Somos inferiores taticamente




Luiz Henrique (Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.)



É triste admitir, amigo leitor, mas, o Fluminense é uma equipe taticamente inferior ao Barcelona de Guayaquil. Sinceramente, sem menosprezar o adversário, a TV exibiu os 90 minutos da verdade dos fatos – o Tricolor é uma equipe superior do ponto de vista técnico, mas, infelizmente, inferior no aspecto tático. É desolador quando o monitor não mente. 

O colunista fica em uma situação difícil, complicada, pois, o texto vira um samba de uma nota só – escrevemos semanalmente sobre os mesmos problemas. Seja no Cariocão, na Copa do Brasil ou na Libertadores, o adversário é sempre mais organizado taticamente. Foram raros os momentos da temporada em que o sistema de jogo de Roger Machado funcionou. Contra a Portuguesa da Ilha ou diante do Santa Fé, o Torcedor Tricolor sofre…

O confronto entre Fluminense e Barcelona parecia o jogo anterior, a partida do mês passado, a semifinal do Campeonato Carioca. O Pó de Arroz recua a marcação no 4-4-2, volta excessivamente seus pontas e, no geral, é um conjunto lento e previsível quando sai para o ataque. Cada partida é uma repetição da disfuncionalidade mais evidente. A irritação do Torcedor é justa. 

Graças ao nível técnico dos nossos jogadores, dos jovens e do veterano Fred, o esquema consegue sobreviver na sua irracionalidade e ineficiência vexatória que, em diversos momentos, beira o absurdo. O Torcedor do Amado Clube de Laranjeiras sofre com o espetáculo televisivo do ilógico, do disparate tático e sistêmico do escrete. Cada prélio é como um conto kafkiano.

Vejam os pontas, amigos! Sim! Vivem extenuados, sempre a véspera de uma lesão muscular. Correm maratonas pelo lado do campo e, muito raramente, o esquema permite aos pontas o uso pleno de suas virtudes. Kayky despencou, Teixeira sentiu, Paulista está contundido e Luiz Henrique também oscilou na temporada. Resumo: são os chamados ‘’secretários de lateral’’. Triste realidade…

Cito apenas os pontas para ser econômico. Poderíamos falar do meio campo, do Martinelli jogando como “cinco”, do Yago correndo para cobrir os espaços que deixamos na meiuca, das substituições incoerentes – o Amado Clube de Laranjeiras é um time sem padrão. Não tenho mais esperanças no trabalho de Roger Machado. O próprio treinador já avisou que o time já ‘’alcançou o auge’’. Roger estabeleceu o limite como quem baixa um decreto.

Ontem, em que pese a qualidade do elenco, empatamos não só pela falência tática, mas, também, em função dos erros individuais. O primeiro gol dos equatorianos foi deprimente. Erramos coletivamente e individualmente. Xavier e Marcos Felipe falharam. Sobre o segundo gol, contesto o pênalti marcado para a equipe de Guayaquil. Sinceramente? Achei uma disputa normal que, se fosse sempre marcada, toda partida de futebol terminaria com mais de 235 infrações semelhantes para cada lado. 

Como torcedor fanático, eu quero acreditar que ainda é possível, que temos chance, que basta vencer fora de casa. O confronto não está decidido. O Flu está na briga. Repito: não sou capaz de cultivar qualquer expectativa de mudança quanto ao aspecto tático. O verde da esperança, contudo, ainda brilha. Apesar do estado de calamidade futebolística implementada pelo treinador, a qualidade dos nossos jogadores pode resolver o confronto. Só nos resta confiar no elenco…

– Em resumo: somos superiores tecnicamente, mas inferiores taticamente…

Teixeira Mendes