Pitacos do Fluminense 2015

Amigos, está difícil não desanimar com este fim de ano do Fluminense.

Desempenho pífio no campeonato brasileiro, possibilidade de saída de jogadores, poucas perspectivas de boas contratações, torcida distante do clube, política interna em ebulição, intolerância entre torcedores.

E como são muitos os assuntos, vou separar esta minha coluna em tópicos, para facilitar a organização das ideias, bem como a leitura de vocês.

– Desempenho no campeonato brasileiro.

17 derrotas contra 13 vitórias. Desempenhos absolutamente ridículos, indistintamente contra times grandes, médios e pequenos. Um time que se abala com extrema facilidade, e que na maioria das partidas esteve longe de fazer jus ao “time de guerreiros” que ecoa das arquibancadas. Este é o resumo do patético campeonato brasileiro que faz o Fluminense.

Sim, é verdade que o Fluminense passa por um ano de reestruturação, em virtude da perda de um patrocinador de 15 anos, mas isso não nos dá o direito de achar que a 13ª colocação, com um pequeno risco matemático de rebaixamento, é honrosa e compatível com a história tricolor.

Amigos, honroso para o Fluminense, é se classificar para uma Libertadores. Um grande ano para o Fluminense, tem que ser um ano de títulos, de grandes campanhas, sob pena de pisarmos na história do mais tradicional clube do Brasil.

Ok, vá lá que num ano de transição, possamos nos contentar com um meio de tabela, um objetivo de classificação para a Libertadores não alcançado.

Mas nunca podemos nos contentar com 17 derrotas em 34 jogos. Nunca podemos nos contentar em livrar risco de rebaixamento, com 3 rodadas de antecedência. Nunca podemos nos contentar com a perda do tesão pela vitória, que esta diretoria e estes jogadores volta e meia nos transmitem.

A história do Fluminense não começou no quase rebaixamento de 1996. Ela é enorme, gloriosa, e só tivemos a Unimed por 15 dos nossos 113 anos.

Não podemos nos contentar com migalhas.

– Elenco do Fluminense.

Também desanimam as notícias do nosso elenco para o ano que vem.

Em primeiro plano, antes de reclamarmos do que ainda não aconteceu (2016), vamos analisar com cautela, o porquê do desempenho pífio que o Fluminense teve durante todo este ano.

Iniciamos o ano comemorando a renovação de contrato de 5 jogadores, que todos esperavam que saíssem do time com o problema da Unimed (Cavalieri, Gum, Jean, Wagner e Fred).

A ideia era mesclar as revelações de Xerém, com estes cinco jogadores mais experientes e com história no clube.

Para o elenco ganhar mais corpo, foi contratado um pacote duvidoso de “reforços”, em que somente conseguimos aproveitar dois deles (Vinicius e Giovanni). O que jogava a favor deste pacote, é que se tratavam de jogadores baratos e selecionados pelo nosso poderoso “scout”.

O problema é que, neste pacote, já sabíamos de diversas contratações, mesmo sem acesso ao tal “scout”, que não dariam certo. João Fillipe, Guilherme Santos, Victor Oliveira, Lucas Gomes, dentre outros.

Ou seja, no final das contas, quem passou a segurar a peteca, junto com os medalhões, foi a garotada de Xerém, em absolutamente todas as posições da equipe.

Chega o meio do ano, sabidamente com a grana curta, e somos brindados com a volta do Cícero, que encaixou bem na equipe. Mas o que faz o nosso VP de futebol? Resolve “encorpar” a equipe com um ex-jogador em atividade (Magno Alves), um enganador ainda em atividade (Wellington Paulista), e um ex-craque, garoto problema, em atividade (Ronaldinho Gaúcho), além do portentoso Oswaldo e do pereba encrenqueiro Antônio Carlos.

Estas brilhantes contratações, além de desequilibradas em virtude das necessidades do elenco, elevaram a folha salarial de um clube que está contando dinheiro. E o time despencou na tabela do campeonato.

Quando precisamos iniciar nossa recuperação, nos vimos com uma série de carências nas laterais, na defesa, e no ataque.

Vejam que estamos disputando um campeonato brasileiro sem lateral esquerdo, com carência na lateral direita, sem zagueiros reservas, e sem alternativas para o ataque.

É pedir muito para dar errado.

– Perspectivas para 2016.

1 – Muitos pedem a saída do Gum. Sim, não faz um bom ano, mas me apontem um zagueiro melhor, que jogue no Brasil, e que possa ser contratado a custo baixo, que eu paro de defender o Gum.

