Retorno ao Fluminense, relação com a torcida tricolor, possibilidade de priorizar competições e muito mais; confira a coletiva de apresentação de Fernando Diniz




Fernando Diniz (Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense F.C.)



Fernando Diniz concedeu a sua primeira entrevista coletiva após o seu retorno ao comando técnico do Fluminense

Na tarde desta segunda-feira (02), Fernando Diniz foi apresentado oficialmente como o novo técnico do Fluminense. O treinador concedeu entrevista à imprensa no CT Carlos José Castilho. Confira abaixo a íntegra da coletiva do comandante tricolor:

Retorno ao Fluminense 

“Para mim é um sentimento de uma emoção singular. Fiquei emocionado com o convite. É um prazer enorme, sempre soube que esse dia chegaria, que voltaria a uma casa que eu adoro. Muita felicidade.

São três anos que eu estou treinando para voltar. Obviamente faria coisas diferentes. Se eu pudesse mudar, faria coisas diferentes. Posso dizer que fiz tudo que eu podia, talvez por isso esteja voltando. Hoje posso fazer muito mais, o Fluminense hoje também me entrega muito mais. Depois que o Mário assumiu as coisas melhoraram. Tinha salários atrasados, conseguimos fazer com que chegasse longe em competições mata-mata mas não no Brasileiro. Vou fazer com a minha alma. Eu pretendo ganhar muito mais do que ganhei em 2019, para ser bem objetivo, e melhorar também o rendimento, mas o principal é ganhar mais partidas.”

Identificação com o elenco tricolor 

“Eu vejo que o Fluminense montou um time que tem bastante a minha cara. Tem pelo menos sete jogadores nesse elenco que eu tentei levar, mas o Fluminense conseguiu contratar os jogadores. Acho um elenco muito bem montado, extremamente qualificado. Vou procurar tirar o melhor de cada jogador e a gente conseguir ter sucesso junto. Eu gosto muito do elenco que o Fluminense montou. E nunca tive ideia de priorizar competição. Se tivermos chance, temos que tentar ganhar todas as competições que a gente disputar. Obviamente, vamos conversar com os departamentos, com os jogadores, para escalar sempre o melhor time para o Fluminense ter a melhor chance de ganhar os jogos.”

Elogios a Paulo Henrique Ganso 

“Eu tenho uma relação muito próxima com o Ganso. Eu tentei levar ele para o Santos, mas ainda bem que não deu certo. Quando eu falo do Ganso e não está vivendo um bom momento, não está jogando, soa estranho para quem está ouvindo. A minha opinião sobre ele nunca oscilou, e o Ganso para mim é um gênio. É um cara que faz coisas, e eu joguei e treinei muita gente talentosa. Ele faz coisas que ninguém faz.

É um gênio criativo que, por alguns motivos, não conseguiu ter a carreira que o talento dele merecia. A gente teve aquele contato na primeira passagem, eu que me meti para ele vir naquele primeiro momento, foi uma coisa que construí com o Fluminense. Acredito nele como jogador, como pessoa, e fico feliz que o Abel tenha conseguido junto da equipe ter colocado o Ganso para jogar antes de eu chegar. Ele é genial mesmo e eu fico muito feliz pelo momento que ele está vivendo.”

Planos para recuperar Nathan 

“O Nathan é um jogador extremamente talentoso, que se encaixa perfeitamente no modelo do que eu penso de futebol. Vou fazer de tudo para poder ajudá-lo, para que ele atenda às expectativas que foram criadas com chegada dele aqui. É um jogador que tem um potencial enorme.”

Capacidade de otimizar o desempenho dos jogadores

“O Nino era um desconhecido, Alan, Caio Henrique, Yony González, João Pedro, Marcos Paulo, Miguel… foi um celeiro de preparar jogadores que, praticamente ninguém, conheciam, para estourarem no cenário nacional. Teve muito resultado também naquele time, a campanha do Campeonato Brasileiro, em termos de números, não foi boa, mas teve muita coisa positiva naquele momento também.”

Discussão sobre rendimento x resultado

“Eu acho que a gente discute uma coisa que, na minha opinião, cria-se uma rivalidade totalmente sem fundamento que é rendimento x resultado. O rendimento é uma coisa que te aproxima de ganhar. Quem tem mais rendimento, vai ter mais chances de ganhar. Não quer dizer que vai ganhar, mas ter mais rendimento te aproxima das vitórias. É muito difícil você pegar um time com pouco rendimento que vai ser campeão. Quando uma pessoa tem um rendimento bom e não ganha as partidas, a gente questiona como se render bem fosse uma coisa ruim.”

Relação com os atletas

“Falei uma vez só sobre esse episódio do Tchê Tchê, e a minha relação com o jogador é muito mais do que aquilo que aparece. A minha vinda para cá tem uma participação dos jogadores, daqueles que jogaram comigo e daqueles que jogaram contra mim. O que eu faço com o jogador é uma relação amorosa que só quem fecha com o amor entende. A principal missão da minha vida é ajudar o jogador de futebol a ter uma vida digna por meio do futebol. Eu tenho uma preocupação com os jogadores que quase ninguém tem, uma preocupação de pai para filho.

