Roger Machado: o Fluminense Machadiano




Roger Machado (FOTO DE LUCAS MERÇON/FLUMINENSE FC)



(…) no caso do Fluminense, o diminutivo nasceu quando? Precisamente, há oito anos, ou seja: — em 51. Começamos, naquela ocasião, com um time que parecia uma vergonha. Se virássemos esse time pelo avesso, se o vasculhássemos de alto a baixo, se o espremêssemos até a última gota, não encontraríamos, lá, um cobra. Talvez Castilho. O resto era uma garotada infrene. Tudo novo, tudo imaturo, tudo começando. O neutro olhava a escalação da equipe e concluía: – ‘São uns cabeças-de-bagre! Uns pernas de pau!’ Foi, então, que nasceu o diminutivo exato: — ‘Timinho!’ Amigos, poucos apelidos terão tido um êxito tão instantâneo. Imediatamente, todo o mundo só viu o Fluminense como um irremediável ‘Timinho’.”

Jornal do Brasil – 1959 – Nelson Rodrigues

A opinião de um cronista não pode ter a imodéstia do juízo final. No começo da competição, eu era um dos alarmistas que, escatologicamente, prenunciavam o desastre da temporada. Com a ênfase de todos os equívocos, eu tolamente exclamava: vamos lutar para não cair! A verdade é única: todos nós estávamos enganados quanto ao potencial do atual elenco do Fluminense. Um elenco modesto, ‘’barato’’ e, até agora, competitivo. Docemente, o futuro desmascarou minha falsa e enganosa profecia. (…) Não se trata de estatística, de compactação das linhas ou transição defensiva – estou falando da mística. Um time precisa de uma alma mística. Repleto de medalhões ou jogadores da base, um time é antes de tudo a sua força espiritual e metafísica. O Fluminense de 2020 pode ser o de 1951. Para tal, contudo, é preciso procurar o mistério, a alma do jogo, a mística do timinho.

Explosão Tricolor – 2020 – Teixeira Mendes

Começo o texto com duas citações. Uma do lendário e nobre escritor Nelson Rodrigues e, a outra, do roto e comum torcedor que vos escreve. Desde a ‘’era Odair’’, o torcedor que acompanha minhas crônicas no Explosão Tricolor conhece minha obsessão – o Fluminense precisa do renascimento da mística. Combinando atuações medianas, ruins e satisfatórias, o Time de Guerreiros fez uma campanha surpreendente no Brasileirão. E, mesmo assim, eu insistia: precisamos da mística, o Pó de Arroz é a sua alma imortal, sua força extraterrena, sua mística vencedora! Apelei até mesmo para uma improvável empatia entre Hellmann e Zezé Moreira. Fracassei, amigo leitor! Exige dos fatos uma coincidência impossível!

Com Marcão, o Time de Guerreiros teve um começo cambaleante. A desconfiança retornou e o humor da massa exibia uma única e solitária esperança – que venha o gol cagado! A sorte, amigo torcedor, já teve nome mais nobre – Leiteria. Já escrevi algumas vezes sobre a Leiteria Metafísica. Eis o ponto nevrálgico da temporada: a sorte está do nosso lado, a mística renasceu! O time de Marcão Oliveira, contudo, não contou apenas com a sorte. Em diversas partidas, o Nense foi competente, jogou bem, passou confiança e parecia haver engrenado na competição.

Mesmo depois do frustrante empate contra o Santos, um balde de água fria, o Flu ainda mantém viva a chance de classificação para fase de grupos da Libertadores.  A vitória do Botafogo sobre o São Paulo foi um sinal. A sorte não apenas faz gols para o Fluzão, mas também ‘’manipula’’ os resultados da rodada. Repito: a sorte está do nosso lado! A sorte e as coincidências. Coincidências? Sim, amigo Tricolor! E Deus está nas coincidências. No futebol as coincidências exibem coisas óbvias e ululantes e, o pior cego, é aquele que não é capaz de vê-las.

