. E o saudosista sou eu.

O que mais me incomodou foram as mesas-redondas atuais comentando essas partidas. Deveria ser proibido. Deixei no mudo, claro. Até porque os analistas de computadores engomadinhos seguem falando baboseiras! Não dá para tratarem o goleiro Félix com tanto menosprezo. Félix foi um goleiraço!

Falhava, claro, mas até Pelé dava suas caneladas. Vocês viram quantos chutes errados o Riva deu contra a Itália? Eu já errei dribles, dominei mal e perdi um gol feito contra a Holanda. E o Félix, como todos nós, também errava. Quem acompanhou a carreira dele inteira? Quem tem bagagem para tratá-lo com esse desrespeito?

Outro dia ouvi o Paulo Victor, ídolo tricolor, dizer que antigamente tínhamos grandes goleiros e hoje temos goleiros grandes. Hoje temos atletas, bem diferente de jogadores. Algum jornalista foi medir a grossura das coxas dos italianos, romenos e uruguaios, na Copa de 70, para compará-las com a de Gerson e Tostão, por exemplo?

Hoje todos jogam de camisetinha colada no corpo, com um GPS instalado, para saber quantos quilômetros correram e quantas calorias foram perdidas. O que percorrer a mais longa distância será o mais elogiado pelos fisiologistas. Agora, mande baterem uma falta com precisão, lá onde a coruja dorme! Falar mal do Félix é fácil.

Já joguei com goleiros altos que nunca souberam sair do gol e baixos que tinham uma agilidade impressionante. Ubirajara Mota é um deles. O ditado diz que quanto mais alto maior é o tombo. Hoje o jogador brasileiro mais valorizado na Europa é o goleiro Alisson. Se não é o mais é um dos mais.

E isso só mostra a decadência avassaladora de nosso futebol. Talvez pela desmoralização sofrida por Barbosa, Félix, Waldir Peres e, porque não Jeferson, os treinadores resolveram investir pesado nessa posição. Esqueceram o resto.

É inadmissível falarem mal de Félix. Teve uma carreira brilhante no Fluminense e, reza a lenda, que em 1964, ainda na Portuguesa, de Ivair, o Príncipe, durante um amistoso, nos Estados Unidos, com o jogo já em 9×0 foi colocado de centroavante e fez um gol.

É fácil dizer que Almir Pernambuquinho era brigão, era mesmo, e omitir que ele jogou muita bola. Félix foi um goleiraço. Mas a imprensa prefere colocar holofote na defesa de Banks, coisa de cinema, na cabeçada de Pelé.

Nesse mesmo jogo, contra Inglaterra, Félix salvou o Brasil. O verbo é esse mesmo, “salvou” o Brasil. Quero saber se algum jornalista preocupou-se em saber quanto Gordon Banks mede, se é mais alto que Félix ou se apenas foi mais um baixinho sortudo. Exaltamos Banks e menosprezamos Félix sem conhecer suas carreiras, seus títulos.

Félix, descanse em paz porque eles não sabem o que dizem.

Clique aqui e veja a lista com as últimas notícias do Fluzão!



Por Explosão Tricolor

E-mail para contato: explosao.tricolor@gmail.com