Somente o que sentimos, justifica o que fazemos




Foto; Gabriel Peres / FFC



Não é nada fácil acompanhar o seu time de coração em solo estrangeiro. Muitos pensam que é só entrar no avião e ter um hotel à disposição, que tá tudo certo. Pois é, mas não é assim que a banda toca. Além da tensão de estar longe de casa, o torcedor tem que “ficar ligado” para não ser surpreendido por um grupo de torcedores adversários em alguma esquina da cidade dos gringos. Infelizmente, isso faz parte do pacote de quem encara esse tipo de missão. 
Para a batalha contra o Peñarol, o torcedor tricolor teve que enfrentar uma série de adversidades. Primeiramente, o pesadíssimo frio uruguaio. Mais um pouco, ficaríamos congelados. A questão da compra do ingresso também foi bem complicada. Os uruguaios disponibilizaram a venda para a torcida visitante apenas pela Internet e com o preço lá em cima (R$ 95,00). Espero que a diretoria do Fluminense adote a política da reciprocidade no jogo da volta.
Apesar de todos os tipos de dificuldades, cerca de 200 guerreiros e guerreiras, de todas as gerações, não se intimidaram, afinal de contas, lutar até o fim está na essência de quem tem o sangue verde, branco e grená correndo nas veias. 
O pré-jogo da rapaziada foi no tradicional Mercado Del Puerto. Muita resenha, cantos e, é claro, carne uruguaia, que é uma das melhores do mundo. No final da tarde, seguimos em direção ao lendário Estádio Centenário. De lá, partimos para o Estádio Campeón del Siglo. Durante o caminho, a resenha foi só de histórias de arquibancada. O papo rendeu muito, muito mesmo.
Após um longo trajeto, chegamos na casa dos “carboneros”. A receptividade da polícia e dos seguranças foi tranquila. Não houve problema algum, muito pelo contrário, eles até conversaram conosco sobre futebol. 
Sobre o estádio do Peñarol, não há como não elogiá-lo. Os uruguaios construíram algo que não é luxuoso, mas que atende todas as necessidades de um grande clube. O “estilo raiz” foi considerado em boa parte do Campeón del Siglo. Na menor parte, uma área com assentos e camarotes muito bem distribuídos. Belo estádio!
A bola rolou, o Fluminense se impôs com autoridade e fez por merecer a vitória sobre o Peñarol. Já havia comentado que os retornos do Allan, Paulo Henrique Ganso e Yony González dariam uma boa encorpada ao time. Por falar nisso, o trio e o Marcos Paulo foram muito elogiados pelos uruguaios. Numa resenha com torcedores do Nacional, eles ficaram encantados com o futebol apresentado pelo Fluminense. Um motorista chegou a me perguntar o motivo da campanha ruim do Fluminense no Campeonato Brasileiro.
Voltando a falar sobre a arquibancada, a torcida tricolor lutou com o time durante os noventa minutos. A energia da galera foi contagiante. Cantamos o tempo todo. Nem o frio e a chuva seguraram a galera. Eu, por exemplo, assisti boa parte do jogo pendurado no alambrado (foto) ao lado de outros guerreiros. É bom pra cacete, você se sente dentro do campo. Pressionamos até um representante da Conmebol. 
O apito final foi a redenção tricolor no Campeón del Siglo. Todos pendurados no alambrado cantando time de guerreiros. A rapaziada do Diniz agradeceu o apoio, no entanto, Marcos Paulo foi mais além: correu para o alambrado e entregou a sua camisa para um garotinho. Belíssima atitude do jovem talento tricolor! Isso ficará marcado para sempre. 
Na saída, muita festa, mas um sério problema. O torcedor tinha que descer um pequeno barranco logo após a saída do estádio. Havia uma grade para apoio, mas o local estava bastante escorregadio. Infelizmente, uma torcedora caiu e acabou virando o pé. Ela saiu carregada e aos prantos. Não recebi informação sobre o estado dela, mas espero que esteja tudo bem. De qualquer forma, a Conmebol deveria ser informada sobre o episódio. Torcedor ter que descer um barranco escorregadio é um absurdo dos grandes.
Graças a Deus, superamos todos os obstáculos. Missão dada, missão cumprida. Mesmo com tantas dificuldades, a torcida tricolor cumpriu com a sua parte em Montevidéu. Alguns podem achar que é loucura, outros dirão que não vale a pena, mas…
“Somente o que sentimos, justifica o que fazemos”