Terá sido o fim da era Mário Bittencourt no Fluminense?

(por Lindinor Larangeira)

Na noite de ontem (19/12), após seis anos na presidência, Mário Bittencourt passou o comando do clube ao seu sucessor, o também advogado, Mattheus Montenegro, vice-presidente da atual gestão. Esse fato em si já responde à pergunta do título: não. O próprio presidente do próximo triênio já afirmou que será uma administração de continuidade.

Como cada torcedor tem um balanço da era Mário Bittencourt à frente do Fluminense, não me eximiria de fazer o meu, tentando elencar, de maneira o mais imparcial possível, os acertos e erros de um dos mandatários mais vencedores da centenária história tricolor.

Terra arrasada

Mário assumiu a presidência do clube em 2019, depois de algumas das piores gestões do clube, nos nefastos anos de hegemonia da famigerada FluSócio. Peter e Abad, principalmente este, estão na galeria das administrações mais desastrosas que passaram pelas Laranjeiras.

O grande mérito de Bittencourt, talvez tenha sido o de tirar o Fluminense da lama. De uma verdadeira situação de terra arrasada. Com dívidas superando a casa dos R$ 650 milhões Execuções quase que diárias. Pouca ou nenhuma credibilidade no mercado. Geração de caixa pífia, muito abaixo do potencial de um clube gigante. Inacreditáveis demissões de atletas por aplicativo de mensagens, aumentando ainda mais o passivo. Ou seja, a palavra caos não traduz a realidade encontrada pela chapa Mário e Celso.

Celso, Fred, Marcelo e Thiago Silva: até hoje não entendi o que houve

Se a maior virtude dessa gestão foi a coragem de encarar uma realidade mais feia do que o trem fantasma do Parque Shangai, minha crítica mais usual foi em relação à pouca transparência. A começar pela rápida saída do saudoso Dr. Celso Barros. O que teria havido? Apenas desentendimento de natureza política?

Outro dirigente, o ídolo Fred, também saiu de forma estranha e mal explicada. Marcelo, depois de dar nome ao estádio de Xerém, também teve uma saída tumultuada e sem o mínimo esclarecimento à torcida. Por fim, Thiago Silva, atleta historicamente cumpridor dos seus contratos, abandonando o barco ainda com acordo em curso. Neste caso, quero crer que por questões familiares.

Um vencedor

Durante os seis anos de sua gestão, o Fluminense conquistou dois Campeonatos Cariocas, em 2022 e 2023, a Conmebol Libertadores, em 2023, a Recopa Sul-Americana, em 2024, e foi o único clube não europeu a chegar à semifinal da 1ª Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Em contrapartida, uma quase tragédia em 2024, que parece não ter sido bem compreendida no ano seguinte, pelos repetidos erros de planejamento.

Mas o balanço no campo/bola é bastante positivo. E o torcedor quer ver um time vencedor, como no mágico ano de 2023.
“Melhor presidente da história do Fluminense”, como dizem muitos? Não. “O pior”, como falam alguns? Também não. Sem dúvida, e como jornalista, com o perdão a Nelson Rodrigues, aprendi a não brigar com os fatos, um dos presidentes mais vencedores de nossa história.

Contratações, quase sempre apostas, e pouco uso da base

Outro aspecto que reputo negativo foi o critério pouco claro de contratações, com muito mais erros do que acertos. A lógica das “apostas”, das “oportunidades de mercado”, trouxe inúmeros equívocos. A pouca utilização da molecada de Xerém também me parece um contrassenso. Afinal, se os recursos são escassos, por que não testar a prata da casa? Tomara que a próxima gestão trate Xerém com um pouco mais de atenção.  

Nestas últimas horas do seu mandato, presidente Mário Bittencourt, apesar de sempre ter sido um crítico, às vezes, bastante ácido, deixo o meu agradecimento a você. Não só pela conquista histórica da Libertadores, mas pela coragem de tentar recolocar o Fluminense em seu verdadeiro lugar, entre os grandes do futebol brasileiro e mundial.
Felicidades pra você e muito sucesso ao novo presidente, Mattheus Montenegro.

PS: No próximo texto, volto ao balanço do ano.

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