Que venham os favoritos…

23 de abril de 2021 Explosao Tricolor COLUNAS, Teixeira Mendes

51132516683_238cbaabd8_k — Fred (FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.)

Durante uma semana inteira, a única verdade que existiu foi a de que o River era favorito. Na grande mídia, nos sindicatos, entre as famílias, nas associações de moradores, a única e inescapável verdade era o favoritismo do time argentino. Além da angústia da véspera, da ansiedade da espera, o Torcedor Tricolor teve de conviver com a verdade uniforme da semana – o favoritismo é do adversário; o Flu é o azarão! O favoritismo adversário foi entoado como um mantra. Era o slogan único da semana.

No Rio de Janeiro, e acredito que em todo o Brasil, o Tricolor dava bom dia e recebia como resposta: – O favorito é o conjunto de Buenos Aires. Nas padarias, botecos e vilas, o torcedor Pó de Arroz estava cercado. O favoritismo dos argentinos parecia onipresente. Um amigo religioso foi à igreja e, ao fazer sua confissão ao Padre, ouviu do beato não a recomendação do Pai Nosso ou da Ave Maria, mas que o River era o insofismável favorito. Na esquina da minha casa, pasmem amigos, o ceguinho de rotina mudou a mensagem da placa. No lugar do habitual ‘’ajude um cego’’, o homem escreveu ‘’o favorito é o River’’. E o cego repetia em voz alta: – Eu vejo o favoritismo do River Plate!

Eis o problema e a verdade: o River era o favorito! Sim, amigo leitor! Nós sabíamos, todos pareciam saber. Do Padre ao cachaceiro, do religioso ao malabarista de circo, o favoritismo do River Plate era uma espécie de axioma futebolístico, uma verdade elementar do esporte bretão. Durante a semana, em conversas e comentários, eu afirmava: -não podemos jogar com anemia psicológica! Não podemos tremer, perder antes do jogo e, como um peru de natal, morrer na véspera! E foi o que aconteceu: o Amado Clube de Laranjeiras jogou com a astúcia e a fidalguia dos Guerreiros Aristocráticos! Jogamos com elegância e dignidade moral!

Quando a bola rolou, o jogo foi onze contra onze. O primeiro tempo foi de pleno equilíbrio entre ambas as equipes e, num pênalti cavado, mal marcado, a equipe de Bueno Aires acabou abrindo o placar. Apresar do Flu haver começado mais recuado nos primeiros minutos, o jogo foi parelho e, o favoritismo de véspera, foi para o espaço – o Fluminense jogou futebol, aquele esporte onde onze homens enfrentam onze homens. Aos 20 minutos do primeiro tempo, mesmo com a vantagem do oponente no placar, o favoritismo estava esfarelado, consumido, deteriorado. Ninguém derrota o Fluminense na véspera! O Sangue do Encarnado estava em ponto de ebulição…

No segundo tempo, a arbitragem continuou com a qualidade de um uísque paraguaio. Sem o VAR, o juiz ignorava faltas cometida contra o Tricolor e, no auge embriaguez dos rótulos falsificados, o homem do apito ignorou um pênalti claro para o Flu. Lucca foi a vítima da vez. Enfrentando o juizão e bom time do River, o Time de Guerreiros fez um excelente segundo tempo. O Sangue do Encarnado ferveu, os herdeiros de Oscar Cox se impuseram com elegância e maestria. Cazares foi o favor de mudança, o vetor da partida. No conjunto, o Tricolor foi superior e mereceu vencer. Uma pena, amigo leitor: no futebol, em muitas ocasiões, o melhor futebol apenas empata… 1 a 1!

Termino o texto, listando cinco verdades sobre o empate:

1. A arbitragem foi um uísque paraguaio.

2. Cazares precisa tomar a vaga de Nenê.

3. O Fluminense vai crescer na competição.

4. No agregado dos dois tempos, o Tricolor foi superior ao River.

5. Que venham os favoritos…

Teixeira Mendes