Resenha de pré-jogo: o cachorro-quente esquecido




Germán Cano e Fernando Diniz (FOTO DE LUCAS MERÇON/FLUMINENSE FC)



Resenha de pré-jogo: o cachorro-quente esquecido (por André Lobão)

Uma ida ao Maracanã para assistir ao nosso Fluminense passa por duas etapas. A primeira é o chamado pré-jogo, quando você chega no entorno do estádio para beber aquela cerveja e resenhar com a rapaziada. O segundo é a presença na arquibancada, obviamente.

Esse é o momento que antecede à ansiedade do jogo, no qual você relaxa trocando uma ideia e revendo os amigos para falar, claro, do atual momento do time, e para colocar o papo em dia.

Eu confesso que sou um daqueles que gosta de um pé-sujo, em que você é literalmente defumado pela fumaça do churrasquinho de gato que fica na esquina de cada boteco nos bares localizados no entorno do Maracanã.

Ontem (29/02), antes da decisão da Recopa, contra a famigerada LDU, estive no bar “Clássicos do Maraca”, um clássico “pé-sujo” localizado na São Francisco Xavier, 490.

Chego 18 horas em ponto, já com afluência de torcedores circulando nas ruas, ocupando as mesas e já em pé no balcão. Não tem lugar para sentar.  O “baixinho”, um dos garçons da casa, já começa a pôr em prática seus dribles com garrafas, copos e bandejas nas mãos para atender aos pedidos que já se acumulam, inclusive o meu que é de uma mesa. “E aí chefe vai tomar uma geladinha, tem um sanduba de pernil de porco fresquinho, da melhor qualidade” – me pergunta.

Na minha mesa, sozinho, encho meu copo americano. Sob o som alto de um falatório, as conversas se cruzam. Olho tudo em volta, o movimento das pessoas circulando pelo bar, banheiro cheio. Muito calor e a cerveja felizmente está gelada. Sim, essa é a solidão do bar em dia de jogo. O jeito é mandar mensagem para sua rede de amigos, de repente, quem sabe, alguém aparece para uma resenha. E é isso que acontece. Os camaradas chegam, mas o bar não tem mais lugar, o calor é insuportável e você só sente o cheiro da fumaça das barracas de churrasquinho de gato na calçada, são três pelo menos.

 Após abraços e cumprimentos o objetivo é achar um garçom disponível para atender, eis que aparece um. A essa altura o “baixinho” está atônito, e quem se coloca à disposição é o “Bangu”. “Desculpe aí, tá meio tumultuado, mas qual cerveja vocês vão querer?” – avisa.

Ao “Bangu” é pedido dois sanduíches de pernil de porco acebolado, mas pelo jeito o pedido se perdeu no tumulto de tantos atendimentos, é impossível atender a todos.

Na resenha meu amigo Fábio lembra-se de quando estudávamos no curso supletivo em Madureira, no Colégio Estadual Cidade de Lisboa, nos idos de 1987, acho, na 7ª série.

“Lembro Lobão, quando você trabalhava em uma carroça de cachorro-quente no bairro da Abolição. Eu não esqueço que um dia, na aula, você me trouxe um cachorro-quente, e eu não aceitei” – rememorou.

Confesso que não lembrei, mas vi nos olhos do meu amigo a sinceridade dele. Amigos guardam lembranças que não imaginamos.

Tá na hora de fechar a conta, “cerveja por 18 reais?”. Fabiano, o outro amigo tricolor explica: “é a taxa de perda, tem muita gente no bar. E ainda tem os malandros que se mandam sem pagar, Então, o dono faz isso para compensar o prejuízo, cobrando a mais no preço da cerveja” – explica.

“Vamos tricolores, chegou a hora, vamos ganhar a Libertadores (Recopa), Vamos, tricolores…”, essa é a trilha sonora da nossa torcida que se tornou um clássico, dentro do “Clássico do Maraca”

Passamos a régua e o “Bangu” não trouxe o sanduíche de pernil. Hora de ir, pois a LDU é a má-lembrança a ser exorcizada, como de fato ocorreu  graças ao nosso craque Jhon Árias. A Recopa é nossa!