(Por Lindinor Larangeira)
A proposta de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Fluminense, apresentada pela Lazuli Partners e LZ Sports, certamente será o debate central do clube em 2026. Afinal, essa discussão pode mudar o rumo de uma instituição centenária — e mudanças podem ser para melhor ou para pior.
Abrindo o jogo: reafirmo que não sou contra a SAF, mas sou frontalmente contra o atual projeto. No meu entendimento, ele deixa lacunas graves, apresenta conflitos de interesse e, no formato atual, beneficia apenas os investidores.
Estamos falando de um grupo que oferece R$ 250 milhões (o único dinheiro “novo” real) por 66% das ações, enquanto planeja aportar R$ 800 milhões em um hotel no terreno do estádio do Flamengo, na Gávea.
“É cilada, tricolor!”
O famoso grito de alerta do seriado Carga Pesada nunca foi tão atual: “É cilada, Bino!”. No nosso caso: “É cilada, tricolor!”.
A armadilha começa pela avaliação. Amir Somoggi, diretor da Sports Value, revelou que o Fluminense está subvalorizado. O executivo alertou que boa parte dos recursos prometidos viria do próprio caixa do clube, e não de investidores externos.
“É muito fácil falar em números bilionários quando eles não são bilionários. O Fluminense foi avaliado por baixo e o dinheiro prometido vai sair, muitas vezes, do próprio caixa do clube”, pontuou Somoggi.
Ou seja: quem foi remunerado para avaliar os valores e formular a proposta pode acabar sendo o comprador ao término do processo. Um caso claro e grave de conflito de interesses.
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Outro ponto obscuro é a indicação de quem coordenou o processo para o cargo de CEO da nova sociedade. Mais do que um conflito, isso cheira à condenável prática do compadrio.
Além disso, como fica o nosso maior patrimônio, o celeiro de craques de Xerém? Em caso de mudança, a base será um ativo do clube associativo ou da SAF? A proposta não traz a clareza necessária sobre o futuro da nossa fábrica de talentos.
O único ponto que parece positivo é a assunção da dívida. Porém, isso não justifica uma mudança tão drástica. Uma gestão competente e austera seria suficiente para administrar o passivo sem entregar o controle do clube desta maneira.
O papel do sócio e a transparência
Caso a proposta avance no Conselho Deliberativo, o que é provável, a Assembleia Geral terá voto online? É fundamental que todo o corpo social participe, e não apenas os pouco mais de 4.600 sócios que costumam votar presencialmente.
O atual presidente, Mattheus Montenegro, comprometeu-se a aprofundar esse debate. O que a torcida espera são esclarecimentos reais, para que não se tome uma decisão irreversível e prejudicial ao Fluminense.
Até o momento, meu voto seria NÃO.
PS: Um feliz Ano Novo para toda a galera tricolor!
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