Aquilo com o Tchê Tchê é uma situação que faço com meus filhos, então essa é a melhor coisa que posso fazer. Não acho que fiz certo, mas a gente erra com filho também. Tudo que eu faço é para que os jogadores tenham uma vida digna jogando e principalmente quando eles vão parar. Eu não quero que os jogadores voltem para a favela, para as periferias de onde eles vieram. Quero que eles tenham uma vida como eu tenho, com filho estudando. Quando a gente vai fazer um julgamento, é muito fácil. A minha história com o Tchê Tchê é muito mais bonita do que aquilo. Eu tenho muita alegria de ser como eu sou.”

Sistema defensivo

“Vamos fazer o possível para que a equipe fique cada vez melhor nas transições defensivas, cada vez mais coesa. Aproveitar pra agradecer ao Abel, por tudo que ele construiu, junto com a equipe, conquistou um título recentemente importante para o clube e para a torcida, e agradecer a história que ele construiu aqui.

A minha abordagem com os jogadores, eu vou fazer o que faço sempre, tanto com os mais experientes, quanto com os mais novos, vou implementar as minhas ideias de futebol. A prioridade do meu trabalho é fazer um trabalho direcionado para os jogadores, fazer com que eles se sintam bem, confiantes e a gente vai estruturando a equipe para que isso aconteça. Se temos um jogador confiante, com coragem para jogar, a tendência é que tenhamos um time cada vez mais competitivo para ganhar os jogos.”

Jogo contra o Junior Barranquilla 

“A base daquilo que eu pretendo fazer é que os jogadores se inspirem a darem o melhor. A entregar tudo o que eles tiverem de todo coração, para que possamos conseguir um resultado positivo na quarta feira, que a gente sabe que é vital para o seguimento na Sul-Americana.”

Momento de pressão no Fluminense

“Quem está no ambiente do futebol vive pressão o tempo todo. O que diminui a pressão é ganhar, então precisamos ganhar e para isso precisamos ter um foco muito grande para isso, não adianta olhar para fora e não poder fazer dentro. Precisamos saber o que estamos fazendo aqui dentro, ter convicção e seguir. E o torcedor está lá para aplaudir ou vaiar. Eu nunca reclamei de vaias da torcida, ela está lá para isso, e nós temos que prestar um serviço de qualidade e entregar vitórias. Esse é o compromisso que temos que ter.

A qualidade do trabalho e o bom rendimento do time, aumentam a chance de ganhar. Não existem garantias, nem no futebol, nem na vida, você pode cuidar da sua saúde, ser magro, tomar um vinhozinho, comer carne branca e ter um ataque cardíaco, essas coisas acontecem. Futebol também é assim, não é diferente da vida nesse sentido, até imita. Mas temos que tentar fazer as coisas de forma coerente e o que é melhor pro clube sempre. E vamos fazer o melhor para que o Fluminense consiga colher bons frutos esse ano.”

Possibilidade de priorizar competições

“Eu gosto muito do elenco que o Fluminense montou. E nunca tive ideia de priorizar competição. Se temos chance, temos que tentar ganhar todas as competições que a gente disputar. Obviamente, vamos conversar com os departamentos, com os jogadores, para escalar sempre o melhor time para o Fluminense ter a melhor chance de ganhar os jogos.”

Relação com a torcida tricolor

“Ainda bem que subiu (a régua de avaliação da torcida). A gente tem chances de brigar em qualquer competição com esse elenco. O elenco que tínhamos, era muito bom, é só você ver onde estão os jogadores, Alan, Caio Henrique, João Pedro, mas o momento era muito diferente. Para quem viveu aquela época sabe que as coisas eram muito difíceis, hoje está tudo mais ajustado, e quero contribuir muito para que as coisas prosperem. Eu vou trabalhar mais ainda para que as coisas aconteçam.

Esse fenômeno, da torcida do Fluminense, é uma das coisas que mais me encantam, desde que eu comecei no futebol. Porque, mesmo sem resultado, eu me sentia visto pelo torcedor. E não foi um, dois, muita gente conseguia meu número e mandava mensagem. Obviamente tinha uma parte da torcida que estava descontente com a campanha, eles também estavam certos, mas tinha uma outra parte, muito grande, tinha uma crença de que aquilo tinha que prosseguir, pois iria prosperar. Eu não me lembro disso ter acontecido em outros lugares, com ninguém, mas aqui a torcida conseguia enxergar que iria sair algo muito positivo. E esse fenômeno, da minha relação com a torcida, aproximou muito esse retorno. Eu estou muito feliz de estar aqui.”

Blindagem aos jogadores mais jovens

“É olhar internamente e fazer o melhor que a gente pode. A gente não tem controle do que está fora. Tem que procurar fazer o melhor que a gente puder aqui nos nossos treinamentos, nas nossas conversas. O que a gente percebe é que é um grupo bastante solidário que quer muito levar o Fluminense para frente. Eu chego para otimizar todas essas coisas. Isso faz parte do meu trabalho da vida inteira de poder fortalecer esse ambiente interno para que os jogadores se sintam bem, sintam confiança, passem a jogar melhor e ter resultado dentro de campo.”

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Por Explosão Tricolor / Fonte: Globo Esporte

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