Precisamos falar sobre David Terans




David Terans (Foto: Fluminense F.C.)

Precisamos falar sobre David Terans (por Lindinor Larangeira)

Na noite de 6 de setembro de 2022, com um Allianz Parque lotado, até os 39 minutos do segundo tempo, o Palmeiras estava se classificando para mais uma final de Libertadores. Neste minuto, o chute de um meia-atacante uruguaio desvia em um lateral-esquerdo também uruguaio e vence o ótimo goleiro Weverton. O Athletico Paranaense chegava ao empate e David Terans calava 40 mil torcedores. O Furacão era o primeiro finalista daquela edição da Copa, que acabou indo para o Flamengo.

Aquele, talvez tenha sido o melhor ano de Terans. O jogador encerrou a temporada como artilheiro e garçom do rubro-negro paranaense, com 17 gols e nove assistências, em 53 partidas.

No dia 24 de janeiro deste ano, o jogador assinava contrato com o Fluminense, até o fim de 2026. Era a contratação mais cara, até então, da temporada. Oficialmente, R$ 14 milhões.

Depois, o que era expectativa se transformou em frustração e mistério. Será que um jogador com passagens pela seleção uruguaia e que no Brasil chegou a receber a alcunha de “Rei David”, desaprendeu o seu ofício em tão pouco tempo?

Aquele que poderia ser o reserva imediato de Ganso, ou uma ótima opção para mudar o andamento de partidas complicadas, pouco jogou pelo Tricolor. A última vez que o uruguaio entrou em campo foi no dia 30 de junho, na derrota de 1×0 para o Grêmio, em Caxias do Sul, sob o comando de Marcão. Em julho, David Terans sofreu uma lesão na panturrilha esquerda que o afastou das atividades por pouco mais de um mês.

Com Diniz, a justificativa para não escalar o jogador era que “ele não tinha intensidade”. Já o atual treinador, dá uma explicação no melhor estilo Tite: “Terans obedece ao mesmo critério de todos os jogadores. Rendimento, produção, setor de campo. Às vezes, quando vai montar e compor um banco tem de ver as posições e variações que tem. Vale para ele o que vale para todo mundo”, disse Mano Menezes.

Quase dez meses depois, o meia-atacante não chegou à marca de 20 jogos com a camisa do Flu. Já são mais de 130 dias, mais de quatro meses, sem entrar em campo. E olha que Mano já escalou Victor Hugo, mais uma das exóticas contratações da diretoria tricolor, e o ex-jogador em atividade Renato Augusto.

O jovem Victor Hugo agora faz parte do plantel do time sub-23. O veterano Renato Augusto poderia ter a dignidade que teve Douglas Costa e rescindir, de forma consensuada, o seu contrato. Será que Terans consegue ser pior nos treinamentos do que Renato Augusto e Victor Hugo?

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Outros questionamentos não entram na pauta dos influencers e youtubers passadores de pano e, para meu estranhamento, da dita “grande imprensa”. O principal, em minha opinião, é: por que, quando a maior necessidade na montagem do elenco para essa temporada era a reposição de Nino, se priorizou um meia-atacante? E por que trouxeram um zagueiro, no início da temporada, que não tinha qualquer característica similar a Nino, o fraquíssimo Antonio Carlos?

Quem foi o responsável ou os responsáveis pela contratação de Terans? É mais uma que vai para a narrativa do “empoderamento excessivo dado a Fernando Diniz”?

O que será feito com um investimento de R$ 14 milhões em um clube com uma dívida que ultrapassou os R$ 850 milhões na atual gestão, que tinha como compromisso “a equalização do endividamento”?

Para grande parte da torcida, a culpa dessa situação esdrúxula é do jogador. Tudo bem que nas poucas oportunidades que teve, Terans não foi bem. Porém, excetuando Fábio, TS3, Arias, Ganso e Kauã Elias, quem foi bem no elenco, nesta sinistra temporada?

Não apenas com o ativo do clube, o que será feito do ser humano e do trabalhador David Terans?

Creio que a resposta é muito difícil. Mas é fácil perceber a total ausência de profissionalismo de quem deveria comandar os rumos do Fluminense. A saída pela porta dos fundos de dois ídolos, como Fred e Marcelo, dão a exata noção da falta de transparência de quem empenhou essa palavra como compromisso de gestão. Ou terá sido apenas uma promessa de campanha, tão comum em nosso país?