Por ajudar na luta contra o nazismo, Fluminense será homenageado por judeus




Avião; Fluminense;

Entre o fim dos anos 1930 e o início dos 1940, o Fluminense vivia uma fase gloriosa com um time rodeado de craques como Afonsinho, Batatais, Bioró, Brant, Carreiro, Hércules, Machado, Norival, Pedro Amorim, Romeu, Russo, Tim, entre outros. Para se ter ideia, dos 11 titulares do time bicampeão carioca de 1941, nove eram brasileiros e todos jogaram pela Seleção enquanto foram atletas tricolores. Se dentro de campo, o esquadrão fazia bonito, conquistando o tricampeonato estadual em 1938, o Torneio Rio-São Paulo de 1940, além do bicampeonato carioca em 1941, fora, o mundo vivia o drama da II Guerra Mundial, fato que não deixava os sócios do clube indiferentes.

Em 1942, o então presidente Marcos Carneiro de Mendonça, por sinal o primeiro goleiro da Seleção Brasileira, angariou fundos com os sócios do Fluminense para colaborar com a Campanha Nacional de Aviação e investiu na aquisição de um monomotor Fairchild PT-19, batizado de Coelho Netto, uma homenagem póstuma ao escritor que foi pai de Mano e Preguinho, grandes atletas do clube. Além de doar um avião para a Força Aérea Brasileira, o Flu preparou um curso de enfermagem para auxiliar os pracinhas que desembarcariam na Itália e ainda cedeu o seu moderno stand de tiro, local onde surgiram as primeiras medalhas olímpicas nacionais, para treinamentos dos militares.

Após 70 anos, a história foi resgatada a partir do lançamento da nova Sala de Troféus do Fluminense, em junho de 2012, e desde então um grupo de judeus tricolores começou a se organizar para fazer uma homenagem ao clube em reconhecimento ao fato. Por isso, no dia 13 de dezembro, um domingo, a partir de 18h, em uma cerimônia aberta ao público, o Fluminense vai receber uma placa que reconhecerá o auxílio do clube no combate ao nazismo e ainda uma chanukiá (candelabro de nove braços), símbolo que tem o costume de ficar espalhado por grandes cidades de todo o mundo no mês de dezembro e ficará pela primeira vez exposto no clube por aproximadamente duas semanas.

– Queremos perpetuar a nossa gratidão ao Fluminense pela ajuda no combate ao nazismo na década de 1940 por meio de uma placa que ficará para todas as gerações. Para emanar energias positivas ao nosso clube de coração, nada melhor do que fazer isso em Chanuká, que é conhecida como a Festa das Luzes, onde temos o hábito de lembrar milagres divinos. Será muito especial celebrar esse momento em nosso Tricolor, até porque o Fluminense é também a nossa religião. Quem sabe não seja o indício de um 2016 com grandes conquistas – afirmou Michel Ghelman, integrante do Movimento Idish-Flu, que está organizando a homenagem em conjunto com o Departamento Flu-Memória.

– Em nossa gestão, especialmente com os sucessivos livros que o clube tem publicado, estamos resgatando histórias que estavam esquecidas no passado. Quando houve a primeira coletiva sobre o CT lembrei do antigo terreno gigantesco que poderíamos ter adquirido na Barra da Tijuca nos anos 1950. A significativa colaboração do Fluminense nos esforços de guerra quando o Brasil resolveu aderir aos Aliados contra as forças do Eixo é mais um exemplo de um passado glorioso da instituição que tanto nos orgulha e merece ser reverenciado. Fico muito feliz em ver a comunidade judaica, onde há tantos tricolores, valorizar isso – complementa o presidente Peter Siemsen.

O evento está marcado para começar às 18h do dia 13/12 e deve durar até 20h. Nada mais natural que o ato ocorra no clube grande nacional que hoje é reconhecidamente o mais democrático do país, até por ser o único em que o sócio-torcedor pode votar direto para presidente. Com isso, a instituição mostrará mais uma vez, como sempre foi ao longo de sua história, que é aberta a todos os credos, raças, cores ou classes sociais, afinal, recordando de uma frase famosa do saudoso Manoel Schwartz, hoje nome do Estádio das Laranjeiras, que era membro da comunidade judaica do Rio de Janeiro, assim como o também inesquecível ex-presidente David Fischel, “o Fluminense somos todos nós”.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Comunicação Institucional FFC / Foto: Divulgação

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