Pra onde vai a grana da negociação de jogadores?

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Pra onde vai a grana da negociação de jogadores?

Mesmo desconfiado, confesso que estou feliz com o início de temporada do time do Fluminense. Apesar de não ter enfrentado nenhum time grande ainda, parece que Fernando Diniz está conseguindo, aos poucos, encaixar o seu estilo de jogo e o resultado está em campo: um time com vontade e organizado, principalmente quando não tem a bola nos pés.

Pra mim, Yony González com sua explosão, Danielzinho com sua habilidade e toque refinado e Bruno Silva com capacidade atlética e boa visão de jogo são os destaques até o momento. Ibañez é outro que também se destacou nas duas primeiras partidas. Mas ele já vai embora, o que nos obriga a fazer a seguinte pergunta: pra onde vai essa grana?

Como todos sabem, o Explosão Tricolor cobra com frequência a necessidade de transparência no Fluminense. A divulgação completa dos dados relativos às finanças do clube é uma forma de atrair a confiança dos investidores, passar credibilidade à torcida e cumprir a legislação brasileira, o que garante a identificação com a torcida.

Inclusive, em agosto de 2018, Vinícius Toledo fez uma série de reportagens abordando vários aspectos da gestão Abad, sendo que na Parte III foi abordada justamente a arrecadação com a venda de atletas. De 2017 até agora o Fluminense lucrou mais de R$ 110 milhões com a negociação de jogadores, aqui já incluídos 70% de cerca de 4 milhões de euros que receberá por Ibañez.

Diante do cenário caótico que atravessa as finanças do clube, não há dúvidas de que todo o torcedor deseja saber como os valores arrecadados são geridos. Isso porque, além da venda de atletas, outra renda expressiva vem das cotas de TV. Ou seja, somadas, as rendas de negociação de jogador e cota de televisão, o Fluminense recebeu um considerável valor.

Mesmo assim ainda ouvimos, vez por outra, informações sobre salário atrasado, penhoras e processos de atletas querendo rescindir os contratos por falta de pagamento. Isso sem contar as intermináveis desculpas de que a gestão passada, que também era da Flusócio, deixou o clube cheio de dívidas. Considerando os valores das duas principais rendas do clube, essa conta não fecha e merece uma explicação detalhada, que somente será possível com a transparência.

Agora a diretoria anunciou que vai encerrar o projeto Flu Samorim. Apresentado como a jóia da coroa, o clube alegou que não possui dinheiro para bancar a turma na Eslováquia. Acho que o STK Samorim deve tá feliz da vida, já que os atletas que jogam por lá pouco renderam em campo. O time é o 9º colocado da segunda divisão do campeonato eslovaco, 14 pontos atrás do líder. Uma “maravilha”!

Sim, eu sei que falar em milhões para clubes de futebol pode ser pouco, ainda mais se considerarmos o elevado custo de se manter um time competitivo. Mas com um teto de R$ 150 mil aplicado desde o início de 2018, após aquela malfadada barca que gerou enormes prejuízos às combalidas finanças tricolores, era de se esperar que pelo menos as dívidas com os jogadores e demais funcionários fossem equacionadas. E isso não aconteceu!

Por certo, a incompetência em gerir o dinheiro das Laranjeiras e, principalmente, a dificuldade em atrair o torcedor para o seu projeto, se é que ele tinha algum, transformou Pedro Abad em um dos presidentes mais odiados da história do Fluminense. A reboque, a Flusócio é o grupo político mais vaiado na nossa arquibancada em todos os tempos.

Sem dúvida alguma que a formação de um grupo incompetente e que entende mais de jogos eletrônicos que de gente foi determinante para o resultado das urnas no sábado, que autorizou a mudança no estatuto e a antecipação das eleições no clube. Apesar de ser claramente uma manobra política para ficar “menos feia” a situação do atual mandatário tricolor, ele está insustentável na cadeira que ocupa. Tem que sair realmente!

Retomando o tema central do texto, o que podemos dizer por enquanto é que o dinheiro do Fluminense não é bem gerido e as receitas, que estão longe de serem irrisórias, não encontram no presidente alguém com capacidade para administrá-las. Por isso, é melhor a mudança agora que aguentar Pedro Abad até o fim do ano.

Espero que o dinheiro do Ibañez cubra pelo menos parte do prejuízo com o Maracanã.

Ser Fluminense acima de tudo!

Evandro Ventura