Além disso, o fato de sua fase não ser boa para ser titular, não significa que tenhamos que execrar do clube, um zagueiro bicampeão brasileiro, e que nos serviu por 7 temporadas. Basta que tenhamos alguém melhor do que ele para ser escalado, que ele será colocado no banco, até que tenha futebol para ganhar a vaga novamente.

Vale lembrar que o Gum só está sendo escalado, porque os seus reservas são Victor Oliveira, Antônio Carlos e Henrique. E o Gum é melhor que todos eles. Ano passado, aliás, a defesa tricolor caiu vertiginosamente de produção justamente quando o Gum se contundiu seriamente, e ficou meses sem poder entrar em campo.

2 – O scout tricolor realmente é de deixar qualquer um de cabelo em pé. Precisamos urgentemente de zagueiros (pelo menos 1 pra ser titular), laterais, meios de campo (Gérson vai sair no final do ano, Vinicius ainda não renovou) e atacantes (1 reserva para o Fred + algum atacante que nos ofereça perspectiva de mudanças de jogo). E depender do nosso scout pra isso, é realmente assustador.

3 – O que faremos com as várias barangas do nosso elenco com contrato longo (Antônio Carlos, Henrique, Wellington Paulista, Oswaldo, Magno Alves)? Estas pragas obviamente, tiram espaço no orçamento, que poderia ser preenchido com jogadores mais eficientes, e que nos dessem melhores alternativas de jogo.

4 – E nosso patrocínio máster, que passaria a 24 milhões em 2016, para o qual baixamos as calças em diversas situações este ano (cessão das mangas, aceitação de um valor de apenas 12 milhões pra frente da camisa)? Antes seria solução, pois dobraria o investimento em 2016. Mas agora quer rescindir, e deixar um rombo no nosso orçamento. Rombo que já temos, aliás, pois este mesmo patrocinador vem atrasando sistematicamente os pagamentos deste ano.

– Torcida distante do clube.

Sim, este é um tópico que me preocupa muito. O distanciamento da torcida tricolor do Fluminense, seja através da associação, ou através da frequência nos jogos.

Já está mais do que na hora do clube tentar entender o porquê deste distanciamento.

Porque a torcida não vai ao novo Maracanã, como ia ao antigo? Porque não conseguimos alavancar o nosso programa de sócio torcedor?

Será que superestimamos o potencial de nossa torcida? Ou será que esta mesma torcida, simplesmente, deve ser tratada como consumidora, sendo dever do clube entender o perfil do seu mercado?

Acho que o Fluminense peca muito nisso. É preciso entender porque o seu público não está consumindo Fluminense.

É muito fácil fechar um restaurante e lavar as mãos, dizendo que o negócio só não deu certo porque os fregueses não quiseram comprar a comida.

– Politicagem.

Essa guerrinha nas redes sociais também já está enchendo o saco. Se elogia, é da situação. Se critica, é intriga da oposição.

Será que eu posso achar que esta gestão é infinitamente superior às ultimas que passaram pelo clube, mas que isso ainda não é o suficiente para termos a volta do Fluminense vencedor e invejado que tanto sonhamos?

Será que eu posso elogiar o que acho que está sendo bem feito, e criticar o que eu acho que não está? Sem ser intitulado oposição ou situação?

Ainda não defini em quem vou votar. E isso está diretamente ligado a quem será oposição ao Mário Bittencourt.

Se eu entender que a oposição poderá melhorar a situação do clube, votarei nela. Agora, se eu entender que a oposição poderá piorar algo que pra mim ainda não está bom, votarei na situação, ou anularei meu voto. Simples assim.

– Intolerância entre torcedores.

Tenho visto muitos torcedores brigando nas redes sociais, única e exclusivamente por possuírem diferentes opiniões sobre o mesmo tema.

Ora gente, vamos parar de bobagem. É isso que nos faz crescer como seres humanos, e como debatedores de futebol: A divergência de opiniões.

Como diria nosso profeta, “toda unanimidade é burra”. E esta é a mais pura verdade.

Quem aqui já não errou, ou se equivocou, em uma opinião sobre futebol? Ainda mais neste tema, que não é, e nem nunca será, uma ciência exata.

Por favor, menos inimizades, e mais discussões bem fundamentadas, para que possamos encontrar sempre o melhor para o nosso Fluminense.

Minha opinião, apesar de sempre bem intencionada, nem sempre será a mais adequada para o clube. Todos nós acertamos e erramos, e o que possuímos em comum, é este amor imenso pelo FFC.

Viva a divergência de opiniões!!! São elas que nos levarão ao sucesso!

Abs,

Alan Petersen

Twitter: @paminongas