Lembro do ano de 2007, o Fluminense amargava um longo jejum de títulos nacionais. Renato Gaúcho chegou no meio da temporada, herdou um time desacreditado e, sem qualquer modéstia, afirmou: faltam sete jogos para o título da Copa do Brasil! Ninguém acreditou. Ninguém acreditava na afirmação de Portaluppi, ninguém acreditava no Fluminense. Do resto todos nós lembramos. O Tricolor fez uma bela campanha e, com heróis improváveis, levou a taça do certame nacional. A jornada épica foi construída com gols importantes de Adriano Magrão. O gol do título, do triunfo, foi marcado pelo novo treinador – Roger Machado. E o leitor poderia perguntar: onde estão as coincidências, cronista? Responderia: Nas personagens! 

Há um sincronismo cósmico, metafísico e astrológico entre eles. Ambos são gremistas, multicampeões pelo time de três cores do sul e, quando veteranos, vestiram a camisa Tricolor e fizeram gols decisivos – Renato em 1995; Roger em 2007. Em 2007, Roger era treinado por Renato. Portaluppi era treinador há pouco tempo. O então técnico Tricolor precisava apenas de um grande título para consolidar sua carreira. Pasmem: esta é a mesma condição do novo treinador Tricolor. Roger Machado tem muito talento, mas lhe falta uma conquista importante, um grande êxito. 

Como será o Flu Machadiano? Vencedor! E, com a ênfase da imodéstia, eu afirmo: Roger conquistará em 2021, o título que Portaluppi não conquistou em 2008! A mística renasceu: o Fluminense será o campeão da Libertadores de 2021! Roger Machado terá um grande destino como treinador do Fluminense…

Insisto: a mística renasceu, amigo leitor!

Teixeira Mendes



Tabela de classificação (ative a rotação automática do celular para ver a tabela completa)

TIMES P J V E D GP GC SG %
1 Flamengo Flamengo 71 37 21 8 8 67 46 21 63
2 Internacional Internacional 69 37 20 9 8 61 35 26 62
3 Atlético-MG Atlético-MG 65 37 19 8 10 62 45 17 58
4 São Paulo São Paulo 63 37 17 12 8 57 40 17 56
5 Fluminense Fluminense 61 37 17 10 10 53 42 11 54
6 Grêmio Grêmio 59 37 14 17 6 53 39 14 53
7 Palmeiras Palmeiras 58 37 15 13 10 50 35 15 52
8 Santos Santos 54 37 14 12 11 52 49 3 48
9 Athletico-PR Athletico-PR 50 37 14 8 15 36 36 0 45
10 Corinthians Corinthians 50 37 13 11 13 45 45 0 45
11 Bragantino Bragantino 50 37 12 14 11 49 40 9 45
12 Ceará Ceará 49 37 13 10 14 52 50 2 44
13 Atlético Goianiense Atlético-GO 47 37 11 14 12 37 44 -7 42
14 Sport Sport 42 37 12 6 19 31 48 -17 37
15 Bahia Bahia 41 37 11 8 18 46 59 -13 36
16 Fortaleza EC Fortaleza 41 37 10 11 16 34 42 -8 36
17 Vasco da Gama Vasco da Gama 38 37 9 11 17 34 54 -20 34
18 Goiás Goiás 37 37 9 10 18 39 60 -21 33
19 Coritiba Coritiba 31 37 7 10 20 30 51 -21 27
20 Botafogo Botafogo 27 37 5 12 20 31 60 -29 24

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Taça Guanabara 2021

1ª rodada

03 ou 04 de março – Resende x Fluminense – Local indefinido

2ª rodada

06 ou 07 de março – Fluminense x Portuguesa – Maracanã

3ª rodada

13 ou 14 de março – Flamengo x Fluminense – Maracanã

4ª rodada

20 ou 21 de março – Bangu x Fluminense – Local indefinido

5ª rodada

24 ou 25 de março – Boavista x Fluminense – Local indefinido

6ª rodada

27 ou 28 de março – Fluminense x Volta Redonda – Maracanã

7ª rodada

31 de março ou 01 de abril – Fluminense x Vasco da Gama – Maracanã

8ª rodada

03 ou 04 de abril – Macaé x Fluminense – Local indefinido – Local indefinido

9ª rodada

10 ou 11 de abril – Fluminense x Nova Iguaçu – Maracanã

10ª rodada

17 ou 18 de abril – Fluminense x Botafogo – Maracanã

11ª rodada

24 ou 25 de abril – Fluminense x Madureira – Maracanã